Cap 26. Contrato

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O quarto de dormir da Lola poderia ser chamado de palácio gótico. Meu queixo simplesmente caiu. Eu tinha ficado suficientemente impressionada com a sala, a cozinha e o quarto do prazer, mas nada se comparava àquilo. Quando ela acendeu a luz, meus olhos foram diretamente para o lustre clássico, estilo candelabro, enorme, que devia ter custado uma fortuna. Logo abaixo dele, aos pés da cama, forrada com uma manta de veludo preto, havia um longo banco estofado, revestido com couro de zebra, combinando perfeitamente com o papel de parede também preto com arabescos em relevo cinza chumbo. Foi nesse banco que Lola se sentou, enquanto meus olhos examinavam o resto, achando incríveis as mesinhas laterais espelhadas e a poltrona antiga, perto do banco zebrado.

— O que achou?

— É fantástico! — Foi o que consegui dizer.

— Meu quarto foi a última parte da reforma. Resolvi modernizar o apartamento e a decoração há uns meses.

Estava louca para perguntar se o apartamento era dela, mas devia ser; ninguém gastaria dinheiro reformando apartamento alugado.

— Sente-se aí.

Acomodei-me na confortável poltrona, não muito à vontade, com a coluna ereta, toda retesada.

— Você é a primeira visita a entrar neste quarto. Os clientes eu recebo no outro.

— Como assim, "os clientes"? — Só queria saber se o que eu havia entendido era o que ela estava querendo me dizer.

— Não precisa fingir espanto. Aquilo que você ouve falar de mim por aí é verdade. Recebo lá no quarto branco alguns clientes. Não são muitos, mas tenho uns favoritos que gostam de vir aqui e sentir que fazem parte da minha vida...

— Max é um desses... — especulei.

— Max vai além. Depois de tanto tempo, ultrapassamos o nível cliente-prestadora de serviços. Se eu estiver num bom dia, nem cobro. Ele me faz favores, eu retribuo com outros.

— Você gosta dele?

Lola riu alto.

— Não tenho tempo para gostar de ninguém, não, Riot. Essa vida não me permite. — Ela jogou o chinelo longe, sacudindo os pés, e se lançou para trás, arrastando o corpo na cama até se encostar à cabeceira capitonê.

Motivos não me faltavam para cobiçar vários aspectos da vida de Lola, principalmente o quanto ela ganhava por mês, que lhe permitia ter todo aquele luxo em volta. Nada, porém, fez-me invejá-la mais do que saber que nenhum macho tinha vez no seu coração.

— Max gostou bastante de você — afirmou Lola. — Ele gosta de mulheres difíceis.

Eu? Difícil? Não se tratava de ter sido difícil, e sim de não deixar um homem escroto me assediar agressivamente.

— Eu posso adiantar, e você pode dar o recado, que eu não gostei nem um pouco dele. Além do mais, nosso contato foi apenas profissional.

Não foi porque drogada permiti me enroscar com ele que minha opinião sobre o sujeito, em sã consciência, havia mudado.

— Você ainda terá oportunidade de conhecê-lo melhor e mudar de ideia. Mas agora me diga: está saindo com alguém?

— Não — respondi, de imediato. — Como você disse, o foco é o trabalho. Essa vida não permite mesmo muita abertura.

— Mas permite umas diversõezinhas... — Olhando para mim, ela levantou o dedo médio e lambeu a ponta de maneira sexy. — Não?

— Não estou aberta para diversõezinhas — ressaltei, levantando-me da poltrona. — Lola, eu preciso ir.

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