Capítulo 16

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Não consegui falar, pois aquela frase provocou em mim várias perguntas. Estaria ela dizendo que ia confiar em mim para me contar o que estava havendo? Ou apenas alegando que seríamos somente amigos e nada mais que isso?

Ela sorriu brevemente e deixou o rosto sério outra vez.

– E você está fazendo o que aqui? – perguntou.

Tive que piscar duro duas vezes para voltar à realidade.

– Vim com os amigos da escola. Erick tem uma casa de praia aqui perto.

– Ah – ela disse isso e mais nada.

– Você quer se juntar a nós? – indaguei, após perceber que ela iria mesmo se calar.

– A você, seus amigos que não gostam de mim e sua namorada? – Ela riu sem humor nenhum. – Não, obrigada.

– Eu não tenho namorada, Alice. E não é que as pessoas não gostem de você...

– Eu é que não gosto de ninguém – interrompeu ela, completando a frase que eu ia dizer.

Eu olhei para ela, com os lábios franzidos.

– Já ouvi isso mais vezes do que você imagina – disse ela.

Fiquei em silencio por alguns instantes, esperando ela falar mais alguma coisa. Não queria pressioná-la – eu queria que ela se sentisse à vontade. No entanto, ela desviou o olhar para o mar e não disse mais nada.

– Por que tudo isso? – perguntei, sem desviar o olhar de seu belo rosto.

O cabelo de Alice estava preso em seu coque habitual, mas foi soltando-se naturalmente e ela não pareceu se importar. Ela estava calada analisando como iria responder à minha pergunta.

– Aposto como você vai sair contando para os seus amigos.

– Eu não contei para ninguém sobre aquela nossa conversa em seu apartamento, por que eu contaria essa?

Ela franziu o cenho.

– E quem me garante?

Fechei a cara para seu rosto perfeito e depois olhei para baixo para não extravasar minha raiva.

– Você tem um sério problema em confiar nas pessoas.

– Eu sei. Será que você pode tentar ser meu amigo sem... – Ela fez uma breve pausa, e eu levantei o rosto para olhá-la novamente. – Ficar me fazendo perguntas?

– Não, porque isso é no mínimo estranho.

Ela deu um longo suspiro.

– Você pode começar me contando como veio parar no Brasil – murmurei.

Dava para ver no rosto dela que não estava gostando nada daquilo.

– Essa é uma longa história.

– Vamos lá, Alice... O que pode ter de tão alarmante na história de uma americana bonita de 17 anos que eu não possa aguentar? – eu disse, divertindo-me com a situação. – Você ateou fogo na casa da sua sogra e, com medo de ser presa, veio para cá?

Esperei que ela risse, mas não aconteceu. De repente, Alice ficou com o rosto duro igual a uma pedra.

– Você não conhece a minha história, não sabe da minha vida e não tem o direito de fazer piadinhas quanto a isso. Não é só por que você é rico, mimado e não tem problema nenhum para se preocupar que todo mundo é assim! Não é por que todas as meninas que você conhece são vazias que eu também sou assim!

Deixe-me entrar, AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora