Felicity's POV
Mais um dia em que meu primeiro desejo assim que abro os olhos é fechá-los novamente e voltar a dormir.
Estava exausta, e tudo que eu mais queria era desligar esse alarme ridículo, que se torna ainda mais irritante junto à luz que passa pela fresta da janela incomodando meus olhos, me virar e continuar dormindo.
Desde segunda-feira eu não conseguia largar meu projeto, trabalhando nele dia e noite sem parar, deixando de dormir e de comer.
Eu só queria mais dez minutos na cama.
Finalmente tenho coragem de me levantar da cama e ir até o banheiro.
Tomo um banho frio para ajudar no sono, mas meu corpo ainda se recusava a funcionar, indo mais lento do que nunca.
Ao olhar no espelho vejo o estado deplorável no qual eu estava. Bolsas se formavam embaixo dos meus olhos, com olheiras profundas e minha cara estava de acabada, de quem não dormia a dias. E era exatamente isso que estava acontecendo.
Esse projeto está sugando todas as minhas energias, espero termina-lo em breve, pois não aguento mais dormir apenas 5h por dia por causa dele.
Passo um corretivo embaixo dos olhos e um rímel, que melhora a situação, mas ainda assim não estava nada bom.
Depois de me vestir tomo um grande xícara de café, minha maior fonte de alimento nesses últimos dias. A propósito, hoje é sexta-feira, né?
Meu Deus, eu não sei nem que dia da semana é hoje, isso é ridículo e, no mínimo, assustador.
Olho no visor do celular, que me confirma que hoje é sexta, me deixando mais aliviada. Eu ainda não tinha perdido totalmente a minha sanidade.Oliver's POV
Acordo às oito horas, com minha cabeça latejando de sono, e meus olhos se recusavam a abrir. Esse é o resultado de uma festa no meio da semana.
Eu não ia a uma festa há muito tempo, principalmente em dia de semana. Minhas ocupações eram passar o resto da noite no escritório da Felicity, a irritando para escutar ela chamar o meu nome enquanto me repreende e revira os olhos. Mas ultimamente ela tem andado muito distante, e acredito que tudo isso seja culpa do trabalho, ela sequer move um músculo quando esta intocada em seu escritório na frente de seu computador. Desde então, festas tem voltado a ocupar o tempo.
Me viro e fecho meus olhos, tentando voltar a dormir depois de decidir que só iria a corporação no turno da tarde. Meu pai provavelmente não iria gostar disso, muito menos a Felicity, mas ela não vai nem perceber, espero eu. Ela já reclamou comigo diversas vezes por faltar turnos do trabalho, ou até mesmo um dia inteiro, não queria voltar a brigar com ela como antes. Apesar de que vê-lá irritada é a coisa mais fofa do mundo, porque ela é linda de qualquer maneira. Mesmo com olheiras, o cabelo mal amarrado e obcecada pelo seu trabalho ela continua sendo a mulher mais linda que já vi.
Eu sei que tem milhões de contras em relação a não ir agora de manhã, mas o único pró parece muito aconchegante e tentador, então continuo na cama. Já não gosto de trabalho, mas hoje não há condição alguma para ir agora quando tudo que mais quero é dormir.
Felicity's POV
Já eram doze horas e Oliver não aparecia.
Sei que ele sempre chega atrasado, mas isso é muito até mesmo pra ele. Por um momento penso que ele não veio por ter passado a noite em alguma festa ou algo do tipo, mas ele parou com isso, não é? Ele mesmo me disse que ia parar.
Quando me dou conta já estou com sua conta do instagram aberta, no qual encontro varias fotos e vídeos dele em uma festa ontem à noite.
Não sei porquê ainda me surpreendo, já era de se esperar. Eu estava certa desde o início, ele não veio hoje porque estava cansado demais da porra da festa que ele foi noite passada. Ele é totalmente irresponsável, e isso deixa meus nervos à flor da pele.
Não acredito que tínhamos voltado a estaca 0. Não que estávamos muito longe dela, mas ainda assim era melhor do que voltar à essa época.
Largo o telefone em cima da mesa, e volto a me concentrar no projeto, tentando afasta-lo da minha cabeça.
Oliver's POV
Eram duas horas da tarde quando acordo novamente. Talvez eu tenha dormido mais do que esperava, mas não me importei muito com isso.
Me levanto e tomo um longo banho quente, e só a água quente caindo sob minha pele relaxa todos os meus músculos.
Quando desço para sala de jantar o almoço está na mesa, juntamente a apenas um prato, provavelmente todos da casa já haviam comido. Coloco um pouco da comida no meu prato e como calmamente enquanto mexo em meu telefone. Havia uma chamada perdida da Laurel. Já era a segunda vez que ela me ligava na semana, e eu não retorno, tenho a evitado e nem faço ideia de como conseguiria falar com ela, tudo ainda estava muito confuso desde a última noite que nos vimos. Noite a qual não gosto de lembrar.
Ainda mexendo no aparelho encontro algo mais interessante: Felicity havia curtido todas as minhas fotos da noite passada. O que era nada bom.
Ela com certeza fez isso para eu me dar conta do quão brava ela está e de que sabe do porque faltei o turno da manhã hoje. Prometi a ela que não faria mais isso, e fiz. E ela com certeza deve estar querendo arrancar minha cabeça agora, e não a culpo por isso.
Conhecia ela suficientemente bem para saber que essas curtidas não tinham nenhuma intenção amigável. Mas algo me deixou ainda mais intrigado, ela notou a falta da minha presença, tanto que fez questão de saber porque eu havia faltado. Não achei que seria notável, já que passamos a semana inteira sem nos falar, então, talvez, apenas talvez, ela sinta tanta minha falta quanto eu a dela.
Meu Deus, eu só estou a alguns dias sem falar com ela e me sinto assim, que diabos está acontecendo comigo? Credo.
Quando acabo de comer subo para escovar meus dentes e vou ao carro, dirigindo para a empresa. Durante o caminho diversos pensamentos rodeiam minha cabeça, mas tento afasta-los quando finalmente chego lá.
Eram mais de 3h da tarde, e alguns dos funcionários já tinha até ido embora, mas Felicity ainda estava em seu escritório, provavelmente sequer saiu para almoçar.
Durante a semana eu não a vi parando pra comer uma única vez. Ela estava mais focada do que nunca, de uma maneira preocupante. Parecia que não dorme há dias, e aparenta estar exausta. Mas ainda assim continua linda. E extremamente sexy com essa caneta vermelha no canto da boca enquanto digita algo freneticamente. Sua obsessão por esse projeto estava me deixando preocupado, mas não tive coragem de atrapalha-lá, principalmente porque da última vez que fiz isso ela brigou comigo, e não foi pouco.
Termino alguns dos meus trabalhos pendentes até às cinco e meia, e finalmente decido ver a loira, mas quando saio do meu escritório enxergo pelo vidro transparente o mesmo cara da segunda-feira, e o da terça, e o da quinta... Ray Palmer. Só de vê-lo perto dela faz todo o meu corpo queimar, ardendo em ciúmes. Mas eu não podia fazer absolutamente nada, só observar ele com a minha garota, que não é minha. O que me corroía ainda mais por dentro. Algo nele me irrita. Talvez fosse seu jeito alegre, atrapalhado, ou sei lá, eu simplesmente não ia com a cara dele e odeio ele perto dela. Parecia que eu ia explodir e nenhuma alma sequer perceberia, enquanto ela continuava conversando com ele.
– "Senhor Queen?" Uma voz feminina me tira de meus devaneios.
Era a secretária, informando que havia uma visita para mim que subia em breve. Mas quem seria?
Depois de poucos minutos a porta do elevador se abre, revelando uma morena totalmente reconhecível: Laurel.
Que porra ela está fazendo aqui?
– "Oi." Ela diz com a voz rouca e dando um sorriso de lado.
– "Oi. O que faz aqui?"
– "Bem, eu... não sei. Queria resolver as coisas, conversar com você. Não nos falamos faz um tempo, então... não sei."
Por mais que eu não estivesse preparado ainda, seria bom esclarecer as coisas, uma pendência a menos pra resolver.
– "Sim, claro. O que tinha em mente?"
– "Talvez pudéssemos sair pra jantar? Ou podíamos comer uma pizza na minha casa, sei lá. Pode decidir." Sua voz era trêmula, e o nervosismo nela era evidente.
– "Tanto faz." Respondo. Mas essa com certeza não era uma boa ideia.
– "Pizza então?"
Laurel pergunta e eu tento decidir entre aceitar ou não.
Seria ótimo esclarecer tudo e acabar com este assunto de uma vez, mas eu não sei se queria isso hoje, agora, e muito menos na casa dela.
Olho para o lado e ainda vejo Palmer na sala de Felicity, e por impulso acabo aceitando o convite.
Estou farto de agir sem ao menos pensar, para me arrepender depois. Eu sei que eu ia, porque sei que não deveria aceitar jantar com Laurel, muito menos em sua casa, mas meu ego falou mais alto, e isso provavelmente iria me custar caro.
Felicity's POV
Não conseguia prestar atenção em mais nada que Ray falava desde que vi Laurel entrar no escritório de Oliver. Ela tinha chegado a uns cinco minutos, mas pareciam horas.
– "Felicity?"
Palmer me chama, e eu respiro fundo, tentando o escutar, mas a minha cabeça estava completamente em outro lugar.
– "Oi." Falo tentando não deixar muito claro que naquele exato momento todas as minhas células ardiam em ciúmes. Mas por que caralhos eu estava com ciúmes? Nunca me senti assim.
Ele percebe o quão perdida eu estava, e olha para o lado, exatamente para onde eu estava olhando antes. Talvez eu não saiba disfarçar tão bem.
Inevitavelmente faço o mesmo que ele, e quando penso que não pode piorar, vejo Oliver saindo com Laurel de seu escritório. Os dois provavelmente iriam jantar juntos, porque ele provavelmente a convidou e ainda fez questão que ela viesse até aqui. Talvez eles estivessem juntos de novo e ele esteja gostando dela.
Minha cabeça estava a mil pensamentos e nenhum deles parecia bom. Sinto meu estômago cair ao vê-lo sair com Laurel, uma sensação desconhecida e completamente terrível. E completamente sem sentido algum.
E, para piorar, Oliver me flagra olhando para ele e me dá um sorriso. Minha única reação foi virar meu rosto e voltar a pelo menos tentar prestar atenção em Ray, que estava assistindo toda a cena.
Como Oliver me dá nos nervos, de todas as maneiras possíveis, meu Deus.
– "Você e ele... já tiveram ou têm algo?"
Engasgo.
– "O quê? Não. Somos só amigos." Não consigo deixar de pensar que gostaria que minha resposta fosse diferente.
– "Não é o que parece. Você estava quase o matando com os olhos por estar saindo com outra garota." Palmer diz com o que parecia ser um tom de decepção, talvez tristeza. E talvez ele estivesse certo, mas eu não iria admitir isso, principalmente para ele.
– "Não, claro que não. Será que vou precisar repetir? Somos só amigos."
– "Tudo bem, calma." Ele diz calmamente, sua expressão já não era a mesma, poderia dizer que havia um certo alívio, o que era estranho.
Oliver's POV
A pizza provavelmente já devia estar fria quando finalmente chegamos na casa de Laurel. O caminho inteiro foi um completo silêncio, tornando as coisas mais constrangedoras do que já estavam.
Sua casa permanecia exatamente como da última vez que tinha vindo aqui. Ao abrir a porta ela pendura seu casaco, e eu faço o mesmo com minha jaqueta após colocar a pizza em cima da mesa. O sabor era calabresa, não era nem de longe um dos meus preferidos, mas preferi deixá-la escolher.
Ela pega dois pratos e coloca um pedaço em cada, os levando para a sala de estar, e eu a segui, ainda sem falar uma palavra. Nada conseguia sair da minha boca.
Pego meu telefone e decido mandar uma mensagem para Felicity, enquanto Laurel liga a TV.
"Oi. Como está?"
Não sabia o que dizer, ou perguntar, só queria saber se estava tudo bem entre nós dois. Ela com certeza devia estar brava comigo, e me ver saindo com Laurel não deve ter ajudado em nada. Droga. Ela deve ter entendido tudo errado e agora está pensando que estou saindo com Laurel.
– "Oliver" Laurel meio que grita, me tirando do transe e eu sigo sentando ao lado dela no sofá, mas não muito perto.
– "Então..." Ela tenta iniciar uma conversa, mas falha.
– "É..." digo encarando a pizza no meu prato.
– "Não nos falamos faz um tempo. Como você está? O que anda fazendo?" Ela me pergunta, iniciando uma conversa estúpida, mas que ainda assim era melhor do que a conversa que estava por vir, e que parecia que ambos tentávamos evitar.
