Capítulo 22

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O mês de março estava passando rápido. Todos os dias era a mesma coisa: escola pela manhã, trabalho à tarde, casa de Alice logo depois e caminhada à noite pela praia. De repente, minha vida havia mudado e eu nem me lembrava mais como era uma tarde sem estudar com ela.

Em um sábado, eu e meus amigos fomos a um bar, como nos velhos tempos. Leandro foi embora cedo, alegando que não queria encrenca com Carol. Eu não recordava mais como era essa vida de namorar e ter que dar satisfação, mas de repente eu não senti vontade de paquerar naquela noite.

Sempre que saíamos juntos, eu era o que mais me dava bem dos meus amigos, pegando sempre a garota mais bonita. Leandro costumava dizer: eu vou parar de andar com Raphael para ver se alguma garota olha para mim. Mesmo Alice tendo deixado claro várias vezes que nunca iria querer nada comigo, fazer algo com outra garota repentinamente parecia errado para mim.

Quando Leandro foi embora, estava só eu, Erick e Felipe, e Erick disse para mim:

– Tem uma menina muito gata que não para de olhar para você.

Segui o olhar dele para uma mesa no fundo do bar cheia de mulheres. Uma morena realmente muito bonita estava me encarando e rindo.

– Vai lá, cara – incentivou-me Felipe.

Fiz que não com a cabeça, desviando o olhar da moça. Eu só queria ir embora e ligar para Alice.

– O que está acontecendo com você? – perguntou Erick. – Já sei: você e Alice estão namorando escondido!

– Não! – falei rápido o bastante para evitar um possível interrogatório.

– Na boa, está na hora de vocês assumirem – disse Felipe, virando o copo de chopp goela abaixo.

Somente Leandro sabia do último ocorrido na casa dela.

– Não é nada disso – eu disse.

– Então por que você não vai lá? – perguntou Erick, apontando com a cabeça para a mesa das mulheres. A garota continuava me olhando e sorrindo, mas eu virei a cabeça para encarar meu copo de cerveja. – Eu não estou reconhecendo você.

Parecia que todos ultimamente estavam me dizendo isso.

– Ela nem é tão bonita assim – menti, gesticulando discretamente para a morena na outra mesa.

– Você está brincando? – perguntou Felipe, surpreso.

– Bom, eu vi primeiro, então vou lá – Erick se pronunciou.

Eu e Felipe rimos e o encorajamos a ir lá. Ele terminou de beber o copo de cerveja e foi em direção à mesa delas. Assisti enquanto ele as cumprimentou e sentou com elas.

Uma hora depois, o bar estava frenético – todos dançavam ao som de uma música agitada e pareciam estar todos bêbados. Por incrível que pareça, eu não havia bebido o suficiente nem para me sentir animado. Erick estava com aquela garota e Felipe também havia arranjado uma. Havia uma outra moça, que estava na mesma mesa das outras, que ficou sentada, igual a mim. Ela tinha os cabelos loiros um pouco abaixo dos ombros e vestia um vestido preto com uma jaqueta vermelha de couro por cima. Senti que tínhamos algo em comum e sorri para ela, sendo o suficiente ela para vir em minha direção.

– Também não está gostando muito da noite? – perguntou ela, parada em frente à minha mesa.

– Algo do tipo.

Ela olhou para o banco ao meu lado e não disse mais nada. Talvez por eu ter sido direto demais, ou simplesmente porque era tímida.

– Sente-se – eu disse, percebendo o quão mal-educado havia sido.

Deixe-me entrar, AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora