CAPITULO 10- PELE GROSSA E CORAÇÃO DE ELASTICO

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– Não podemos mais esperar! – a voz rouca sibilara por entre os dentes, o rosto deformado e feioso era levado de um lado para o outro conforme os pés minúsculos e agitados saltitavam por entre o chão irregular de pedra – Eles... eles começaram a tomar providências! Estão ficando mais fortes! Não podemos permitir que isso aconteça! Precisamos agir! O povo de Allegar...

– Cale a maldita boca, imprestável! – uma silhueta fantasmagórica saíra das sombras, toda a extensão do corpo delineado pela luz vinda de tochas – Não há perigo algum, não importa o que façam, nada irá conseguir nos derrotar, essa rotina é... quasedesnecessária. Todavia, fritar seus poucos miolos com esse assunto é inútil. – o orgulho em sua voz era claramente perceptível.

Gotículas de água pingavam do teto em um local não muito distante dali, as sombras bruxuleavam na mesa de pedra há frente aos dois. Os entalhes simples na parte inferior a deixavam cor ar antigo, ambos observavam aquilo atentamente, apreciando o mapa que se formava por sua superfície.

– No entanto, ainda assim é necessário agirmos ante o dia do término do treinamento, os anjos começaram a produzir armas capazes de causar algum dano, arrumarão algum jeito de entregar a eles... mesmo estando pelo controle da situação, acabarão me descobrindo. Após algumas fazes da lua a única coisa que poderemos fazer é fugir, somente antecipando a morte em certa. – uma ligeira pausa se estabelecera – É preciso ainda fortificar as defesas, o pentagrama precisa de ajustes, partiremos a seguinte cidade – apontou no mapa -, deixaremos a marca e aguardemos. Definitivamente, a Aliança nos pegou desprevenidos com esses recrutas, principalmente após a chegada da Princesa. Deckon – o homenzinho corcunda olhara para cima, fixando os olhos ocres no encapuzado -, ainda teremos muitas dificuldades, mas conseguiremos conquistar Waincrad. – e exibiu um sorriso fino e diabolicamente macabro.


O

suor frio preenchia o corpo de Liam, deixando-o assustado enquanto passava por entre suas roupas, grudando-se ao corpo e permitindo que os fios de sua cabeça permanecessem umedecidos. O coração bombeava rápido o líquido vermelho por suas veias, fazendo com que escutasse um ruído abafado dentro de sua própria cabeça, os olhos arregalados e expostos à luz deixavam suas pupilas comprimidas no interior de suas íris.

A adrenalina que o percorria dava voltas em sua mente enquanto lembrava-se do sonho, grande parte das memórias do mesmo permaneciam fragmentadas, no entanto, o que ainda se mantinha inteiro bastava. Finalmente conseguira algo que o colocasse um passo a frente do inimigo.

– Tymor! – gritou, um ligeiro toque de ansiedade acariciando sua voz, deixando-se bastante perceptível a qualquer um que ousasse escutar. Uns segundos se passaram, seguidos do som ampliado de pingos d’água num local não muito longe dali cortando o silêncio. – Tymor! – voltou a berrar, desta vez procurando atentamente qualquer movimento com os olhos.

Passos passaram a ser produzidos em um dos túneis há sua frente, pressionando o solo pedroso num ritmo lento e levantando poeira.

– Há água lá embaixo, duas nascentes. Não é necessário preocupação com esse assunto. – a diferença de tons em que as frases foram pronunciadas era marcante, variando entre grave e fino, sinal claro de uma modificação da puberdade.

O garoto de 13 anos se materializara a sua frente, os olhos azuis analisando atentamente a feição moldada na face do outro feiticeiro, identificando claramente a explicita preocupação mesclada com vitória. O alaúde pendurado em seu cinto permanecia balançando, atraindo, em parte, um pouco da atenção de Liam.

– Eu... consegui. Parece que o feitiço funcionou! – deixara que as emoções tomassem conta da maneira cujo falara, pela primeira vez em muito tempo que estivera na companhia do garoto não permitia que desfrutasse da sensação – Sonhei com ele, o encapuzado, sei onde atacarão a seguir.

RAPUNZEL A HISTÓRIA NUNCA CONTADAOnde histórias criam vida. Descubra agora