۪۫❁ཻུ۪۪⸙͎ Capítulo 2 - Noiva

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DE ONDE NASCEM
OS TRAUMAS


Era cedo quando acordei, em torno de sete horas da manhã, ao que eu poderia me lembrar, ou jamais esquecer, por assim dizer

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Era cedo quando acordei, em torno de sete horas da manhã, ao que eu poderia me lembrar, ou jamais esquecer, por assim dizer.

Me levantei e calcei as botas. Faziam poucos meses desde que papai havia sido encontrado, e as coisas pareciam abandonadas. Seu Toninho cuidava de tudo como podia, e eu o ajudava boa parte do tempo. Recolhia o esterco e jogava nas plantações, alimentava as galinhas e ponhava água para os porcos fedidos.

Era cansativo, mas eram as tarefas que papai me ensinou, não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Tudo mais era relacionado com força e contato com animais maiores como vacas e cavalos, e eu era apenas um grão perto deles.

Naquela manhã havia algo diferente, mamãe havia sumido e já demorava um bom tempo. Até pensei que poderia estar tricotando algo em algum lugar escondido na casa, como pique esconde, mas infelizmente eu não conseguia encontra-la.

Decidi ir até a represa, seu Toninho estava distraido, eu também não podia chegar perto da represa, era perigoso, mas eu não acreditava que pessoas poderiam cair acidentalmente em represas e se afogarem, não guando se nasce sabendo daquilo.

Corri até lá, era realmente grande ao primeiro olhar, mas a sensação de observar o lugar vazio, me causava desespero. Gritei por minha mãe algumas vezes, e a cada vez eu perdia um pouco da voz.

Na beira daquela represa, observei que seus sapatos favoritos foram deixados. Aqueles eram seus sapatos de casamento. Ela sempre me contava a história de quando eles se casaram, e do quanto eles eram felizes.

Meu pobre coração congelou, e assim que olhei mais à frente, vi a grinalda de seu vestido tapando o rosto cinza e pálido de minha mãe.

Me sentei ao lado de seus sapatos, e antes de fazer o maior escândalo me perguntei o porque de tanto egoísmo. Não havia sido só ela quem perdeu alguém, embora ela tivesse passado por coisas piores, eu estaria sozinha dali em diante.

Gritei, chorei e xinguei as coisas proibidas da casa. Eu sabia que seria como quando o papai partiu, eu não ia mais sentir o cheiro dela, ou tocar seus dedos avermelhados. Muito menos ouvir minha cantiga de ninar favorita.

Aquela cantiga de Ninar...

Se essa rua, se essa rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar.
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante,
Para o meu, para o meu amor passar.
Nessa rua, nessa rua tem um bosque,
Que se chama, que se chama solidão.
Dentro dele, dentro dele mora um anjo,
Que roubou, que roubou meu coração.
Se eu roubei, se eu roubei seu coração,

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