CAPÍTULO 4- O RESGATE

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Mulheres trajadas com vestidos branco e preto corriam pelo corredor de madeira, a tiara de prata em suas cabeças pulava conforme o movimento que faziam. Os cabelos já estavam desgrenhados e as vestes abarrotadas quando chegaram ao corpo inconsciente nos braços da quimera. Uma delas era morena, sua pele era macia e negra, o que causava um grande contraste com seus olhos verde oliva e os cabelos castanhos que iam até os ombros. A outra era mais velha, os cabelos brancos e grisalhos estavam amarrados em coque frouxo, enquanto suas mãos flácidas mexiam-se apressadamente medindo os batimentos cardíacos de Ragnarok. Ambas tinham uma expressão de preocupação no rosto.

Suas mãos remexiam por todo aquele corpo enquanto colocavam panos molhados em sua testa. Largaram-na no chão, as curandeiras tiraram ervas da cesta que carregavam, dissolveram na água e depositaram na boca da Comandante, naquele instante uma onda de alívio pareceu invadi-la, os músculos que estavam tensos relaxaram, os olhos foscos ganharam foco e puderam observar claramente o seu redor.

A agonia ia se esvaindo dela aos poucos, dando espaço ao toque sedoso das mulheres que a tratavam. Terminou de engolir o líquido ao mesmo tempo em que a última essência de dor se foi. Uma única silhueta agora vinha apressadamente pelo corredor, apesar de estar longe era possível ver o símbolo da hierarquia brilhando no lado esquerdo de seu peito, pregado como um broche no colete de couro azul em seu peitoral.

Agachou-se e ergueu a Comandante com seus braços, tentando ao máximo deixa-la confortável. Seu rosto estava pendurado para baixo, os intensos olhos castanhos encaravam Jonathan.

- Vá... - ela sussurrou, era possível perceber um tom ansioso e desesperado em sua voz seca.

Eles... eles... estão em perigo. Estão prestes a morrer, Jonathan. Aquilo os pegou. As palavras ditas por Ragnarok ecoavam na cabeça da quimera, iam e vinham numa onda frenética enquanto seu coração acelerava cada vez que as ouvia. Ele não entendia como aquilo conseguia ser tão forte, poderia afetar o reino, todas as raças, mas Ragnarok? Justamente aquela mulher que possuía uma linhagem de sangue tão pura e mais velha que o próprio tempo? Até o recente momento Jonathan não tinha completa certeza de que aquele inimigo era algo a se temer e que fora designado a realizar uma missão inútil. Porém agora ele acreditava que todas as precações e medidas tomadas, tudo era necessário, mas até aquilo seria pouco.

O rapaz sentiu um choque, como uma ligeira descarga que servia para eliminar o acúmulo de energia de certo objeto, porém, junto com isso, imagens vieram como um filme em sua cabeça, um relevo negro, coberto pela podridão, cinco ou seis pessoas desacordadas no chão, pálidas e com uma aparência semimorta, grandes poças de sangue abaixo de cada corpo, o jeito como os corpos estavam jogados no chão formavam um círculo perfeito.

Dentre eles havia alguém que parecia conhecido, os cabelos negros ondulados, os ombros largos e a silhueta corpulenta definida pela luz do sol poente atrás de si. No centro de tudo um vulto encapuzado, exibindo um sorriso de dentes amarelos e podres. Ele abriu sua boca, porém foi expelida por ela algo doce e melodioso, a voz de Ragnarok sussurrando com uma última gota de esperança Ache-os. E sumiu.

Seus globos oculares desembaçaram e encararam novamente o chão verde e o trouxe a realidade.

Voltou seu olhar para as garotas atrás de si, que mantinham os olhos fixos no grande oco da árvore, esperando que alguém aparecesse e dissesse o que deviam fazer, ambas sabiam que ninguém viria, apenas realizam a ação para não entrarem em completo pânico por temerem a tal ameaça.

- Devemos ir atrás do que os pegou. - Jonathan falou baixo e observou sem questionar a essência de medo que se instalou no rosto da ruiva, aquilo era algo novo, dificilmente ela sentiria medo.

RAPUNZEL A HISTÓRIA NUNCA CONTADAOnde histórias criam vida. Descubra agora