Henry ficou horas ali sozinho, de frente para uma parede cinza e sem vida. Estava frio e escuro, eles haviam apagado as luzes. Uma tentativa frustrada de lhe intimidar. Não tinha mais medo do escuro. Mas odiava lugares minúsculos como aquele. Subitamente pensou em Alex e os outros dentro de caixões, com seus corpos frios e sem vida. Será que estariam mortos?
A porta se abriu com um rangido e uma mulher entrou, com seus cabelos lisos e vermelhos caindo sobre o ombro. Um sorriso cínico pairava sobre seus lábios finos.
- Americanos são tão curiosos na minha opinião - disse ela andando pela sala sem encarar Henry. - o quão imprudentes podem ser, não conseguem controlar sua gente e , no menor sinal de revolução, não conseguem manter a ordem.
O garoto suspirou e fechou os olhos por alguns segundos voltando a encara-la logo depois.
- Me chamo Helena Bristol - disse ela com um sorriso.
Ele apenas revirou os olhos.
- Me diga caro Henry, como Nova York acabou se tornando essa zona de guerra?
- Ambição - disse Henry de prontidão - o desejo por poder que cegou a todos.
- Ambição não é problema meu caro, mas sim os meios que você usa para complementa-la - respondeu ela - Não pode culpar Warlocke por buscar a jóia mais poderosa do mundo, todos ficaram tentados. Mas pode culpa-lo pelos meios usados para chegar até ela.
- Está defendendo Warlocke? - questionou o garoto recebendo um olhar frio da moça.
- Estou defendendo o sentimento de desejo - disse ela se aproximando e falando bem perto dele - o desejo é uma arma poderosa, claro, se saber usá-la.
- Não vai funcionar comigo, você não tem o que me satisfaz ai embaixo - disse ele com um sorriso amarelo.
Ela continuou com seu ar de superioridade, como se estivesse no comando, mas Henry sentia que tinha tocado em algum ponto dela.
- Por que estou trancado aqui? Não sou inimigo de vocês. Estou perdendo tempo.
- Temos relatos de espiões em toda a Europa - disse ela caminhando pela sala - na verdade, parece que estão no Brasil e alguns países da Ásia também.
- E por qual motivo? - questionou Henry aturdido.
- Há indícios de que alguns amigos de Marcus estão planejando dar golpes nas cúpulas de seus países - ela contou - uma revolução generalizada.
A porta então se abriu e um garoto surgiu. Por pouco Henry não correu até ele e o abraçou , por um momento pensou que era Alex, mas então tudo ficou nítido e percebeu que era um desconhecido. Era bonito, com olhos verdes e corpo atlético, tinha a postura mais correta de todas que Henry já tinha visto. O garoto olhou para ele e então voltou a mulher.
- Ele foi liberado - disse o garoto. A mulher assentiu.
- Bem, você está livre para ficar nessa irmandade - disse ela - Liam vai te levar até seu quarto.
- Por que essa mudança repentina? - questionou o garoto se levantando.
- Concluímos que você não é uma ameaça para nós - disse ela logo semicerrando os olhos - a não ser que seja um bom mentiroso e tenha nos enganado. Mas estaremos de olho em você.
- Talvez tenham concluído isso muito cedo - murmurou Henry.
A mulher e o garoto trocaram olhares mas logo depois voltaram a encarar Henry.
- Muito intimidador - disse ela ironicamente.
O garoto - chamado Liam - levou Henry até um quarto. Ele era rústico, com paredes que pareciam ter sido feitas a séculos atrás. Haviam quadros nas paredes com imagens de pessoas e criaturas estranhas. Mas no final tudo era calmo. A janela deixava uma luz fraca entrar, mas não muita até por que o céu estava cinza.
Vinha chuva por ai.
- Como foi? - perguntou Liam tirando Henry dos devaneios.
Henry se virou e encarou o garoto.
- Como foi o que?
- Como foi matar Warlocke é o mago Mornigster?
O garoto se aproximou da janela e começou a observar o lado de fora. Londres tinha um ambiente muito diferente dos Estados Unidos. Era um lugar mais calmo, mais tradicional. Henry se sentia bem ali.
- Não matei Warlocke - disse Henry. Antes que Liam pudesse fazer outra pergunta ele respondeu - foi Eleanor, minha amiga.
Liam assentiu. Ele parecia muito interessado.
- E eu só matei o mago por que tive ajuda de Oliver, um mago amigo meu - respondeu.
Nenhum deles haviam sido derrotados somente por ele. Seus amigos foram essenciais, e sem eles provavelmente não estaria ali.
- Sem você provavelmente as coisas estariam piores do que estão - argumentou Liam sorrindo - Não ache que você é indispensável.
- Só acho que sou fraco demais. Preciso conseguir encontrar a ultima pedra de Piraculous e alguma coisa me diz que vai ser a mais difícil de conseguir.
- Imagino que sim - disse Liam - até por que ninguém sabe onde está essa pedra.
- Acho que talvez Eleanor saiba, agora só preciso que ela chegue aqui em segurança - sua voz embargada. Tinha medo de que eles não tivessem conseguido escapar. Não se perdoaria por isso.
- Senhor Henry - um outro garoto surgiu na porta - pode me acompanhar?
Henry olhou para Liam e o garoto assentiu para que fosse. Foi levado novamente para a sala de interrogações da qual havia saído minutos antes.
- Vão me prender aqui novamente? - perguntou
O outro garoto não disse nada, somente abriu a porta. Henry arregalou os olhos e correu em direção a pessoa dentro da sala é a abraçou.
- Você está viva Jane - murmurou Henry apertando ela em um abraço apertado - Você conseguiu.
- Com muito esforço, mas sim. Gayle me ajudou - ela respondeu .
- O lobisomem ? - Ele perguntou. ela assentiu com a cabeça
Henry encarou ela de cima a baixo, estava com um alivio no peito, mas não durou muito.
- Eleanor e Alex? Onde estão? - Jane ficou séria - Me diz Jane, onde eles estão?
- Eu não sei Henry - o garoto fechou os olhos e respirou fundo - enquanto eu corria escutei um grito, mas não tinha como eu voltar, estava sendo seguida por pelo menos dez dos homens de Marcus.
- Ai não, Alex , não pode ser, ele não pode estar morto - disse Henry
- Não pense negativo, pode ter sido qualquer um dos outros que estavam nos perseguindo - argumentou ela - Você conhece Alex, ele sabe se defender.
- Espero que sim - disse ele - por que eu fui um idiota e ele não vai morrer antes que eu diga que o amo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Jóias Negras - Destinos (3° Livro)
Fantasia"Quando a carne for cortada, quando a ultima gota se sangue vazar do seu corpo, quando o grito de terror sair de tua boca, eu estarei lá, por que eu sou a dor, eu sou o medo" Nada deixava Henry tão aterrorizado do que estar sozinho. Não esperava seg...