Carona

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Nunca seus pés o incomodaram tanto como naquele momento. Seu peito subia e descia rapidamente como uma maquina a vapor. A pele estava gelada por conta do vento frio que assolava aquela região. Henry parou varias vezes pensando em retornar e ajudar os outros, mas sabia também que cada um havia corrido para um lado diferente. Ainda podia encontra-los em algum lugar.

Oliver sem duvidas poderia fazer algum tipo de magia para me encontrar, pensou ele.

- Continue - repetiu para si mesmo. Mas os pés reclamavam do seu esforço continuo.

Depois de varias corridas e caminhadas finalmente havia encontrado uma estrada. Não conhecia aquela região, mas era a única opção para conseguir carona. Estava escuro e poucas vezes um mísero carro dava as caras.

- Eii - gritou Henry acenando quando um carro em alta velocidade passou por ele, mas não parou - droga

Uma coruja pousou em uma árvore ao lado e começou a observa-lo. Henry levantou o dedo para ela. Um outro carro passou rapidamente perto dele mas também não parou.

- Mas que merda - gritou ele cerrando os punhos

Naquele momento ele pôde ouvir passos vindos do mesmo lugar do qual ele havia passado. Antes que pudesse correr um carro parou bem ao seu lado. Um homem de terno com os olhos âmbar abriu a porta.

- Entre - disse ele com um sorriso no rosto.

Ótimo. Pelo menos não estava sozinho e não andaria a pé até a cidade. Henry olhou pelo retrovisor para ver se havia algo atrás deles mas não tinha nada.

O homem ao seu lado logo desatou a fazer perguntas.

- O que faz sozinho a noite numa estrada?

Logo varias possibilidades de mentiras surgiram em sua mente.

- Tive um acidente com meu carro. Um animal se jogou na frente dele, acredita?

- Não duvido mais de nada - disse ele enquanto viravamos uma esquina - eu posso jurar que eu outro dia vi um lobo nessa mesma estrada.

Henry sentiu um formigamento estranho no estômago.

- Não existem lobos em Nova York

- Exatamente - disse o homem e continuou - mas eu vi. A propósito meu nome é Chris Dempsey.

- Henry Campbell - respondeu com um sorriso fraco.

Rapidamente Henry olhou para a frente e suspirou. Como poderia ter vivido todo aquele tempo sem saber desse outro mundo no qual agora ele faz parte? A pessoa que ele era antes parecia tão distante, como se ela nunca tivesse existido.

Logo algo passou pela sua cabeça, precisava de dinheiro, mas não tinha nem um tostão. Como iria chegar a Londres sem grana? Então avistou, no compartimento a frente, uma carteira, logicamente pertencia a Chris, e sabia que precisava pegá-la , mas se sentia sujo ao pensar nisso.

- Te deixo na sua casa? - perguntou ele me tirando dos devaneios.

- Oi? É, não. Pode me deixar no Brooklin?

O homem o encarou com uma sobrancelha arqueada.

- Acabou de sofrer um acidente com o carro e agora quer ir ao Brooklin? - questionou ele

Antes que Henry pudesse responder Chris voltou a falar.

- Tudo bem, não vou me meter. Devo dizer que não acreditei quando disse que sofreu um acidente - o coração de Henry acelerou - mas essa parece ser uma daquelas ocasiões em que quanto menos eu souber melhor para mim.

As Jóias Negras - Destinos (3° Livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora