1. Ponto de Partida

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Harvey

Droga, desse jeito vou me atrasar, pensou ele.

Seu quarto estava uma bagunça. Havia camisas e calças amarrotadas espalhadas pelo chão, meias sujas e alguns livros espalhados de forma aleatória por todo cômodo.

Ele fechou o zíper da sua mala. Em seguida a arrastou pelo chão até perto da escada.

Enfim, tudo está pronto. Suspirou de alívio.

Ele olhou uma última vez para o espelho.

Seus cabelos negros, penteados para trás como sempre o fazia, estavam emaranhados. Calçava um tênis all-star já com sinais de desbotamento, uma calça jeans e uma camisa branca por baixo de um casaco marrom.

Queria causar uma boa impressão pois, se o que soube fosse verdade, a aparência era um dos critérios mais notados e avaliados em Aramonth. "Um respeitado mago, acima de tudo, se preocupa com a forma como é visto pelos outros". Harvey não sabia de onde vira a frase mas agora parecia servir como uma luva.

Quando desceu as escadas de sua casa e saiu pela garagem, logo avistou sua mãe o esperando no carro. Abriu o porta-malas e colocou a última bagagem. Em seguida, entrou no veículo.

— Eu sei o que você vai falar, mas antes do sermão ao menos me dá tempo para explicar... — começou Harvey após se sentar no banco detrás do veículo.

Olhou através do reflexo do espelho da frente Catelyn mexer a cabeça em sinal de reprovação.

— Você vive dizendo que quer se tornar um mago, no entanto não tem a mínima responsabilidade para organizar as suas coisas na hora certa — respondeu ela com a voz rígida. — Desse jeito vamos nos atrasar.

Olhou para ela com terror.

— Espera ai... Se eu não chegar a tempo eles não podem cancelar minha matrícula... Ou podem?

— Claro que não, mas imagine o papelão que vai ser se nós chegarmos depois de todos terem partido.

— Ufa, ainda bem. — Ele suspirou de alívio. — Logo hoje você arruma de botar pilha na minha cabeça. Você quer que eu surte por acaso?

A mulher apenas deu de ombros.

Catelyn subiu a vidraça do carro e começou a ligar o veículo. Tão logo os dois tomaram partida, Harvey começou a devanear profundamente fantasiando sobre o lugar o qual, em breve, seria a sua nova casa.

Aramonth, a mesma escola que o meu pai frequentou, pensou ele.

O "assunto seu pai" era um tema proibido, o qual não deveria ser discutido e nem trazido à tona. Ele o abandonou quando era apenas uma criança e, desde então, nunca houve notícia sobre o seu paradeiro em nenhum lugar do mundo.

Apesar disso não podia evitar pensar nele.

— Mãe, sobre o papai...

Nem mal começou a falar e logo fora interrompido por sua mãe, antes mesmo de terminar de falar:

— Já disse que esse tópico não deveria nunca mais ser mencionado... — respondeu ela com a voz levemente elevada, o repreendendo.

Corações Mágicos - Escola de Magia Aramonth (Vol. 1) CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora