Bristol era uma cidade linda. Com suas vastas construções bem conservadas da antiguidade e seu lago que cortava o centro da cidade. Henry observou algumas famílias brincando no parque Nacional, havia algumas crianças e uma delas lhe chamou atenção. Era pequeno e possuía cabelos negros que caiam sobre a testa. Os olhos eram azuis. Henry o achou bem parecido com o pequeno Collin do orfanato St Reed.
Como aquelas crianças órfãs estariam nesse momento?, pensou ele.
Henry sentiu um grande afeto pelo garoto quando visitou o orfanato. Quando encontrasse Alex iria pedir uma coisa a ele relacionado ao pequeno Collin. Mas agora precisava focar no Mago Zeus. Ele provavelmente tinha as respostas que precisava.
Liam nunca se mostrava cansado, andava sem pensar nenhuma vez em parar para descansar os pés. Eles poderiam estar sendo seguidos, e isso os colocava em perigo. Saiu da sua irmandade em Londres para ajudar o garoto americano e provavelmente já tinham descoberto isso. Não podia mais voltar.
- Dois deles - a voz de Jane o tirou de seus devaneios - Perto da arvore gigante a esquerda.
Henry e Liam olharam naquela direção e viram uma mulher e um homem, todos com roupas nada suspeitas, mas de vez em quando olhavam de relance para os três. Então Liam começou a andar mais rapido e os dois acompanharam.
- Merda, você está certa - disse ele quando percebeu que a mulher e o homem começaram a segui-los.
O suor vazou-lhe enquanto corria com os outros dois ao lado. Entraram em um beco e continuaram a correr desviando , por varias vezes seguidas, de latas de lixo. Um gato quase foi pisoteado por Jane.
- Desculpe - gritou ela sem parar de correr. Mas o gato parecia estar disposto a se vingar se visse ela novamente.
Os dois capangas de Marcus finalmente haviam perdido os três. Se espalharam enquanto Liam seguia por um quarteirão a frente. Ele ofegava mas continuava firme.
Passaram por vários becos diferentes, assim podiam evitar olhares de terceiros. Mas sempre havia alguém suspeito nos becos, provavelmente viciados. Jane quase cedeu quando um deles ofereceu um trago daquilo que parecia maconha.
Foi então que chegaram a uma rua bem movimentada. Era um lugar de luxo, com casas grandes e jardins imensos. As arvores ainda estavam molhadas de um chuva passageira da qual era única daquele lugar.
- Parece que Zeus tem aonde cair morto - comentou Henry observando um mansão de aspecto gótico na qual os três pararam na frente.
- Parece que Zeus está mais para um vidente. Dizem que ele é amigo próximo de varias celebridades - Contou Liam enquanto se aproximavam.
- E a cúpula não achou isso errado? - questionou Jane
- Claro que sim. Mas Zeus tem amigos em Hightower, o que torna tudo mais fácil para ele - Respondeu Liam.
Tocou a campainha que soltou um som nada legal. Esperaram um tempo e nada. Liam tocou novamente. Quando ia pressionar o botão pela terceira vez o barulho da tranca se abrindo pôde ser escutado. Um rosto bem peculiar apareceu na fresta.
- Quem são vocês? - questionou ele.
- Liam, senhor - ele respondeu arrumando a postura - da irmandade de Londres.
O homem assentiu e ficou os observando por alguns longos minutos. Então ele suspirou e abriu a porta. Lá dentro Henry ficou estático diante da beleza que era aquele lugar. Havia um lustre de cristais que sintilavam. Os papéis de parede davam uma graça da Londres vitoriana. Havia algumas estátuas que Henry reconheceu serem de deuses gregos. A de Zeus era maior.
- Por que seu nome é Zeus? - perguntou Henry curioso.
- Por incrível que pareça você é um das poucas pessoas que me perguntaram isso - ele respondeu com um sorriso divertido. Ele se dirigiu até um armário e trouxe com sigo quatro traças e uma garrafa de vinho com o nome de "Dionísio "- Eu nunca soube quem era meu pai. Minha mãe dizia que ele era especial, mas nunca me contou quem ele era. Mas meu pai adotivo me contou uma história. De acordo com ele minha mãe havia sido seduzida por um animal, sim, um animal, mas não um animal qualquer, um cisne. E então eu e meu irmão gêmeo nascemos dessa relação.
Henry abriu a boca incrédulo. Já havia escutado aquela história antes, mas não era possível, não podia ser.
- Você é Pólux - disse Henry ainda surpreso - filho de Leda. Irmão de Helena de Tróia.
Henry engoliu em seco.
- Filho de Zeus - disse ele terminando.
O mago o olhou e sorriu. Jane e Liam estavam com os olhos arregalados.
- Sim, meu nome é Pólux - concordou com ele sorrindo - mas se sou filho de Zeus eu não sei. Nunca vi um Deus .
Henry sentiu uma pontada de mentira no que ele disse. Mas pareceu ser o único.
- Fico surpreso que me conheça - disse ele entregando uma taça de vinho para cada um - Os mortais costumam conhecer mais a história de minha irmã Helena.
- E seu irmão? Ele realmente morreu?
- Castor? Não, nenhum deles. Todos vivos. Mas não os vejo a bastante tempo - disse ele tomando um gole do vinho - sabe como são as famílias.
Henry assentiu. Sentiu um aperto no coração quando ouviu a palavra família.
- Mas não acho que vieram de tão longe para falarmos sobre parentes - disse ele colocando mais vinho na sua taça - eu sei o que você deseja meu caro, mas saiba que isso vai custar um preço. A localização da pedra da lua eu sei, mas como levá-la, já não é comigo.
- Pensei que fosse vidente - disse ele.
- E sou. Mas há forças das quais não possuo total controle. Entende?
- Sim - ele respondeu.
Mas queria dizer que não.
- Posso fazer uma pergunta? - Jane disse tirando Henry do seu foco - Uma pergunta que você precisa me responder como um vidente?
- Vá em frente - respondeu ele levantando uma sobrancelha.
- Por que Marcus não usou as pedras para nos achar? Elas são tão poderosas, poderiam acabar com isso tudo rapidamente.
Henry estremeceu. Era verdade. Marcus possuía uma das pedras, então deveria estar usando ela, mas provavelmente não estava.
- As pedras não funcionam com qualquer pessoa - disse ele cordialmente - de acordo com com escrituras antigas a pessoa que usá-la precisa estar disposto a perder tudo. Precisa estar disposto a não sentir empatia por ninguém. Talvez ele ainda tenha algum sentimento dentro dele.
Henry endureceu. Será que Marcus não estava disposto a sacrificar alguma coisa? Será que havia algo com o qual ele se importava mais do que qualquer tipo de poder?
- Como podemos conseguir a pedra? - perguntou Henry ansioso.
- Leigh Woods. Na arvore do chifre. Se tiver que se ajoelhar jamais saberá o caminho, se souber contornar, só precisa pedir o que quer.
- O que você quis dizer com essa ultima frase? - questionou Liam
O mago sorriu.
- Vocês vão saber quando chegarem lá - ele respondeu.
Liam e Jane estavam do lado de fora esperando Henry que foi parado por Zeus.
- Henry - o mago suspirou quando o menino o encarou - Eles a chamaram de louca. Todos os próximos a minha mãe. Mas o marido dela ficou do seu lado. Mas uma coisa eu lhe digo. Um dia eu estava em um lago, olhando os peixes. E então a agua tremeluziu e quando percebi havia outra coisa lá.
Henry já sabia que o ele iria dizer.
- Um cisne - disse o mago com um sorriso solene - um cisne lindo.
- Vamos Henry - gritou Jane acenando.
- Eu não duvido - disse Henry e saiu.
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As Jóias Negras - Destinos (3° Livro)
Fantasia"Quando a carne for cortada, quando a ultima gota se sangue vazar do seu corpo, quando o grito de terror sair de tua boca, eu estarei lá, por que eu sou a dor, eu sou o medo" Nada deixava Henry tão aterrorizado do que estar sozinho. Não esperava seg...