6. 3 meses

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O Sol estava radiante e como as cortinas eram claras, a luz acabou me acordando.
Eu estava muito tonta, talvez fosse — apenas — a adrenalina, desses dias. Ou algo do tipo, mas não importava porque mesmo com tontura, eu estava sendo a garota mais feliz do mundo.
3 meses. — Faziam 3 meses que estávamos juntos.
Levantei-me, troquei de roupa e desci.
Não havia ninguém por lá, acho que ainda estavam dormindo. — Ou talvez não. — Fui para a cozinha e preparei o café.
Depois de ter deixado tudo pronto, resolvi sair e fazer uma caminhada.
Sai pela porta dos fundos, para evitar os paparazzis, que podiam estar ali; ou qualquer outra pessoa com uma câmera fotográfica nas mãos. Como eles moravam em Beverly Hills, o risco era alto, por serem tão famosos.
Depois da caminhada, dei uma volta pela cidade — não fui muito longe, andei apenas pelo quarteirão; — passei em frente a uma loja de joias e pensei que, como o dia era a data do nosso amor, eu precisava comprar algo para simbolizar o dia.
Haviam muitas peças diferentes, mas eu queria algo especial, algo que fizesse parte do que sentíamos um pelo outro; algo inédito.
Quando eu estava — quase — saindo da loja, uma das vendedoras me parou.
— Com licença — começou —, temos uma peça aqui que você vai gostar. — Ela tinha certeza.
— Ótimo. Mostre-me. — Respondi.
— Acompanhe-me, por favor.
Ela me levou até o balcão e pegou uma caixinha preta.
— Esses cordões chegaram ontem. — Conjecturou. — São de prata e tem um espaço para gravar os nomes.
Era perfeito. Um cordão, com o pingente em forma de gota. E tinha algo escrito, em francês. "Ce n'est que le début." Eram dois pares idênticos.
— É lindo. — Afirmei com um sorriso no rosto, enquanto segurava os cordões entre os dedos.
Eles me chamavam, literalmente, porque eu senti uma energia diferente quando os segurei.
— Sim. São peças únicas. — Contou.
— Eu vou levar. — Afirmei.
— Quer gravar os nomes? — Perguntou ela, por fim.
— Sim.
Eu os comprei e sai, voltando para a casa deles.
O tempo estava — particularmente — perfeito; uma brisa gelada — que levantava as pontas do meu cabelo —, o céu claro e ao mesmo tempo coberto por uma leve neblina; não existia nada melhor, aquele era o tempo perfeito para dormir o dia todo, sem se preocupar com o resto do mundo.
Levei alguns minutos para chegar a casa deles; quando entrei, dei de cara com a Anna.
— Você acabou de acordar? — Perguntei.
— Sim. E os meninos? — Respondeu e perguntou, em seguida.
— Ainda não os vi. Talvez estejam dormindo. — Contei, enquanto tomava água.
— Não. Eu fui até a garagem e um dos carros não está lá. — Garantiu ao franzir a testa.
— Então, eles podem ter recebido algum telefonema importante. — Supus tranquila.
— Pode ser.
O que mais me preocupava, era saber que o Bill poderia estar aprontando algo, uma surpresa.
— Anna, eu quero sua opinião. — Eu disse, entre um bocejo.
— Sobre o que?
— Sobre isso. — Eu mostrei os cordões. — E aí, o que você achou?
— São lindos. Você os comprou? — Disse ela em um grito.
— Sim. Hoje faz 3 meses, queria dar um presente a ele.
— Ele vai amar. — Garantiu-me.
— Espero que sim. — Confessei. — Bem, eu vou achar alguma coisa para fazer.
— Tudo bem.
Fui até a área de lazer e brinquei um pouco com os cachorros, depois resolvi ir para o quarto.
Sentei na cama, me encostando ao travesseiro. Peguei um livro para ler.
Sem querer, dormi, culpa do fuso horário.
Quando acordei, já devia passar das 13h. Eu estava muito cansada, mal conseguia abrir meus olhos. Pensei em nem abri-los, mas senti alguém tocar meus dedos.
Abri os olhos, levemente, para não ter uma surpresa.
Ele estava sentado ao meu lado e me olhava com aquele olhar, tranquilo e aconchegante; o olhar que eu tanto amava.
