Cap 105. Melhor para todo mundo

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Acabou.

A temperatura do ar caiu 10 graus quando li a mensagem que fez o celular tremer em meu bolso. Mirana, que caminhava ao meu lado, do restaurante onde almoçáramos até o seu prédio, esticou os olhos para a tela do aparelho.

— Sinal do diabo? — chutou, pois eu tinha certeza de que não conseguira ler o que Taylor escreveu.

— Acho que já posso voltar para casa. — Meu estômago se revirou e não foi efeito da salada que comera. — Acabou, foi o que ele disse. Acabou a reunião.

O final do almoço da decisão foi o que supus, pois o recado sucinto poderia significar muitas outras coisas. De qualquer forma, por mais filho da mãe que Taylor pudesse ser, ele não terminaria comigo pelo telefone. Então, não, aquilo não era um aviso de rompimento. E foi nessa esperança que me agarrei para continuar andando os 10 metros seguintes até um ponto de táxi.

Sem conseguir raciocinar direito, com as mãos trêmulas e a visão turva, esforcei-me para enviar-lhe uma resposta.

Irei para casa em breve.

Fiquei tentada a lhe perguntar se dera tudo certo, mas se Taylor evitara o telefonema, optando por não me deixar ouvir sua voz, era mais provável que a reunião não tivesse saído como o desejado. O livramento o teria feito digitar uma palavra a mais, talvez um sorrisinho, composto de dois pontos e um parêntese. Um coração. Um LovU. Mas o que ele disse foi um seco e direto acabou. Acabou. O desespero me pegou de tal jeito que estaquei no meio do caminho e me sentei no meio-fio, inspirando e expirando lentamente enquanto sentia meu rosto encharcar-se de lágrimas. Antecipação, dor, sofrimento por aquilo que eu apenas imaginava, antes mesmo de ter sido.

— O que foi? — Mirana se agachou ao meu lado. — Isabelle...

— Medo — grunhi, massageando o peito. — Medo. Não vou conseguir encarar a realidade. Não vou... Eu... — Não consegui dizer mais nada, puxando o ar e acabando-me em um choro sem fim.

Quando consegui voltar a respirar normalmente e a sentir o chão debaixo de mim, levantei-me e abracei Mirana.

— Mina, muito, muito obrigada pela companhia no dia de hoje, fez toda a diferença.

Teria sido muito pior se eu não tivesse o apoio dela, se ela não ouvisse o meu desabafo e não tivesse me divertido com as suas histórias. Remoeria o problema por todas aquelas horas e, talvez, não tivesse suportado a espera aflita sem marcar a minha pele.

— Você está bem para ir, minha amiga? — Ela segurou o meu rosto molhado. — Se precisar se acalmar um pouco mais, minha casa está de portas abertas.

— Prefiro ir de uma vez, mas obrigada. — Abracei-a novamente. — Não vamos perder contato, eu prometo ligar para dar notícias.

— Sim, dê notícias.

*****

Minha confiança se perdera em algum ponto entre o meu retorno de Toro Canyon para West Hollywood e a última discussão com Emmeline. E, quando cheguei ao condomínio, restava-me apenas um fiapo de fé de que viver minha vida ao lado do meu amor poderia se concretizar.

Subi as escadas para o apartamento de Taylor como se flutuasse, levada mais pelo instinto do que pela vontade. Entrei sem fazer barulho, ao encontrar a porta entreaberta, deixei a mochila sobre a mesa e encaminhei-me para o quarto. O loiro, deitado de bruços, com o rosto afundado no travesseiro, pareceu não notar a minha presença. Retirei os tênis, pressionando as pontas dos pés nos calcanhares, e me deitei sobre ele, fungando em seus cabelos sedosos. Sentir o seu corpo quente naquele cenário frio e hostil, trouxe um pouco de vivacidade ao meu, que se estremeceu ao escutar a voz abafada sussurrando "eu te amo".

Depois do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora