Fragmentos de um (des)conhecido eu.

Sentimos tanto.

A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar, já diria pequeno príncipe. 

Eu cheguei cedo demais.
Cheguei cedo assim, porque ano passado eu me atrasei. E a gente perdeu aquela reserva pra aquele amor que tinha tudo pra dar certo.Mas não deu.Me adiantei porque naquela época eu não entendia que o que você queria era só existir um pouco em mim. E eu não deixei.Sabe-se lá porque, talvez eu tivesse...Talvez nada.Eu tinha medo.E é por isso que eu queria ter te gritado quando você entrou naquele ônibus:"Ei! Olha pra mim! Eu tenho medo! É medo o nome disso!"Queria ter te dito que não era falta de amor, mas sim medo do tamanho do sentimento que tomava conta de mim.Porque olha, quando um amor desse encontra a gente completamente desprevenido na esquina, num dia qualquer, promete ser arrebatador. E de fato é. Eu só não entendia como que os teus olhos se focavam em mim, como se eu fosse a mais bela arte. Eu não entendia, como que eu podia desejar tanto um toque. E eu aprendi que amar nos torna fraco. Depositamos tudo o que somos em alguém, sem pensar que a qualquer momento aquela pessoa pode nos espremer entre suas mãos, e depois jogar fora. O amor nos deixa vulnerável, e pela primeira vez eu não me importei.

Porque quando você me aconchegou no teu peito, e passou os dedos pela minha pele, eu entendi que as vezes não tem problema nos entregarmos. Eu me entreguei de corpo e alma ali, naquele exato momento. Eu queria ter te dito que sou inteiramente sua, e que nada mais me importaria enquanto eu tivesse o seu toque, e o seu cheiro, e você. 

Eu tentei não me tornar o que eu mais leio nos milhares de livros de romances: a garota apaixonada, que vê cor e beleza em tudo. Eu me tornei a boba apaixonada, que acorda sorrindo se sonhei com você. Eu me tornei a boba apaixonada que quer arrumar um modo de dizer tudo o que sente, mas fica frustrada quando não consegue. 

Eu queria te dizer, o quanto eu gosto de puxar o seu cabelo, no meio do nosso lusco-fusco, do teu quarto,  como o teu cheiro sempre fica em mim no fim do dia. Como cada parte tua, sempre fica em mim, no fim do dia. Eu queria te dizer, que amo a tua pele na minha, e os nossos sorrisos confidentes. 

Eu queria te dizer, mas nem sempre consigo. 

 As vezes eu sinto tanto, que nunca sei onde colocar. Mas a verdade é que eu te amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos. 

Você me encontrou, e eu já não tenho mais medo. Eu só quero gritar que te amo quando você se vira e entra no ônibus. Porque eu tenho vivido uma história, e tenho certeza que ela está me mudando por inteira, e vai definir o resto, de todas as outras que estão por vir.