Bam... bam...
As batidas incessantes vinham de uma direção desconhecida, provocando um tremor e jogando minúsculas pedrinhas e poeira sobre os olhos de Tymor. O barulho aumentava rapidamente enquanto os segundos passavam, ecoando cada vez mais no interior de sua cabeça e nas paredes da caverna.
De início, não se assustara, pensando que o estrondo não passara de um potente rugido de um gohul selvagem. No entanto, conforme os flocos acumulados em cavidades pedrosas na parte exterior na caverna iam caindo, seu coração se acelerou. Levantou-se, respirando a umidade e analisando atentamente o local escuro com os olhos azuis propriamente adaptados há pouca luz. Uma ligeira névoa poeirenta começara a passear pelo chão, seus grãos saltando cada vez que um impacto era sentido, fazendo a área irregular tremer.
— Tymor! – a voz ricocheteou pelas paredes, um sinônimo de alerta costurado a cada sílaba conforme as retumbadas eram provocadas, arranhando o campo auditivo do garoto.
Apesar de ser uma única palavra, Tymor entendeu o aviso de Gray e avançou pelo túnel estreito, tendo que se apertar um pouco para a passagem, atrapalhando-se um pouco conforme os pés se moviam rapidamente. Sinuosamente, a brisa gélida pairava pela extensão cavernosa, secando os lábios e deixando-os roxos. Liam e Kiam olhavam para o exterior, analisando a paisagem em busca da fonte do fenômeno.
As pupilas atentas, identificando cada movimento enquanto a fera derrubava as árvores a sua frente e, provavelmente, pisoteava o que estivesse em seu caminho. Corvos voavam ao longe, produzindo um gralho agudo e irregular, numa frequência amena e ao mesmo tempo agitada. A ventania do lado de fora havia diminuído um pouco o seu ritmo ligeiro, deixando de cortar a pele de quem estivesse exposto a suas lâminas invisíveis.
Outro urro foi produzido pelo ser, tremendo o monte de pedra onde estavam, fazendo com que mais poeira caísse. Os olhos de Tymor piscaram com o barulho, uma ligeira pitada de curiosidade brotou em seu interior, ansiando para que o monstro revelasse sua face. Mais pássaros voaram, os gritos de terror disfarçados de pios e grasnidos produzidos pelas gargantas doloridas.
Alguns segundos se passaram, esse breve tempo fora confundido com milénios lentos e sofridos, ansiosos para descobrirem o rosto do ser, no entanto, não fora necessário esperar muito, o deformado rosto surgira em meio ao verde coberto de branco, a pele encardida destacando-se em meio as poucas cores.
Os olhos verde pântano localizaram as silhuetas pálidas de frio, um olhar sanguinário e macabro estava estampado em suas íris, as grandes pernas começaram a caminhar em sua direção, a boca escancarada com os dentes amarelos e careados prontos para abocanhar os jovens. Todos tiveram uma última visão antes de pularem para fora da caverna e passarem a correr pelo relevo irregular da montanha, um vulto, com um capuz negro cobrindo a cabeça, um cintilo prateado de um sorriso brilhando em seu rosto, o resto do rosto escondido sobre o manto negro, desfazendo-se no ar e sendo levado pelo vento, como uma rala fumaça obscura.
Parecia que, ao final de contas, eles não haviam ficado um passo a frente do inimigo.
Allegar. Em todos os poucos dias em que os jovens estiveram ali, o grande carvalho nunca estivera tão agitado, elfos, anões, toda a diversificação de criaturas movimentava-se com tamanha agilidade e rapidez que chegava a surpreender, cada um tinha um destino, no entanto, os ouvidos atentos não podiam deixar de tentar captar alguma palavra dita pela Comandante, que tinha permanecia com um olhar sério e, ao mesmo tempo, curioso.
Por mais que tentasse, não conseguia acreditar nas palavras proferidas por Austeen, Perseguidos por um gigante e fonte do sinal luminoso? as pequenas sílabas davam voltas em sua mente, no entanto, teria que relevar os fatos, estavam em guerra, não era hora de procurar sentido em certas ações, se o ferreiro estava dizendo, vez ou outra levando afirmações e adição de fatos pelos outros que estavam presentes no momento, teria que acreditar.
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RAPUNZEL A HISTÓRIA NUNCA CONTADA
FantasiE se ao invés do velho conto de fadas, a verdadeira história de Rapunzel envolvesse algo mais sombrio, ao invés de fadas, demônios, ao invés de alegria, tristeza, ao invés de amor... morte.