O Rei

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Um ano antes

A casa do velho estava agora infestada por um cheiro de chá quente. Henry parecia o mais calmo enquanto Jane e Eleanor pareciam na defensiva.

- Vieram da América até aqui por que querem se tornar a terceira Ordem? - questionou o velho levando a xícara de chá até a boca.

- Não exatamente. Viemos por outra razão. Mas você agora é nossa ultima esperança - respondeu Henry.

Ele mantinha suas mãos firmes. Não queria demonstrar nervosismo. Mas o velho sabia reconhecer quando alguém escondia algo.

- Por que acham que posso ajudar nisso? - o velho perguntou.

Eleanor endireitou as costas e suspirou antes de continuarem a conversa.

- Você é Nibiru - todos olharam para Jane quando ela começou a falar - Você é o ceifador.

O homem com seus olhos escuros abaixou o olhar e se levantou.

- Não sei como ficaram sabendo disso - a voz dele saia fraca, como se tivesse medo de relembrar o passado - mas por estarem aqui só posso presumir que são corajosos demais.

Eleanor e outros ergueram o olhar e encararam o velho.

- Ou são idiotas demais - concluiu ele.

Um trovão reverberou do lado de fora. Uma chuva fraca se iníciou. Os nervos de todos naquela casa estavam a flor da pele.

- Não iriamos vir aqui para perder tempo - a voz de Henry saiu mais rígida do que o esperado. Ele então voltou a falar no tom normal - precisamos da sua ajuda. Marcus está mais forte do que nunca.

O velho andou até a janela. Tentou digerir toda a situação. A segunda ordem, da qual ele participou, terminou da pior forma possível. Será que teria coragem de levar aquelas pobres almas pelo mesmo caminho pelo qual foi condenado?

Ele se virou e encarou os três de cima a baixo. Suspirou e voltou a sentar no sofá.

- Tudo bem - Henry sentiu um alivio dentro de si quando o velho concordou. Eleanor e Jane trocaram olhares.

Foi então que Jane vomitou. Henry levantou rapidamente quando quase foi acertado por um jato de vomito. Eleanor olhou aturdida mas então sentiu um desconforto no estomago. Havia algo de estranho. Henry tentava aparar Jane que parecia estar sufocando com o próprio vomito. Eleanor também acabou vomitando e caiu desesperada enquanto arranhava o próprio pescoço a procura de ar. Henry olhou horrorizado para as duas amigas no chão e então procurou auxilio nos olhos do velho. Mas ele apenas encarava a cena com o rosto limpo.

Como ele podia ficar tão transparente enquanto isso tudo acontecia?, pensou Henry.

- Ajude elas - gritou ele desesperado.

- Primeira regra da Ordem - disse o velho - nunca tome ou coma nada oferecido por um estranho.

Henry olhou sem entender mas então a resposta veio a sua mente. O chá. O chá estava envenenado. O velho havia oferecido o chá como um teste.

- Como eu as salvo? Como ? - gritou ele.

- O que não mata cura - murmurou ele.

Henry estreitou os olhos e encarou a mesa. O que poderia salva-las? . Eleanor e Jane estavam roxas, seus lábios estavam perdendo a cor e seus olhos estavam arregalados.

- Tic Tac - brincou o velho com um sorriso sacana.

O que não mata cura, repetiu Henry na sua cabeça.

As Jóias Negras - Destinos (3° Livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora