Soterrados

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Minha clínica ficava em uma parte mais afastada da cidade, em uma parte com mais árvores, talvez fosse por isso que fomos alvos do avião. Algumas horas depois deu para ouvir pouca coisa, mas já sabíamos que os bombeiros estavam ali.
- Agora estamos eu e vocês dois presos aqui.- Foi logo então que John virou Jack e num grito só, disse- NÃO ACREDITO QUE VOCÊ O TRAIU, TEVE UM FILHO DESSE HOMEM COM QUEM É CASADA.- E então ele deu outro grito e James interrompeu ele.
- Jack, por favor, todos vocês precisam entender algumas coisas da história da minha mãe.
- Entender? O que tenho para entender se já sabemos de tudo?- Foi então que fui na direção de Jack e disse:
- Tem mais coisas que você não sabe, então se acalme e assim que sairmos daqui você irá saber de tudo.- James e Jack ficaram encostados na parede, os dois na mesma posição, mesmo olhar, eram idênticos. Eu sorri e disse que era melhor ele começar a observar mais o James, antes que tirasse conclusões precipitadas. Algumas horas se passaram, e nós já estávamos com muita fome, John precisava tomar os remédios e então foi quando começamos a tentar chamar a atenção dos bombeiros, pois a porta além de estar trancada, era de ferro o que abafava um pouco o som. Gritamos até não ter mais saliva na boca e então decidimos tomar a água da torneira mesmo.
- Olá? Tem alguém aí?- Ouvimos uma voz atrás da porta.
- Sim, sou eu, um paciente e a dona da clínica.
- Ok, vamos fazer de tudo para tirar vocês dai o mais rápido possível. Porém vão ter que esperar mais, pois além de ter muitos feridos, 500 ao todo, estamos trazendo um equipamento de outra cidade para tirar a porta ou se tiverem sorte, por ela estar quente em algum momento vai começar a dobrar.- Foi um alívio ouvir aquilo mas ao mesmo tempo ficávamos com medo da porta não envergar e a gente ter q esperar pela ferramenta. John depois de algumas horas acabou voltando e foi então que ele disse:
- Ok Angelique, eu não quero esperar até a gente sair para saber. Me conte logo.- Então eu me aproximei dele e comecei a contar.
- Então John, quando você teve que ir embora para a clínica de Ontário, eu acabei ficando apenas no meu trabalho e esqueci completamente de minha vida, e só depois de um tempo que fui perceber que minha menstruação estava atrasada, eu já estava grávida de James quando você se foi...James é seu filho.- Meu filho estava segurando forte a minha mão e chorando baixinho, John estava com os olhos arregalados e ao ouvir ele simplesmente disse:
- Meu filho? Ele é meu filho?- Foi então que os dois se olharam e se abraçaram quase que um em cima do outro, ambos estavam chorando muito e John continuou a dizer.- Quantos anos você tem? Do que gosta de fazer? Me fala tudo de você?
- Ok pai... vamos ter muito que conversar pela frente.- E quando James mencionou a palavra "pai" parece que foi uma chave que deu vida a John.
- Angelique, mas e a aliança?
- Eu realmente sou casada John, eu me casei com o professor de James quando ele tinha 8 anos e eu o vejo mais como um amigo, Kevin me ajudou muito, esse hospital só existe por conta dele.- John acabou compreendendo toda a história mas foi quando eu achava que estava tudo bem, que aconteceu o pior, o teto desabou em nós 3 e ficamos soterrados.
- JOHN? JAMES?- Gritei mas nenhum dos dois me respondia, eu estava sentindo muito dor na perna, mas de resto estava tudo ok, pude ver a claridade de uma lanterna e alguns bombeiros gritando que tinha caído tudo e então desmaiei...

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