Cap 46. Reagindo aos segredinhos

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Nancy estava bastante equivocada quando me entregou a revista nas mãos, como se eu já tivesse conhecimento de tudo que encontraria ali. Não, eu não fazia a menor ideia de que meu namorado colaborara na criação de coleções de calcinhas, ainda mais na última, a tal do fetiche. E não fazia ideia de que Gigi sentia falta da química entre eles para criar. E o pior foi concluir que, talvez, Gigi nem sentisse apenas falta da colaboração profissional, pois, segundo palavras dela, o "sexo era bom".

Cabeça latejando após ler aquilo tudo.

Nathan apareceu na piscina um pouco depois de eu terminar de ler a matéria. De olhos fechados, deitada de bruços na espreguiçadeira, eu tentava controlar o meu ciúme no momento que o ouvi se aproximar.

— Oi, linda, descansando? — Ele se abaixou, deu-me um beijo na cabeça e desabafou: — Problemas e mais problemas...

E tome mais um.

Sem falar nada, estiquei o braço para pegar a revista no chão, do outro lado da espreguiçadeira, e a levantei para ele ver.

— Ah, não. — Bufou. — De onde isso saiu?

— Sua mãe — respondi, soltando a revista do alto. — Estou explodindo de dor de cabeça.

— Então saia do sol, para começar. — Nathan deu a volta e se abaixou para pegar a publicação. — Falei para você não ler esta matéria. Eu pedi.

— Você sabia o que eu encontraria aí dentro, não sabia? Fale a verdade. — Virei-me na espreguiçadeira e me sentei, enfim o encarando.

— A Gio falou alguma coisa diferente sobre o nosso fim? — perguntou, folheando a revista. — Eu duvido.

— Não, não falou, não. Mas disse que você colaborou para a última coleção de lingeries. Em que momento isso aconteceu? Porque se vocês estavam tão mal assim, tão distantes, é de se estranhar que tenha contribuído para a criação de uma linha sexual. Fetish Woman — desdenhei.

— Ela pedia a minha opinião, eu dava. Nada demais. Além de que, a parceria foi antes de ela se distanciar de mim, bem antes de eu sequer pensar em ir ao The Heat pela primeira vez. Essa coleção deve ter ficado na gaveta, esperando alguma autorização para sair.

— Ou esperando o momento certo para chamar sua atenção, para tentar trazê-lo de volta, para deixá-lo saber que ela achava o "sexo bom".

Nathan franziu a testa diante do meu discurso inflamado, em especial quando falei do "sexo bom".

— Leia com seus próprios olhos — continuei. — Veja aí que ela sente falta da troca, da quííímica de vocês. — Arrastei a voz. — Além de dizer que não pensa em reatar "romanticamente falando", o que não significa, de repente, que Gigi não pense em voltar para você sexualmente falando.

— Isabelle, eu não tenho culpa do que a Gio fala nas entrevistas. São palavras dela, não minhas. — Ele fechou a revista e a deixou cair sobre os meus pés na espreguiçadeira. Depois tirou a camisa, deixou os chinelos onde estava e, de bermuda, correu para dar um mergulho na piscina.

Pela primeira vez, apesar da classe, Nathan perdera a paciência comigo, mas nem por isso eu ponderei as minhas palavras e atitudes.

— É assim que você vai encerrar a nossa conversa? — perguntei, falando mais alto ao vê-lo emergir do outro lado da piscina.

— Eu já estava com a cabeça cheia, com muitos problemas na clínica, então não vou levar adiante esta conversa. Não agora. E você, cheia de dor, deveria fazer o mesmo. Venha dar um mergulho e esfriar a cabeça, a água está geladinha. — Nathan deu um impulso e afundou mais uma vez.

Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora