16. Roubos soturnos

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Alex

Alex descia o conjunto de escadas de acesso a parte subterrânea do castelo. De repente, um calafrio transpassou sua espinha a medida que deixava o clima ameno da parte térrea do castelo e adentrava o clima sombrio e opressor, quase claustrofóbico.

A parte subterrânea do castelo era formada por um labirinto de corredores interligados, que davam acesso as diversas salas e laboratórios escolares. Como não haviam janelas, a claridade entrava com dificuldade pelo local, o qual, mesmo durante a manhã, era iluminado com a ajuda de tochas penduradas por toda a sua extensão. Nos corredores haviam diversas portas de metal e, conforme descia mais profundamente, as portas e paredes começavam a envelhecer, assim como o chão tinha sua passarela rochosa substituída por barro.

Sempre que entrava no local um filme passava pela sua mente do dia em que ele e Harvey haviam entrado na câmara do dragão e por pouco não haviam sido mortos pela criatura. Desde esse dia aquele local passara a preencher os seus pesadelos.

Os alunos contavam histórias sobre o subterrâneo do castelo. Alguns diziam que havia uma escada que descia tanto ao ponto de perfurar uma dimensão demoníaca, outros afirmavam a existência de uma catacumba onde residiam os corpos dos falecidos diretores do castelo, a existência de portas que eram portais que quando abertos davam em salas secretas, prisões fantasmagóricas, as histórias eram muitas.

Chegou em frente a sala. A placa na porta indicava "Laboratório 2" onde teria aula de Medicina Mágica, entrou. A classe ainda estava escassa de alunos, sinal de que a aula ainda não começara.

Se dirigiu para sua bancada e sentou. Harvey, para variar, havia se atrasado para a aula.

Pegou seu celular para acessar o sistema de Aramonth pelo aplicativo e checar qual tema da aula no período do dia. Acessou a disciplina, a aula do dia era intitulada "Preparo de antídotos para envenenamento por manticoras". Iria abrir a explicação deixada pela professora quando sentiu alguém sentar ao seu lado. Desviou a atenção do celular e olhou para o dono dos cabelos brancos sentado ao seu lado. Era Alone.

— Então... você já saiu da detenção? — perguntou ele o fitando.

— Sim, faz uma semana — respondeu.

Havia ficado um mês e meio na sala da detenção, porém conseguiu sair antes do prazo estipulado por bom comportamento. Nunca esqueceria aqueles dias tediosos que passara depois da aula se forçando a terminar e completar as tarefas passadas.

— Bom, já que você saiu, porque não volta para o clube de jornalismo? Nós estamos precisando de você lá.

— Deixa eu adivinhar... Eles mandaram você aqui para tentar me convencer a voltar para lá, estou certo?

Alone deu de ombros confirmando sua pergunta.

— Sim, mas eu também vim por vontade própria — disse ele. Havia sinceridade na sua voz. — Afinal nós somos amigos e você me salvou de cair na detenção. Além disso eu sinto sua falta lá no clube, está sendo um saco aguentar aquela chata da Ana sozinha mandando nas coisas.

Soltou um riso contido.

Na verdade já estava pensando em voltar em frequentar o clube antes de sair da detenção. Gostava do ambiente existente e das pessoas, sentia até um pouco de empatia por Ana, apesar de ela ser um pouco sem noção.

Corações Mágicos - Escola de Magia Aramonth (Vol. 1) CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora