Seria bom se Nathan me desse, de uma vez, explicações sobre o que aconteceu no Valentine's Day; o motivo pelo qual havia partido no auge do negócio com a desculpa de ir embora por "me querer bem". Eu gostaria muito desse esclarecimento antes de a gente realmente começar a se envolver. Mas lá estávamos nós dois de mãos dadas, dedinhos entrelaçados, como se já tivéssemos a nossa situação muito bem resolvida.
Aquele ato simples, de pegar a minha mão e caminhar ao meu lado, fez-me flutuar. Quase a mesma sensação do efeito inicial do MDMA, com a diferença que, nesse caso, eu flutuava e prendia a vontade de cagar na calça. Apesar disso, a situação era boa demais para ser verdade: Nathan completamente disponível — era o que tudo indicava —, todo carinhoso e envolvido. A noite tinha tudo para ser perfeita.
A porta dos fundos do Ambassador não estava concorrida como a principal, havia apenas um grupinho de umas dez pessoas na nossa frente tentando entrar. Eu e Nathan esperamos a nossa vez na fila, ainda de mãos dadas, ouvindo o som abafado da banda de abertura, que tocava um cover de rock farofa. Não chegamos a ficar nem uns cinco minutos ali fora no sereno e logo ganhamos nossas pulseiras identificadoras.
— É bom ter contatos — disse Nathan. — Max sempre consegue entradas VIPs.
Ah, não. Eu não tinha ouvido aquele nome. Não, não. Imediatamente me lembrei das minhas mãos na bunda e no saco enrugado daquele sujeito, e o quanto poderia ser desastroso ele aparecer ali. Não devia ter comemorado a perfeição da noite com tanta antecedência.
— Esse seu amigo vem? — perguntei, preocupada e com medo da resposta.
— Já deve estar aí dentro. Chegamos um pouquinho tarde.
Ah, merda! Não, não, não. Agora sim tinha me dado dor de barriga de verdade. Por que Nathan não me avisou que teríamos companhia? Por que, meu Deus? Saí de casa achando que iria a um encontro romântico — ou quase — e não a um encontro traumático com a derrota.
— Adorei que você aceitou o meu convite, assim a noite vai ser bem mais agradável do que se eu passasse o tempo somente na companhia de Max. — Ele deu uma risadinha.
Era mais agradável passar a noite na campainha de qualquer um, até nas mãos de um orc nojento, contanto que não fosse na de Max. Essa era a verdade. Comecei a suar frio.
— Espero que sim. — Eu não estava acreditando, ainda, que teria que passar por aquilo. Se eu pudesse voltar no tempo daria retornaria dali mesmo. — Tem certeza de que não vou atrapalhar o programa de vocês?
— De maneira alguma. E vai ser uma ótima oportunidade para vocês resolverem aquele mal-entendido da festa.
Ah, ia sim. Lógico. Lógico que não.
Tudo indicava que Max não contara para Nathan que havia me encontrado de novo, muito menos sobre o three-some comigo e Lola no quarto VIP Gold. Mas isso não me deixava nem um tiquinho a mais aliviada. Era questão de tempo para a história vir à tona. Assim que me visse o playboy poderia se lembrar do nosso envolvimento, dar com a língua nos dentes e decretar o fim do meu lance com o seu amigo. Não precisava nem de bola de cristal para visualizar o óbvio.
*****
Logo que pisamos no salão de entrada da casa de shows, no espaço do bar — que não estava muito cheio e não permitia nenhuma camuflagem —, Max apareceu e veio cumprimentar o amigo.
— Grande Nathan! — Segurando um copo de cerveja em uma das mãos, ele usou a outra para cumprimentar Nathan, do jeito bruto que homens se cumprimentam. E, depois, virou-se para mim. — Ora, ora, meu amigo, então sua companhia misteriosa é a Penny Riot? Por que não me falou? Está muito bem acompanhado... Penny Riot, a inesquecível Penny Riot... Que surpresa!
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Depois do Fim
RomanceDepois de sete meses, Isabelle ainda carrega as sequelas emocionais do fim de seu relacionamento com Taylor, um músico mundialmente reconhecido. Sozinha, com pouco dinheiro e agora vivendo ilegalmente nos Estados Unidos, ela precisa deixar para trá...