Seu sorriso era lindo e sedutor. Eu não tinha dúvidas sobre aquele amor que sentíamos um pelo outro.
Ele segurava uma caixinha vermelha.
Decidi parar de fingir que estava dormindo.
— Boa tarde, dorminhoca. — Sussurrou.
— Bill, eu fiquei preocupada com você. — Hesitei. — Sumiu à manhã toda.
— Desculpe-me, mas eu tive que ir a um lugar. E na verdade, estou ausente desde ontem à noite. — Explicou com facilidade.
— Desde ontem? — Rosnei.
— Sim. — Ele nem se importava com minha reação.
— Por que você não me disse nada? — Insisti em deixá-lo contra a parede, mas parecia não funcionar.
— Se você soubesse, não seria uma surpresa. — Explicou.
— Surpresa? — Fingi ter esquecido.
— Kathy, lembra que hoje faz 3 meses que estamos juntos. Não me diga que você esqueceu? — Insinuou.
— É brincadeira, amor. Eu até te comprei um presente. — Confessei, por fim.
— Presente? — Ele riu desajeitadamente; sua expressão era de dor, mas eu sabia que era encenação.
— Desculpe-me, então. — Gaguejei ao rir. — Mas eu queria comprar algo.
— Tudo bem... e eu também tenho um presente para você. — Admitiu num jato.
Eu suspeitava, porque aquela caixinha na mão dele não devia ser outra coisa.
— Ok. Mas eu posso entregar o meu primeiro? — Perguntei, rindo.
— Claro.
Sentei-me na cama e peguei a — pequena — caixinha, que estava debaixo do meu travesseiro. Eu a guardei lá, mas não sei por que fiz isso.
— Está aqui! — Ele olhou para aquela caixinha, com aquele sorriso lindo. Aquele que sempre me fazia suspirar. — É simples, mas eu achei perfeito. Na verdade, não fui eu quem escolheu, ele me escolheu. — Eu abri a caixinha e tirei os cordões. — Feche os olhos. — Brinquei.
Eu levei até o pescoço dele, um dos cordões; o que tinha meu nome nele. Dei um beijo em sua nuca, ao lado da tatuagem com o "LOGO" da banda. Senti que ele se arrepiou. Prendi o fecho do cordão e voltei a me sentar.
— É lindo. Eu jamais vou tirá-lo. — Disse ele, segurando o cordão.
Eu peguei o outro — que tinha o nome dele — e tentei colocá-lo em meu pescoço.
— Espere, eu coloco. — Ele fez tudo como eu havia feito, porém seu beijo era mais forte.
Em seguida ele me deitou na cama e me beijou. Eu o empurrei — de brincadeira.
— Sua vez. — Eu disse.
— Ok! — Ele pegou a caixinha vermelha e a direcionou a mim. — Por favor, me dê sua mão direita. — Sussurrou. Ele acariciou minha mão, delicadamente, com a ponta dos seus dedos. Segurou-a com força e em seguida acariciou a palma de minha mão. Ele a levou até seu rosto e beijou-a. Seu beijo estava revestidamente quente e macio. Depois pegou meu dedo e colocou um anel; o anel estava gelado e serviu perfeitamente, percebi que ele ficou aliviado. Tornou a beijar minha mão, mas desta vez, próximo ao anel. Eu suspirei. — Pronto!
O anel era lindo. Ele brilhava como os olhos do Bill, era incrível.
— Bill, é lindo! Perfeito! — Afirmei. — Mas deve ter sido muito caro.
— O valor não importa.
— Você também tem um! — Eu disse, ao ver que ele estava com um anel parecido em seu dedo.
— Claro. É o anel que está provando nosso compromisso. — Olhe o que está escrito nele.
Tirei o anel do dedo e observei o que estava escrito; eram letras pequenas mais legíveis. "B.K" — estava escrito.
Sorri para ele e mordi meus lábios antes de continuar.
— Nosso amor, mais do que nunca, está ligado a tudo ao nosso redor. — Eu me levantei. Ele me olhou, curioso. — Vem! — Estendi a mão para ele se levantar.
Ele se levantou. Eu o abracei, tentando demonstrar o meu amor. Ele me abraçou com muita força.
— Nunca imaginei que pudesse amar tanto, alguém. — Sussurrou.
— Nem eu. — Respondi apaixonadamente.
— Mas eu sabia que esse dia chegaria. O dia, em que, meu coração não seria mais meu. O dia, em que, ele se entregaria por completo a alguém...
— Bill...
— Alguém de olhos castanhos — me interrompeu —, cabelos longos e escuros. Pele clara, como um botão de rosa. Baixinha — isso me deixou brava por um segundo —. A pessoa certa, que me completa. Minha alma gêmea, meu sonho, enfim, realizado. Nada, nada no mundo se compara ao que sinto por você. Tanto as estrelas, quanto a quantidade de gotas d'água no universo... nada seria capaz de dar uma pequena prova do que sinto. — Eu fiquei parada, apenas ouvindo o que ele dizia. Talvez, eu tenha sorrido, como uma idiota. — Dentro de mim, uma voz chama por você, todas as noites. E só você pode me resgatar da solidão. Eu estou pronto para sentir por você, o que nenhum homem, jamais sentiu. Eu só preciso de você. — Finalizou.
— E eu de você. Eu não mereço esse sentimento, não mereço você. — Completei.
— Amor, você é tudo que eu poderia querer. — Ele tentava me passar certeza. — E esse medo de te perder, me mata.
— Isso é impossível, e você sabe. — Lembrei. — Eu nunca vou te deixar.
— Eu sei, mas quero ser melhor que isso. — Indagou.
— Melhor? — Rosnei.
— Nada, nunca será uma exagero, para te fazer feliz. — Contrapôs.
— Está enganado. Seu amor já basta. — Garanti.
Nos olhamos, profundamente, um nos olhos do outro. Eu sorri para ele; ele retribuiu meu sorriso e chegou bem perto de meu ouvido.
— Eu te amo. — Foram suas palavras, antes de seus lábios encostarem-se aos meus.
Meu sangue fervia, ardendo em nossos lábios. Minha respiração ofegou fora de controle. Eu segurava seu cabelo entre meus dedos, o puxando para mim.
Suas mãos macias deslizavam sobre minhas bochechas, que já estavam coradas pela minha timidez. Ele me laçou pela cintura — eu amava quando ele fazia isso — me deixando mais próxima. Seu calor emergia.
Eu desci uma de minhas mãos até o seu pescoço, acompanhando com o dedo, seus pequenos traços. Podia sentir sua respiração, calma, ao contrário da minha, que estava acelerada.
Ficamos daquele jeito por muitos, curtos, minutos.
Segurei seu rosto, o empurrando para longe do meu.
— Desculpe-me, Bill. — Implorei em um sussurro sombrio.
— Tudo bem. Um dia poderemos nos beijar sem nos preocupar com as consequências.
— Sim, um dia tudo será perfeito. Poderemos nos amar, como um só. — Garanti ao sorrir.
Nos abraçamos com mais força que antes.
— Bill, você viu a Anna? — Perguntei.
— Sim. Antes de eu subir, o Tom tinha convidado ela para jogar videogame.
— Eu tenho uma dúvida...
— O quê? — Perguntou antes que eu pudesse terminar de falar.
— Será que o Tom está querendo algo com ela? — Objetei.
— Ao que tudo indica... acho que sim. — Refletiu ele.
— Como você chegou a essa conclusão? — Perguntei.
— Ele é meu irmão, eu o conheço muito bem. Só espero que ele não queira fazer o que geralmente faz.
— O quê? — Arfei.
— Curtir. Ele sai com a garota, mas depois acaba. — Revelou.
— A Anna não deixaria. — Avisei.
— O pior, ele consegue o que quer. — Concluiu.
— Desculpe-me, mas não vou deixar seu irmão magoar minha amiga. — Afirmei.
— Nem eu.
Ficamos em silêncio por 10 segundos, incrivelmente, demorados.
— Hoje é domingo, certo!? — Foi um meio que achei para mudar de assunto.
— Sim.
— Amanhã, cedinho, tenho que ir embora. — Eu disse com a voz entristecida e abafada.
— Pois é. Mas por favor, não me lembre disso, agora. Vamos curtir o dia, sem se preocupar. — Sugeriu.
— Certo!
Nos beijamos.
