Capítulo 28

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Estar apaixonado por Alice Drummond era a coisa mais estranha do mundo. Além de ela ser esquisita e me deixar muito confuso, meus sentimentos por ela caminhavam de uma forma bem diferente do que eu pensava que era amor. Não era como estar com Anne, quem eu beijei no primeiro encontro. O beijo de Alice era diferente de todos os que eu já havia provado – era doce, meio tímido, mas, no fundo, era bem feroz. Não era como estar com a maioria das garotas que eu convidava para sair, transava e não ligava no dia seguinte. Eu não havia feito nem metade das coisas que costumava fazer com as garotas e mesmo assim estava apaixonado, e me sentia um burro por ter feito essas palavras saírem da minha boca.

No momento, pareceu tão certo que eu não pensei nas consequências. Eu já devia esperar essa reação vinda dela, mas não esperava ouvir tudo o que ela me disse. Eu ainda não sabia o que ela sentia por mim. Havia alguns sinais que não pude evitar de perceber.

Como quando ela ficou feliz ao receber o álbum de fotos e como ela sorria cada vez que me via. Houve também o momento em que ela havia segurando minha mão e me puxado para dançar no carnaval. Ela mesma disse que fez comigo coisas que nunca havia feito com ninguém e parecia estar gostando das minhas piadas sem graça. Mas o principal sinal de todos foi quando ela me beijou no elevador depois do carnaval. Eu sabia que ela havia gostado e também sabia que eu jamais esqueceria aquele beijo.

No entanto, após aquela conversa, uma enorme interrogação formou-se em minha cabeça. Ela gostava ou não de mim? O que ela quis dizer com "meus sentimentos estão pulando dentro de mim"? Por que é tão errado eu me apaixonar por ela? Quando a veria novamente?

Eu não tinha resposta para as perguntas que rondavam minha mente e odiava ter que esperar por elas.

Os dois dias que se seguiram foram os mais estranhos da minha vida. Eu me ocupava estudando, trabalhando na obra e fazendo caminhada todas as noites. Bati no apartamento dela várias vezes, mas ninguém abriu. Sem saber se ela estava apenas me evitando ou havia saído, pedi notícias para o porteiro. Ele disse que ela havia saído há dias com uma mala e nunca mais a vira. Comecei a ficar preocupado.

Ela devia estar em Búzios, mas meus pais não me deixaram ir. Pensei em fugir, mas não tinha dinheiro suficiente para isso. Também pensei em chamar Leandro para ir comigo, mas a) ele estava furioso comigo e b) eu teria que contar que encontrei com ela no dia que fomos lá na casa de praia de Erick. E eu não estava a fim de dar explicações.

Eu estava desesperado e admiti a mim mesmo que isso era loucura, mas não me importava, pois precisava tê-la. A cada segundo eu olhava o celular, batia no apartamento dela três vezes por dia e chorava sozinho em meu quarto. Será que ela havia ido embora e eu nunca mais a veria? Quando ela iria me procurar? E se ela não procurasse? Quanto tempo eu iria esperar?

Fui para casa de Leandro alguns dias depois. Por incrível que pareça, seus pais estavam lá e me disseram que ele havia saído com Carol, então fiquei esperando na sala. Leandro merecia minhas desculpas – eu tinha sido um péssimo amigo.

Enquanto esperava, fiquei me perguntando se, nesse tempo que eu estava fora, Alice já teria voltado. E se ela voltasse só para me dizer que não sentia o mesmo e que não nos veríamos nunca mais? Tentei ligar para ela algumas vezes, mas o celular dela só dava fora de área. Eu não sabia a quem recorrer, então fui obrigado a esperar dolorosamente por uma resposta que eu nem sabia se seria positiva.

Felizmente Leandro não demorou e me tirou daqueles pensamentos horrendos. Ele estava zangado e pediu para conversarmos no quarto. Acendeu um baseado para mim e outro para ele, e eu me senti mais tranquilo ao fumar. Em cima da sua escrivaninha, havia um jornal com minha foto e de Alice.

Ele estava furioso por eu ter faltado à festa e por achar que eu estava escondendo algo em relação a Alice. Disse que foi muito chato quando todo mundo perguntava de mim e ele tinha que dizer: não sei.

Deixe-me entrar, AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora