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Entramos no carro e seguimos a maior parte do caminho em total silêncio, o ambiente estava estranho. Então ligo o som na tentativa falha de melhorar a situação, mas sinto que só a piorei quando imediatamente começou a tocar "Kiss Me" do Ed Sheeran.
– "Vai a festa do Barry?" Tento quebrar o silêncio.
Ela demora um tempo mas responde, dizendo que não tinha certeza.
– "E você? Vai?"
– "Claro. Sabe que não perco uma festa, estou em uma nova todo fim de semana."
– "Ah sim, claro. Qualquer oportunidade que você tiver de dormir com uma mulher diferente você tá aproveitando." Ela fala essa ultima parte em um tom irônico e baixo, mas ainda assim consigo escuta-lá. Se não fosse da Felicity que estamos falando eu até poderia sentir uma ponta de ciúmes em sua fala.
– "Devia ir... E outra coisa, sei que sabe que sou um idiota, mas não vou a essa festa a procura de "alguém novo" para dormir."
– "Se você diz... E por quê exatamente eu deveria ir?"
– "Porquê a festa não vai ser a mesma sem você, óbvio." Eu digo e ela rapidamente vira seu rosto para mim, me observando, mas sem dizer uma única palavra. Inexplicavelmente meu coração acelera e minha respiração está em um ritmo fora do normal, mal consigo puxar o ar. Esse é o efeito que ela tem sobre mim, apenas com um olhar, e eu nem sei explicar o porquê.
Não falamos mais nada e ela volta sua atenção para a rua, se encostando na janela.
O silêncio volta e sinto o clima tenso. Em alguns minutos chegamos a empresa e ela demora para arrumar suas coisas, e quando começa, eu a chamo. Minha voz sai rouca, e quase como uma súplica. E na verdade, eu nem sabia ao certo porquê tinha chamado seu nome, foi um ato que fiz sem nem parar pra pensar. É como se eu precisasse que ela olhasse pra mim naquele momento. Precisava sentir tudo aquilo de novo.
Ela se vira, seus olhos estavam negros e selvagens, e brilhavam. Não sabia dizer o que ela estava sentindo a partir deles. Ela fica calada, e eu também, só aproximo nossos rostos ainda mais e nossas respirações se misturam. Meu coração bate acelerado e meus olhos percorrem todo o seu rosto, apreciando cada detalhe seu. Senhor, como ela é linda. Cada nervo do meu corpo me diz para levar meus lábios aos seus, era tudo que eu mais queria. Sentir sua pele na minha, percorrer seu corpo com minha língua. E eu conseguia enxergar que, talvez, ela queria o mesmo. Por um breve momento, eu senti que ela me desejava tanto quanto eu a desejava. Sua respiração acelerava cada vez mais e seu olhar estava preso a mim, assim como o meu estava preso a ela. Minha mão inconscientemente repousa em sua perna nua, pois sua saia não cobria aquela parte e sua pele estava quente, assim como a minha. Sinto um arrepio percorrer a minha espinha só de estar tão perto dela, estar tocando ela. Seus olhos descem pra minha mão e depois sobem para minha boca, e ela morde os lábios, me levando à loucura. Não queria mais me controlar, eu precisava disso, eu precisava dela. Mas meu subconsciente me alerta, dizendo que isso não era a melhor coisa a se fazer. E ele estava certo. Existia diversos motivos pra isso ser errado, pra isso não ser a melhor coisa a se fazer. Mas no momento parecia tão certo...
Não sei quanto tempo ficamos assim, mas pareceram horas.
– "Vou esperar você aqui fora. Ou quer que eu entre com você?"
Digo afastando meu rosto do dela, ainda tentando me recuperar e evitar que o pior, na verdade, o melhor, acontecesse.
Ela se afasta ainda mais de mim e pega sua bolsa.
– "Não precisa. Posso ir sozinha." Diz seca. Seu olhar era frio e distante, só não entendia porquê. Fiz alguma coisa idiota de novo?
Ela engole a seco e me olha por alguns segundos antes de abrir a porta e descer do carro. Que merda, Oliver.
Depois disso, eu tenho certeza que ela não nutre os mesmos sentimentos por mim como eu por ela. Seja lá o que eu sinto por ela. E mesmo se sente, com certeza está com raiva de mim.
Talvez fosse melhor assim. Ela merece alguém melhor que eu, nunca soube lidar com sentimentos, tudo sempre foi muito fácil pra mim. Mas com ela é diferente, eu nem faço ideia do que eu quero quando estou perto dela, com ela é tudo difícil e confuso. Só de ficar perto dela eu já perco os controles dos meus atos, não sei como resisti hoje.
POV's Felicity
Ando com dificuldade até o estacionamento, meus pés estavam me matando e eu estava um pouco zonza, depois do que aconteceu no carro. Ou quase aconteceu.
Nem sei o que aconteceu lá direito. Ele parecia que ia me beijar, eu conseguia ver isso nos seus olhos. Mas de repente ele muda completamente e se afasta mudando de assunto. Pensando bem, foi melhor assim. Se ele me beijasse, eu sei que não iria conseguir parar e definitivamente beija-lo é a pior ideia possível. Principalmente com essas novas circunstâncias, que talvez, apenas talvez, eu sinta algo por ele.
A quem eu estava tentando enganar? A mim mesma, só se for. Porque nem os outros a minha volta acreditavam em mim. Eu sinto algo por ele, é óbvio. Não sei muito bem o que realmente é, mas sinto. Me recusei esses meses todos a aceitar isso. Talvez se eu aceitar isso, tenha como resolver. Como parar de sentir seja lá o que for por ele? Eu não posso e isso com certeza não daria nem um pouco certo. Mas por mais que eu saiba disso, parte de mim não quer deixar de sentir isso, parte de mim não quer parar o frio no estômago toda vez que o vejo. A ardência da minha pele toda vez que ele está perto de mim, ou me toca. O desejo que eu tenho de beija-lo sem nem pensar nas consequências.
Felicity!
Bom, felizmente ainda tenho uma pequena parte que tem um pouco de consciência e me faz parar de pensar nisso. Ou pelo menos tenta me fazer parar.
Ajo tão desatenta, e com os pensamentos tão distantes, que quando me dou conta, estou tentando me locomover sem nem colocar a chave na ignição.
Depois que finalmente ligo o carro corretamente saio do estacionamento e dou de cara com uma BMW, com os faróis acesos, quase me cegando. Era ele, é óbvio, mas o que estava fazendo aqui fora esperando?
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele desce do seu nada simplório veículo e vem até mim, eu então, abaixo o vidro.
– "O que está fazendo aqui?"
– "Te esperando. Está muito perigoso pra sair por aí sozinha, principalmente aqui."
Ele não estava errado. A localização da empresa é muito perto dos Glade's, tornando-a muito perigosa, principalmente à noite. Mas, por quê ele estaria preocupado com isso? Por quê estaria preocupado comigo?
– "Tem certeza que não quer que eu te leve em casa?" Ele pergunta e, por mais incrível que pareça, consigo sentir uma certa preocupação em sua voz.
Certas horas eu acho que ele faz isso de propósito. Não consigo acreditar de jeito nenhum que Oliver Queen possua algum tipo de sentimento. Nem por uma amiga, que é o que eu sou. Qualquer explicação é mais lógica do que ver ele sentindo o que quer que seja.
– "Não." Nego, por mais que meu cérebro me mande repetidamente aceitar seu convite, dizer sim a ele.
– "Está tudo bem, obrigada." Falo suave, e logo ele parece um pouco menos cabisbaixo, pois deu um sorriso de lado, expondo suas lindas covinhas.
– "Bem, então, boa noite srta. Smoak."
Não consigo evitar em sorrir.
– "Boa noite, Oliver." Grito por cima do vidro que estava se fechando.

My sweet CEO - OlicityOnde histórias criam vida. Descubra agora