Carta a mim mesma.

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Inspirada pelos grandes, tendo eu, a escrever. Atrevendo-me incessantemente na ousadia e audácia de produzir conjuntos de letras que façam algum sentido.
Enterro-me então, assim: sou eu que pego a caneta e risco o papel. Mas é minha alma que escreve, minha alma que inventa. Meu coração, na maioria das vezes meu inimigo, bota os sentimentos extravagantes a funcionar.
Nesse instante em que a inspiração ataca-me, em momento não tão oportuno, não permito-me perdê-la. Preciso dela, como preciso de mim. Preciso de mim para matar-me todos os dias e tornar-me cada vez melhor.
Bem, se não fosse nas folhas de um pobre e velho caderno, onde depositaria eu, os ninhos de minha poesia, a desabrochar? Confundiria-me a mim mesma ao tentar trancafiá-los dentro de mim. Imagine só, seria tamanha loucura!
Se quero me achar, me perco, embora quando eu me perca, cá estou. E novamente sou apenas eu de novo. E como se traduzem os meus poemas, uma carta a mim mesma é muito complexa, porque sou uma mistura de coisas loucas e sem nexo. Uma obra literária viva, talvez. Quem sabe se não faço escorrer o meu ser, através do dom concedido? Quem sabe se as palavras não são minhas mais fiéis lágrimas?
Agora pense comigo. Poderia toda essa complexidade que sou, ter surgido do nada?

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