CAPÍTULO 13- PELOS OLHOS DE UMA GELEIRA

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A tênue luz matinal adentrou a janela pela cortina entreaberta, uma ligeira brisa entrara por uma das frestas e movera, com certa facilidade, o tecido. Em um súbito movimento, a garota virou-se numa tentativa de esconder seu rosto da luminosidade que passava por entre suas pálpebras, no entanto, fora algo em vão, mesmo com a cortina, pouco a pouco a luz que vinha do horizonte tomara conta do cômodo.


Com uma ou duas piscadas, as íris cristalinas da garota se adaptaram ao ambiente e puderam observar o teto de madeira que se estendia sobre ela, a mesma visão lhe era dada diariamente.

Por poucos segundos ela permaneceu em tal posição, com os cabelos negros espalhados pela fronha branca do travesseiro, os braços jogados pra cima e os joelhos dobrados, uma pose um tanto quanto confortável. Mas, lentamente, Anna sentou-se. As manchas de umidade marcavam as paredes de pedra polida; as temperaturas negativas, nevascas e chuvas frequentes deixaram grande maioria do reino com essa característica. Geralmente, a garota abriria a janela e permitiria que com que à estrela da manhã as eliminasse – isso se a mesma aparecesse por entre as várias nuvens -, no entanto, o vento cortante no exterior não permitiria tamanha audácia.

Jogou as pernas para o lado, sentindo uma ligeira onda de frieza subindo por seus pés e se espalhando pelos membros inferiores, aquilo era, de forma estranha, uma sensação agradável para a mesma. Esticando as pernas, Anna moveu-se em direção ao guarda roupas antigo de madeira posicionado em um dos cantos do cômodo, o móvel velho necessitava urgentemente ser trocado, porém aquele seria um assunto tratado mais tarde, naquele instante, Anna necessitava urgentemente se apressar, era difícil admitir, mas ao que tudo indicava, pela primeira vez, a pequena se encontrava ansiosa pra uma missão.

Agarrando e trajando uma roupa qualquer a garota se apressou, rumando à pesada porta de madeira e ferro que separava seu quarto do corredor do lado de fora, por mais que se esforçasse, ela ainda mantinha alguma dificuldade em puxar e empurrar a mesma. O caminho que se estendia no exterior não era muito largo, no entanto, o movimento que se distribuía por sua extensão era deverasmente muito.

Alguns rostos conhecidos se mesclavam na multidão, mas rapidamente desapareciam. Para a grande maioria das pessoas seria necessário se espremer para seguir adiante, no entanto, ao que tudo indicava, alguns ali não tinham a coragem de ficar sobre o caminho da Princesa da Morte e se moviam para os lados, quase comprensados contra as paredes. Apesar da pouca idade, o grande poder que corria pelas veias daquela pequena silhueta era grande o bastante para conseguir conquistar o medo de cada um ali presente, o que seria considerado um grande mérito, principalmente dentro de um clã de assassinos.

Em poucos minutos, ela viu-se diante de um arco, os simplistas detalhes separavam o corredor de um grande salão. O piso claro fora lustrado ao ponto de produzir o seu próprio brilho, as grandes janelas distribuídas pela sua extensão davam vista para o lado de fora; as mais diversificadas flores se encontravam plantadas de forma organizada, separadas por espécie e cor, formando um verdadeiro arco-íris natural que, sem dúvida alguma, fisgava olhares curiosos. Os rios cristalinos produzidos magicamente, alguns desenhos feitos com arbustos e até mesmo um ou outro animal silvestre perambulando inocentemente entre uma relva e outra.

— São nesses momentos em que você parece uma garota comum. – a curta frase seguida de uma ligeira risada cortou o eco dos passos apressados a alguns metros dali, Anna moveu o olhar para as suas costas. Diante da menina se estendiam quatro poltronas, o acostamento grande era desnecessário naquela proporção, tornava-se até estranho se comparado ao restante da decoração, no entanto, era esse ar de estranheza que produzia certo “charme” ao local.

Ocupando um dos assentos estava à fonte da fala, um homem dissera sem retirar os olhos das páginas de um livro. De forma elegante, Anna caminhou, produzindo um estalido com a sola das botas, até a poltrona em frente a tal.

RAPUNZEL A HISTÓRIA NUNCA CONTADAOnde histórias criam vida. Descubra agora