— Vamos descer? — Perguntou.
Eu pensava em coisas significativas. "Estamos juntos a 3 meses, é tão pouco, mas para mim é uma vida. Eu o amava mais do que tudo."
— Vamos! — Eu me sentia perdida.
Ele segurou minha mão. Achei estranho, aquele momento.
Não sei se ele percebeu, mas minha mão suava frio.
Descemos à escada, juntos. Pude ouvir o Tom e a Anna, discutindo no sofá. Certamente pelo jogo.
— Olha só que cena fofa. — Era o Tom. Aliás, só podia ser ele.
— Até que enfim, vocês desceram. — A Anna era muito otimista. — O que aconteceu?
— Nada. — Confessei. — Eu estava dormindo, mas quando acordei, avistei um pedacinho das nuvens, olhando por mim.
O Bill sorriu.
— Que frescura! — Gritou o Tom.
O Bill piscou para mim e saímos.
— Vamos dar uma volta por aí? — Perguntou.
— Eu vou à qualquer lugar com você!
Fomos a uma praia, não havia ninguém lá. Tudo estava — completamente vazio.
Caminhamos na beira do mar, onde a água tocava nossos pés.
— Quando estou assim, com você... — começou — me sinto normal. Como se não existisse a fama, os fãs, a correria dos shows. Eu me sinto uma pessoa desconhecida, um cara apaixonado e feliz. O resto some.
— Isso é bom? — Hesitei olhando para a areia entre meus dedos.
— Sim. Às vezes eu não posso andar na rua, como um cara normal... e isso me estressa, apesar de eu gostar da fama, mas você me faz esquecer isso. Esquecer que Stalkers existem, que paparazzis existem, que a ambição existe.
— Porque eu sou normal, estou certa!? — Hesitei novamente.
— É... — parou por um tempo — você me devolve a vida calma que eu tinha antes de tudo isso. Você é o meu lado bom e calmo, por isso me completa.
— E você é meu lado divertido porque minha vida é chata e, se não fosse por você... — eu ri — meu segundo nome seria "tédio".
Ele riu e me abraçou.
A brisa do mar levantava as pontas — rebeldes — do meu cabelo. A maré estava subindo e a água já estava cobrindo metade dos meus pés.
— Concede-me a honra desta dança? — Brincou ele.
— Claro, senhor!
Ele pegou minha mão, encaixando-a na sua. Levou a outra mão até minha cintura e eu coloquei a minha em suas costas. Começamos a dançar — ali —, sobre a areia e a água.
Eu o olhava segurando o riso e ele sorria para mim.
Encostei meu rosto em seu peito.
— Eu não mudaria nada, em minha vida. Ela é perfeita com você. — Sussurrei.
— Eu mudaria! — Afirmou ele. — Eu mudaria para ter te conhecido há muito tempo.
Eu sorri.
— Nesse caso, eu também mudaria essa parte porque é inevitável. — Concordei.
Continuamos a dançar — se atrapalhar; — estava tudo perfeito. Até que começou a chover.
— Perfeito! — Ofeguei.
Ele parou de dançar e me olhou. Tão puro e "diferente" de tudo que eu havia vivido. Tão simples, tão apaixonado, feliz e tocável. Era assim que eu o via; enquanto ele me olhava daquele jeito — como se eu fosse um sonho para ele — nada poderia me machucar, me fazer ficar triste. Eu vivia para fazê-lo feliz, essa era minha missão.
— Eu te amo! — Disse ele.
Eu o encarei; seu cabelo — molhado — caia sobre seu rosto.
— Também te amo! — Respondi, tirando o cabelo de seu rosto.
Ele segurou minha mão e a abaixou.
— Minha princesa! — Sorriu apaixonadamente.
— Meu príncipe. — Retribui.
Ele me fitou por um longo tempo, até seus lábios tomarem os meus.
A água da chuva escorria sobre nossos rostos. Ele me soltou.
— Vamos apostar uma corrida? — Sugeriu.
Eu sorri e sai correndo.
— Claro! — Gritei já distante.
Ele foi atrás de mim e — como eu imaginei — me alcançou. Caímos na areia.
— Te peguei! — Disse ele, me prendendo no chão.
— É, você me pegou. — Concordei.
