Capítulo 15: Klaus

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Eu realmente não sabia o motivo de Marion decorar tanto a casa se no final da noite teria vômito descendo pelas paredes e terra em cima do sofá espanhol da sua mãe. Eu tinha dito que essa era uma péssima ideia. Que se ela queria uma festa, poderia ter dado uma festa de garagem, e não dentro da casa. Os pais dela surtariam quando voltassem. Sem contar que se a polícia batesse ali, os mais velhos estariam muito encrencados, e eu era um deles. Também não poderia esquecer o fato de que eu era filho do delegado, então o problema seria duplo. Mas Marion me ouviu? Claro que não! Toda charmosa com um vestido justo tomara que caia verde escuro, desfilava pela casa dando uma de boa anfitriã. Gostosa, não podia negar, mas eu estava uma pilha de nervos hoje e a última coisa em que pensava era no quanto eu poderia aproveitar aquele vestido.

Encostei-me à escada de madeira, procurando enxergar o máximo que podia da casa inteira. Ali a visão era privilegiada porque cobria a cozinha e o show de margueritas dançantes que estava acontecendo naquele momento com Rany comandando tudo; e a sala, com uma garota loira que sabia que era do primeiro ano, dançando uma música eletrônica em cima da mesa de centro, também espanhola, da mãe de Marion. Revirei os olhos enquanto sorvia meu copo de whisky.

Adônis estava atracado num canto com a mesma morena que tinha almoçado conosco durante toda a semana. Ela era linda e ele bastante convincente, visto que ela não o largava um minuto sequer. Aquilo acabaria de modo pervertido, e não podia culpa-lo.

Samuel estava jogando sinuca com Tony e Raul, que estava dando uma de juiz.

— Porque você está aqui sozinho? — Dominic perguntou se aproximando de mim no exato momento em que consegui ver Marion entrando com Lis pela porta dos fundos.

— Estou meio morgado para festa hoje. — Respondi desanimado.

— Sei bem como é isso. — Ele tomava um copo de suco de uva com vodca, e apostava que nem sabia que tinha vodka ali. Era a primeira festa de Dom. Marion insistiu em convidar todos da turma de música, o que incluía o pianista.

— Por que você veio? — Tomei o resto do Whisky e fiquei esperando ele responder, mas Dom parecia distante. Efeito do suco de uva batizado.

— Minha mãe disse que isso seria legal para meu status social.

Bufei.

A mãe de Dom era a esposa de um engenheiro e uma maldita alpinista social. Às vezes eu achava que ela tinha vergonha de ter um filho tão tímido quanto Dominic, e por isso o empurrava para qualquer lugar que pudesse mostrar ao mundo que o filho poderia ser descolado. Se eu fosse pai daquele garoto, teria muito orgulho dele. Não conhecia ninguém mais talentoso e esforçado do que Dom.

— Qual o problema dessas mulheres com status, heim?

— Se você descobrir, me avisa. — Ele disse dando de ombros.

Ficamos em silêncio mais algum tempo, observando as pessoas passarem e encherem a cara. Um show pirotécnico preenchia a sala ao redor, e um garoto que eu nunca tinha visto na vida, mas que me lembrava do Elvis Presley, rodopiava pelo lugar. Não sei por que, mas na hora pensei em Lorena fazendo algum comentário sobre aquilo. Ela era a melhor em soltar as piadas mais profanas, e aquele maluco merecia uma.

— Ei, foi muito legal aquilo que você fez por Lorena. — Estava querendo dizer isso a Dominic desde segunda, mas a oportunidade me escapou em vários momentos.

Ele me olhou com atenção e sorriu.

— Ela é uma garota legal, só precisa de uma oportunidade.

Levantei as mãos me rendendo e sorri para ele de modo despreocupado. Lorena e legal na mesma frase eram coisas quase impossíveis.

— Nós demos oportunidades para ela, Dom, a garota que simplesmente é intragável e orgulhosa. — Resmunguei. Talvez eu tenha exagerado um pouco. Ela era sim orgulhosa, mas o jantar na casa de Diego me mostrou que ela não era intragável quando queria ser bacana.

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