Capítulo 24: Lorena

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Depois de ajudar Lis a guardar todos os figurinos e supervisionar enquanto Klaus, Samuel e Adônis ajudavam com os cenários, saímos de lá para o centro da cidade, onde realmente aconteceria a festa.

Íamos sendo saudados pela apresentação, ganhando vários mimos e tortas das barracas. O lugar estava cheio de gente passeando, e uma banda sertaneja tocava em um palco improvisado no meio da praça. Klaus não largava a minha mão, e não que eu achasse isso ruim, só não tinha costume com esse tipo de carinho. Quando por ventura acabávamos nos separando, ele dava um jeito de sempre manter alguma parte do corpo dele junto ao meu. Era sufocante e delicioso.

Ficamos com a turma durante todo o passeio ao centro enfeitado, e nos aventuramos a brincar em alguns brinquedos de parque. Klaus amarelou na montanha russa dizendo que era muita alta, mas Adônis se provou um companheiro de aventuras radicais, e o substituiu. Ele segurava minha mão no alto e gritava nas descidas, e quando fazíamos curvas violentas, os meus cabelos iam parar no rosto dele, que cuspia me xingando. Era engraçado.

Perto das nove da noite estávamos na pista vendo as pessoas dançarem. Depois de um dia tenso daqueles, ninguém queria saber de dançar. Logo o cansaço foi batendo e Tony, Débora e Lis foram embora. Adônis, para variar, estava atracado com uma garota que parecia ser bem mais velha do que ele. Samuel e Rany tentavam manter um diálogo sobre a revolução francesa, mas parecia uma briga; aqueles dois tinham potencial. Eu estava deitada no peito de Klaus, com metade do meu corpo em uma cadeira, e a outra metade em cima dele. Dominic me chamou de espaçosa quando meus pés tomaram a cadeira que ele estava sentado, fazendo-o se encolher.

Era uma coisa tão natural e agradável, estar ali entre eles, que não me liguei nas horas passando, nem no que me esperaria em casa quando eu chegasse. O pastor não deveria mais estar na festa, mas eu o tinha visto no teatro, e vi quando ele saiu depois que cantei "Take me or leave me". Se eu estava apavorada? Lógico! Mas também estava em êxtase por tê-lo desafiado na frente de toda a cidade. Não pensei duas vezes quando Gustavo nos sugeriu aquela música, e só precisei convencer Rany a entrar nessa comigo.

— Está gostando da festa? — Klaus sussurrou ao meu ouvido e eu me encolhi em cima dele.

— Está melhor do que ano passado

— Você veio ano passado? — Ele perguntou franzindo o cenho.

— Na verdade eu vim para abrir a porteira dos carneiros.

— Ai meu Deus, foi você? — Klaus começou a gargalhar e eu me virei para olha-lo melhor. Ele ficava lindo quando sorria. — Devia ter imaginado. O pai de Adônis passou perto de processar alguém por causa daquele monte de carneiro correndo no meio da festival. Mas até que aquilo nos fez rir um bocado.

— Eu sou um gênio — Falei voltando a encostar-me ao seu peito. — Nunca te disse isso?

— Ah, eu soube no dia que você quis usar meu celular para quebrar um vidro.

— Então foi por isso que você não resistiu aos meus encantos? — Perguntei colocando o máximo de sedução na voz.

— Eu tentei, poxa, mas você é deliciosa demais para ser resistida.

Alguma coisa dentro de mim se agitou e eu estremeci. Se Klaus continuasse a falar essas coisas, eu não ligaria de ser presa por atentado ao pudor. Estava subindo pelas paredes desde o dia da corrida.

— Eu preciso resolver algo antes de ir para casa, você pode ir comigo? — Klaus hesitou antes de perguntar e eu imaginei o que ele tinha de resolver uma hora dessas. Mas a quem eu queria enganar? Iria com ele até ao inferno, se ele chamasse.

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