8. A Festa

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Triz

Já passava do toque de recolher quando Triz caminhava pelos corredores vazios e fantasmagóricos de Aramonth. Havia tido sorte de, até o momento, não ter esbarrado em um daqueles guardas reanimados, senão acabaria tendo um infarto. Estava na ala oeste do castelo. Acabara de descer de uma via dupla de escadas e agora se encontrava perto do chafariz, local onde Harvey havia marcado o encontro. A água da fonte refletia a lua crescente, o som da água transbordando sendo interrompido apenas pelos seus passos.

Checou novamente a mensagem que o garoto enviara para se certificar que não tinha cometido nenhum erro. A extensão do castelo era faraônica e qualquer um poderia se perder devida quantidade de lugares e escadas, muitas vezes indiferenciados, porém não tinha erro. A mensagem dizia claramente para o encontrar na ala oeste, descendo as escadas do banheiro, em frente à fonte. Ouve o som de passos ecoando e agacha-se temendo ser um dos guardas.

Uma figura desce as escadas. Vestia um moletom, com uma camisa listrada de cores branca e preta e jeans, sua cabeça encapuzada. Ao descer retira o capuz, seus cabelos negros penteados para trás desembaralham-se, e olha para os lados, a procurando. Triz sai detrás do chafariz e toca nas costas de Harvey, que arfa de susto.

— Quase você me mata de susto — disse ele aliviado ao dar de cara com Triz. O vermelho sobe à sua face ao notar o riso contido dela.

— E então gênio do crime, é aqui que nós vamos começar?

— Não, aqui ainda corremos risco de esbarrarmos com um guarda. — Então faz sinal para que ela o siga. — Vamos, conheço um lugar.

Harvey parte, percorrendo mais uma extensão de caminhos, passando por salas fechadas e quadros de pinturas pregados na parede. Agora estavam no extremo oeste do castelo. Caminhavam quando a estrutura rochosa do castelo dá lugar à uma vala de tamanho médio que separava uma parte da outra. As paredes logo adiante possuíam inúmeras rachaduras, umas com enormes buracos a céu aberto. Triz olhara o fundo da vala e a vertigem a atingiu em cheio. Em baixo, a vista do chão da entrada do castelo causava terror devida à altura em que se encontravam. O ar frio da noite adentrava pelo local fazendo seu cabelo esvoaçar.

— Que lugar é esse? — perguntou ao se virar para ele. — E o que exatamente estamos fazendo aqui?

— Ora, eu não disse que tinha um lugar em mente? Descobri essa parte abandonada durante uma aula chata de história da magia. Estava eu, caminhando pelo castelo, explorando melhor o lugar quando esbarrei com essa fenda. Me perguntei o porque dessa parte estar interditada, então soube por meio de alguns veteranos que existia um laboratório aqui. Houve uma explosão há muito tempo e desde então o local estava interditado pelo risco de desabamento — disse, parecendo já ter treinado para dar aquele discurso.  — Só precisamos atravessar esse buraco, e é ai que você entra.

— Você é biruta. — Aquela distância era um desafio até pra ela. Precisaria de muita energia caso pretendesse pular, ainda contando com o fator de carregar uma pessoa nas costas.

— Sei que você não é de amarelar...  — O tom de desafio em sua voz a provoca. — Não é mesmo?

— Nunca na minha vida. — Não daria aquela satisfação para ele. Além disso isso seria um experiência certamente interessante. Nunca havia pulado a uma distância daquelas.

— Primeiro preciso que você suba nas minhas costas — ordena.

O deboche  faz Harvey dar um passo para trás, escancarando sua fragilidade.

— Ta brincando.

— Ou é isso ou procurar outro lugar — disse Triz por fim.

Harvey desiste de tentar argumentar e monta em suas costas

Corações Mágicos - Escola de Magia Aramonth (Vol. 1) CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora