CAPÍTULO 8- MOTIVOS PARA UMA DIGNA CORAGEM

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De certa forma a cena se tornaria comovente se não fosse o corpo de um dragão de escamas vermelhas jogado no chão, morto por conta da espada ônix fincado em suas costas, bem no meio da extensão das asas. As lágrimas não paravam de cair dos olhos de Lilly, naquele momento ela poderia ser a pessoa mais feliz do mundo.

Silhuetas de guerreiros confusos observavam atentamente aquilo tudo. Absorvendo de maneira lenta cada detalhe e processando de forma mais devagar ainda, por maior que fosse a vontade de deixar o trio sozinho, era inevitável que saíssem sem indagar nada, os dois loiros haviam matado a fera com tamanha facilidade. Coisa que centenas de homens não conseguiram realizar.

Querendo ao máximo segurar a emoção de reencontrar a velha amiga, Sebby mantinha-se com uma expressão estranha, mas ao mesmo tempo boa e prazerosa de se ver. O abraço aconchegante, apertado e quente fazia com que um antigo sentimento aflorasse novamente dentro de si, despertando uma chama revigorante que aos poucos preenchera seu corpo, como um choque em ondas diminutas.

– Lilly... – eliminara finalmente a palavra presa em sua garganta, despejando, juntamente com a mesma, algo a mais que apenas letras.

Gostariam com toda a certeza continuar daquela maneira, no entanto, os minutos já gastos em tal posição seriam os necessários para outras pessoas, sendo assim, afastaram-se, porém isso não impedia de ainda se encararem com saudade.

A ruiva levou a mão aos olhos verde grama, limpando-os delicadamente, enxergando de maneira explicita o mundo novamente. As últimas flamas esvaíram-se, deixando em seu lugar uma paisagem quase completamente queimada e com esperanças de crescer mais uma vez em séculos seguintes.

– O-onde esteve por todo esse tempo? – Demetria perguntou, preocupação estava presente em sua voz – Su-sumiu por meses! – em algum momento tristeza a alívio se misturaram com as outras emoções.

Inicialmente, ansiedade se instalara na face de Lilly, após isso confusão e desentendimento. Ela de fato não estava entendo nada daquela situação, seus dois amigos desaparecem em um terremoto gigante, poucos dias – para Lilly – se passam e ela os reencontra matando um dragão e salvando sua vida, dizendo que a mesma estava sumida durante meses! A frase rodopiava em sua mente, analisando cada ponto e procurando algum outro sentido.

– O que quer...? – começou a perguntar, querendo esclarecer claramente aquilo.

– Chega de enrolação! Precisamos partir, outros podem aparecer. – uma voz seria murmurara atrás do grupo – Além disso já devo ter causado problemas grandes com a Aliança pelo atraso. – Ragnarok a cortara, como se quisesse apenas uma desculpa para interromper a conversa.

Após as palavras proferidas, um silêncio deslocado ficou instalado entre os presentes enquanto a fala de Demetria corroía e deteriorava os neurônios de Lilly.

– Tem razão. – Sebby pronunciou-se – Você e seu exército deveriam ir. – Retirou a espada ensanguentada das costas do dragão, era maior do que parecia, grande parte da arma estivera escondida e enterrada na carne da fera - Lilly? – o chamado do nome da ruiva pareceu despertá-la de um transe - Vamos? – levou a lâmina negra e suja de sangue ao ombro, sustentando-a de uma maneira melhor. Era incrível como o jovem conseguia sustentar o peso tão facilmente.

Naquele momento a garota pareceu estar dividida e, definitivamente, estava. Seguir Sebby e Demetria ou ir atrás do suposto responsável por afastá-los de si? Ela não sabia o que responder, seguir os sentimentos ou a razão? Ambas as opções eram boas a ela, no entanto, por mais forte que fossem as sensações que possuía com os amigos, Lilly tinha que fazer a coisa certa. Com o coração acelerado e dúvida correndo de maneira extrema pelas veias, fez uma tentativa de dar uma resposta.

RAPUNZEL A HISTÓRIA NUNCA CONTADAOnde histórias criam vida. Descubra agora