Não sei quanto tempo passamos conversando sobre coisas idiotas da nossa vida, que nenhum dos dois estava interessado em saber, mas me pareceram horas, o que já estava sendo tortura.
– "Precisamos conversar sobre uma outra coisa..." Oh não.
– "Primeiro, deixe-me falar. Naquele dia eu atirei tudo em cima de você de vez, e talvez isso tenha sido demais. Você provavelmente deve ter ficado confuso, eu também fiquei, e desde então estolamos nos evitando, e eu não quero mais ficar assim. Por mais que nosso relacionamento não venha a ser o que eu quero, não gostaria de perder sua amizade. Bem, eu ainda gosto de você, e gostaria de tentar novamente, proposta que você me fez muito antes, mas não sei se ainda está válida agora. Sim, eu sinto algo por Merlyn, mas você sempre é a pessoa que rodeia minha cabeça o dia inteiro, e eu não podia mais guardar isso pra mim. E... acho que é tudo."
– "É muita coisa para assimilar." E era. Ainda estava tentando organizar tudo na minha cabeça, pois parecia tudo muito confuso.
Antes, ter a ideia de que Laurel ainda sente algo por mim faria todos os meus neurônios se agitarem, por mais que eu continuasse sendo o idiota de sempre com ela. Mas agora, suas palavras não me causaram efeito nenhum, e isso é mais uma novidade que eu precisava assimilar.
– "Eu sei."
– "Mas obrigada pela sinceridade, eu acho. Precisava disso."
Ela assente com a cabeça, mas algo em sua feição me diz que ela esperava algo mais. Uma correspondência, ou uma declaração, qualquer que seja. Mas eu não sabia o que dizer. Meus sentimentos por ela já não existiam mais, e eu não sabia como dizer isso sem parecer tão mau. Se fosse antes, não me preocuparia em magoá-la, mas não queria fazer isso com ela. Já a decepcionei demais.
Olho rápido o visor do telefone, e nenhuma resposta de Felicity.
Merda.
– "Laurel... eu..." Nenhuma frase inteira saia da minha boca, e ela chegava ainda mais perto de mim, o que piorava a situação.
– "Ollie..." Sua voz era rouca e trêmula, sua aproximação estava me deixando nervoso. Se eu continuasse aqui, ou não fosse sincero com ela naquele momento algo irreversível poderia acontecer.
Antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, seus lábios já estavam repousados nos meus. Meus instintos me diziam para afastá-la, e era isso o que eu ia fazer. Mas a imagem de Palmer e Felicity não saia da minha cabeça, uma parte do meu cérebro atirava que ela provavelmente estava o beijando nesse momento, e por isso não respondeu minha mensagem, enquanto eu pensava nela. A pior parte de mim. Não sei porquê, mas retribuo seu beijo, deixando mais uma vez meu ego falar mais alto.
Enquanto a beijo meu subconsciente está em uma luta interna se deveria ou não fazer isso. Não conseguia tirar Felicity da minha cabeça, mesmo beijando outra garota.
– "Laurel, não..." Falo me desvencilhando do beijo, finalmente tomando a decisão que provavelmente era a certa.
– "Não devíamos, é... acho que entendeu errado... acho melhor ir embora." Digo me levantando.
Ela não diz uma palavra até eu passar pela porta. Acho que ambos estamos confusos com essa situação. Mal sabia que porra tinha acabado de acontecer agora.
Felicity's POV
– "TERMINEI!" Grito dentro do meu próprio quarto entusiasmada porque finalmente havia terminado esse maldito projeto.
Levanto da cama e vou para cozinha procurar algo para comer, enquanto mexo no meu telefone.
Imediatamente enxergo no ecrã uma mensagem de Oliver.
"Oi. Finalmente livre de trabalho! E você?" O respondo, mas ele não manda mais nada. Talvez tivesse ido dormir, já estava tarde, e fazia tempo que havia me mandado aquela mensagem.
Depois de comer decido ir dormir, depois de um demorado banho.
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My sweet CEO - Olicity
Ficción GeneralAdaptação da série arrow, onde Oliver não se torna o green arrow. Oliver é um bad boy, rico e mimado que sempre teve tudo em suas mãos. Seu pai, cansado disso, decidiu que ele teria de trabalhar em sua empresa, lá sua auxiliar iria ser Felicity Smo...