Eu o beijei.
— Vamos voltar? — Perguntou.
— Vamos! — Minha voz saiu tremendo.
Eu não queria sair dali, eu não queria ficar perto de outras pessoas, eu só queria ficar com ele, sem ter pessoas ao nosso redor.
Voltamos para a casa e trocamos de roupa. Depois fomos para a sala. E lá estava o Tom, rindo do Bill — ainda.
O Bill me puxou até o sofá — ignorando o Tom — e se sentou. Eu sentei junto, ele colocou o braço sobre meu ombro.
— Então, o que vamos fazer hoje? — Perguntou o Tom.
— Não sei. — Hesitou o Bill. — O que vocês acham meninas?
— Vocês que sabem, eu topo qualquer coisa. — Completou a Anna.
Eu tive uma ideia.
— Acho que a gente devia ir ao cinema. Depois, a Anna e eu, podemos preparar algo para o jantar.
— Por mim, tudo bem. — Disse o Bill, beijando meu rosto. — Você é incrível.
— Ótima ideia. — Gritou o Tom.
A Anna sorriu, com um "OK".
— Vamos vestir algo melhor? — Sugeri à Anna.
— Sim. — Respondeu-me.
Subimos até o quarto para nos trocar.
— Nossa, Kathy! — Gritou ela, surpresa. — Seu anel é lindo. Foi o Bill?
— Sim. Ele, realmente, é lindo. — Concordei alucinada. — Mas não tanto, quanto meu amor pelo Bill.
Aquelas palavras eram, especificamente, corretas.
A Anna se calou. Tudo que havia acontecido entre ela e o Luan tinha sido horrível. Ela, realmente, o amava. Espero que ela ame alguém como o amou. O Tom é uma esperança — mas só de pensar que ele pode ser mais canalha do que o Luan, perco a esperança.
Eu gostaria que eles sentissem — um pelo outro — pelo menos a metade, do que o Bill e eu sentimos. Mas a Anna sabe o que sente, e eu só quero que ela seja feliz. Ela é minha melhor amiga e eu a amo, como se ela fosse minha irmã.
— Desculpe-me, Anna — eu pedi. — Acho que te fiz lembrar do Luan.
— Não se preocupe, miga... — era tão bom ouvir ela me chamar de "miga" — eu já superei isso. Sinto-me bem, estando aqui com você.
— Eu sinto muito. Não sei o que eu faria, se fosse comigo. — Grunhi com sinceridade.
Se o Bill fizesse algo do "tipo" comigo, certamente eu não suportaria.
— Imagina, o Bill jamais faria isso com você. — Opôs. — Ele te ama, eu vejo isso nos olhos dele. Aquele brilho insuportável que só aparece quando ele te olha. Eu nunca vi o Luan olhar desse jeito para mim.
Eu estava me sentindo péssima, mas ela tinha razão.
— Você vai encontrar alguém que te dê seu valor merecido. — Eu disse para confortá-la.
— Eu espero. — Sussurrou.
— Talvez, ele esteja mais perto do que possamos imaginar. — Insinuei sem inibição.
— Eu também penso assim. — Ela sorriu.
— Vem cá! — Eu disse, e a abracei.
— Obrigada. — Agradeceu ela.
— Então, vamos nos arrumar. — Indaguei.
Continuamos a nos arrumar. Eu vesti um short e uma — larga — camiseta. A Anna vestiu um vestido. Coloquei um salto, preto. Estávamos prontas.
Descemos e saímos; fomos todos em um só carro, por incrível que pareça.
Ao chegarmos no cinema, o Bill e o Tom colocaram óculos escuros. — Assim era mais difícil de perceberem que eram eles.
Os dois compraram os ingressos. Era um filme de romance — confesso que não me atraiu muito, porém podia ser divertido; — talvez, fosse uma boa ideia.
Nos sentamos juntos, no fundo. Eles tiraram os óculos e, o Bill — como sempre — colocou o braço sobre meu ombro e com a outra mão, segurou a minha.
Encostei minha cabeça em seu ombro.
— Não vá dormir... dorminhoca. — Sussurrou ele, em meu ouvido.
— Não se preocupe, eu já dormi muito por hoje. — Brinquei.
Sorrimos.
O filme era — realmente — bom. Apesar de eu não ter prestado muito à atenção porque o Bill não me deixava em paz.
— Eu te amo, minha pequena. — Disse ele, puxando meu queixo.
Ele me beijou.
Enquanto nos beijávamos. Eu pude ouvir o Tom dizer algo para a Anna, então soltei o Bill e olhei. Enfim, eles estavam se beijando.
— Bill, olhe. — Murmurei, cutucando ele.
— Eu sabia que isso ia acabar acontecendo. — Disse o Bill, satisfeito.
Ela ficou com ele. Isso era bom, mas eu tinha medo de que só fosse pior. Ela parecia estar bem, até mesmo gostando. Deixei de lado e puxei o Bill, para mais um beijo.
Depois do cinema, fomos para casa. A Anna me ajudou a preparar alguma coisa para comer, fizemos macarronada.
Eles ficaram próximos durante todo o tempo. O Tom estava sorrindo muito, isso era — talvez fosse — bom. A Anna estava mais sorridente, era isso que importava.
Depois do jantar — na verdade não foi bem um jantar — fomos para a sala.
Aconcheguei-me nos braços dele. Aquela noite era a última — onde eu poderia estar com ele — por um bom tempo; era o que eu pensava.
Eu tinha várias perguntas para fazer, no entanto, não tinha coragem. Entre tantas garotas altas, magrelas e mais bonitas; como as modelos. Por que ele escolheu uma baixinha, sem uma beleza "surpreendente" e sem dinheiro?
Eu acredito na lógica do amor. Até mesmo no conto da Cinderela, mas eu não sou uma princesa, ou algo desse nível. Sou apenas uma garota determinada, que quer vencer na vida e ser feliz. O que eu teria de especial?
Tentei calar meus pensamentos. O Bill deve ter percebido minha perturbação; ele olhou para mim, e continuou a me encarar por algum tempo. Até seus lábios se abrirem.
— Amor, o que te perturba? — Perguntou.
Enquanto conversávamos, a Anna e o Tom foram para cima.
— Nada. Só estou um pouco pensativa. — Respondi. — Bill, você já está pronto para responder aquela pergunta?
— Não. Eu ainda não estou pronto. — Respondeu com rapidez.
— Por favor. — Implorei.
— Vamos para o meu quarto? — Perguntou. — Eu vou te contar.
Balancei a cabeça e subimos.
Entramos em seu quarto. Haviam muitas fotos coladas na parede, de fãs, amigos e, fotos nossas. Ele me puxou para a cama.
— Bom, você está pronta para saber? — Conjecturou e depois hesitou.
— Sim. — Respondi.
— Não sei explicar, direito. Eu apenas senti que era você, quando te vi lá no TNYT. Fiquei perturbado, mas eu não sabia com o que. Pedi para a Sra. Stev te mandar me entrevistar, porque foi um plano e você já deve saber disso. — Ele olhou para o chão; eu sabia que a Sra. Stev não tinha planejado tudo aquilo sozinha, a Carly tinha razão. — Na verdade, não fui eu quem te escolheu, foi meu coração. — Seu sorriso apareceu de imediato. — Eu sempre acreditei no amor eterno e que quando eu encontrasse a garota certa, eu saberia... — o Tom e a Anna estavam rindo, no quarto ao lado — e a amaria, mais do que tudo, quando a visse pela primeira vez, independente de seu exterior. — Ele deixou um suspiro escapar. — E quando eu te vi, minha vontade foi de te agarrar, te beijar e sumir com você. Mas algo me segurou e disse que eu deveria esperar. — Rapidamente ele ficou tenso. — Você não tem noção de como eu sofri, só em imaginar que você poderia ter um namorado, ou até mesmo chegar ao TNYT e saber que você não estava mais lá. Eu tinha medo de perder a única chance de amar alguém, mas eu estava disposto a percorrer o mundo atrás de você, no entanto, eu esperei. — Ele era tão imenso com as palavras. — E quando eu soube que você iria me entrevistar, me senti aliviado, porque eu tinha uma chance. E aconteceu. Eu só posso dizer que sou o cara mais feliz do mundo, por ter seu amor. — Encerrou.
Ele sempre soube usar bem as palavras, e essa era uma das qualidades que eu amava nele.
