Capítulo 2 - Planos de Viagem

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A noite seguinte chegou, e o curso do que já vimos, iria se repetir por mais uma madrugada. Selene sairia escondida do castelo para se encontrar com Clay para poder achar um alvo novo.

Mas essa noite observamos pelos olhos de outro alguém, aquela que andava nas sombras de Eaglewood esperando o seu momento certo de agir. O céu estava bastante iluminado pela luz da lua e as estrelas que brilhavam, não havia uma nuvem sequer, estava quente como o verão daquele local.

Katleen estava na rua principal da cidade indo de encontro com a delegacia em todo esplendor e poder que possuía. Usava seu vestido vermelho sangue que se abria bem na direção do umbigo, mostrando sua calça preta e as botas de couro para andar na estrada de terra. Ela sabia que ninguém seria louco de importuná-la, ela estava errada.

— Olhem que ruiva — disse um homem do outro lado da rua para seus dois amigos que o acompanhavam.

— Que combinação peculiar! — comentou outro. — Pele preta e cabelos cacheados alaranjados.

— Porque não conta para nós seu segredo ruivinha? — provocou o terceiro.

Como dizer a eles que seus cabelos eram o resultado de seu plano de anarquia da monarquia? Era claro que ela não ia revelar seus segredos para eles. Porém, a fome batia em seu estômago, e um lanche antes de sua investigação não seria nada mal.

Os três homens pareciam fazendeiros, usavam chapéus de palha, botas sujas de lama e camisas de algodão. Dois estavam com calças marrom, um com suspensórios e o outro sem, o terceiro usava um macacão castanho por cima da camisa.

Katleen deu um singelo sorriso para eles sem mostrar os dentes, eles responderam com risadinhas e um assobio. A olhavam como um pedaço de carne antes do almoço, da cabeça aos pés sem escrúpulos ou vergonha alguma.

— Porque não conversamos em um lugar mais reservado? — falou ela docemente. — Contarei todos os segredos que quiserem saber.

Os homens se entreolharam com a malícia no rosto, afinal eram três e ela apenas uma, o que ela seria capaz de fazer contra eles?

— Tem um celeiro livre aqui atrás — apontou um homem.

— Perfeito — respondeu ela.

— Primeiro as damas — disse outro abrindo espaço por entre eles para que ela passasse.

— Que cavalheiro — falou ela avançando por entre o grupo.

Era uma situação incômoda passar por entre homens sozinha, algo indescritível para uma mulher, mas era o que ela precisava no momento, não, era o que ela queria.

O celeiro era nojento, havia algumas vacas e cavalos presos, feno para todo lado e o cheiro de estrume entrava pelas narinas dela, a luz de um lampião pendurado ao meio do cômodo tentava iluminar o precário local. Enquanto observava o lugar a porta atrás dela se fechou, e os homens já começavam a se vangloriar.

— Não queremos que fuja da diversão ruivinha — falou um deles.

— Realmente — Disse ela se virando para eles. — Não quero que fujam da diversão.

O espanto nos rostos deles ao verem os olhos dela brilhando em vermelho e os dentes pontiagudos em seu sorriso voraz sobre a pouca luz do lugar, mostrava o medo e o pavor que agora sentiam por ela.

— Que tipo de monstro é você? — perguntou um deles.

— Vamos sair daqui. — falou outro.

Mas ao se virarem, a própria Katleen estava a frente da porta impedindo a passagem.

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