— Você, realmente, passou por tudo isso? — Perguntei.
— Passei. — Afirmou sem fôlego.
— Nossa! — Arfei. — Eu não mereço você porque estou sem palavras.
— Tudo bem. Mas... você nem suspeitou? — Continuou.
— De início, eu achei estranho de minha parte, me sentir tão incomodada com sua presença. E quando você sorriu para mim, eu retribui o seu sorriso, automaticamente. Não sei como, mas eu senti algo diferente. — Suspirei, lentamente. — Eu me surpreendi, quando soube da entrevista. E quando você me levou naquele lugar, o caminho ficou mais claro. — Senti meu rosto esquentar. — Mas eu não imaginei que seria isso, que você queria me amar. E tudo é tão forte e fatal. Ficar longe de você me sufoca, é insuportável querer te deixar de lado. Esquecer seu cheiro, a imagem do seu sorriso, o som da sua voz e o seu olhar. Mas eu me esforço, e tento te sentir, mesmo estando longe. — Eu, realmente, estava ficando boa com as palavras.
— Uau! — Disse ele. — Você fala bem, só não gosta de falar muito.
— Na verdade, quem falou foi meu coração — Argumentei. — Eu apenas entreguei o recado.
— Pode até ser, mas tudo isso é incrível. Meu amor por você vem de dentro, vem do meu coração também. A força que me liga a você é mais forte do que o mar. — Esclareceu.
— Eu sinto o mesmo. — Segurei sua mão com força. — Quando a gente ama, o amor nos fortalece. Eu sinto que posso fazer qualquer coisa por você.
Ele sorriu para mim.
— O que eu posso te dizer? — Perguntou com ansiedade.
— Nada. Mas pode fazer... — Ele me entendeu.
Abraçou-me com força e me beijou.
O seu beijo era doce e refrescante, seus lábios me surpreendiam a cada dia mais. Não encontrei motivos para parar aquele beijo, mas ele encontrou.
— Era isso? — Brincou. — O que eu podia fazer?
— Sim.
— Eu te acho tão delicada e inocente, mas talvez seja apenas o que acho. — Objetou.
— Não... eu não sou delicada, muito menos inocente. Pareço mais uma ratinha, atrapalhada e assustada com esse mundo. — Concluí em estado de êxtase.
— Uma ratinha, não. Prefiro a sinceridade, uma gatinha, soaria melhor. — Ele me fez rir.
— Como quiser. — Senti-me envergonhada.
Ficamos em silêncio, enquanto o som dos carros na rua invadiam nossos pensamentos.
— Já estou sentindo sua falta! — Afirmou ele.
— Suspeitei. — Zombei já rindo.
— Eu não te contei, mas vamos ficar separados por menos tempo, desta vez.
— Sério? — Gritei feliz.
— Sim, vamos nos ver no Natal. — Contou. — Eu, o Tom, o Georg e o Gustav, que fazem parte da minha banda. Minha mãe e o Gordon, vamos passar o Natal em New York. Só para ficar mais perto de você. Minha mãe quer muito te conhecer.
— Sua mãe? — Eu me assustei.
— Sim. Já está na hora de você conhecer sua sogra e meu padrasto, o Gordon. — Disse ele, sério.
— E se não gostarem de mim? — Resmunguei.
— Impossível. Você é adorável. — Afirmou.
— Nem todo mundo pensa assim. — Garanti fechando a cara.
— Mas eu penso.
— Eu tenho medo. — Confessei.
— Não tema. Acredite, ela vai amar você. — Ele sorriu, gentilmente. — Mas não tanto quanto eu. Isso é impossível.
— O mínimo que possa me manter com você, já é o suficiente. — Completei por ele.
Seus lábios selaram os meus por alguns segundos.
— Kathy, dorme aqui essa noite... — Pediu ele.
— Mas...
— Só quero ficar do seu lado, mais nada. — Interrompeu-me.
Eu confiava nele e queria ficar ali, com ele.
— Se for assim, tudo bem. — Acabei concordando.
— Obrigado. — Disse ele, feliz.
Ele se deitou, encostei-me a seu corpo e beijei seu queixo.
— Boa noite! — Sussurrei.
— Boa noite!
Estávamos tão cansados, que dormimos rapidamente.

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