Capítulo 19 - No Fundo do Buraco

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Dor, era uma palavra que Allynna conhecia o significado bem mais fundo que em sua pele, mas aquela que sentia, naquele momento, de seu abdômen perfurado por uma bala a derrubou. Ela se desequilibrou do galho que estava e acabou caindo. A guardiã realmente achou que era o seu fim, pois aquela aflição se espalhava por todo o seu corpo a tomando de pânico e medo, e a única coisa que conseguiu fazer foi se entregar na queda que finalmente daria um fim a sua dor.

Mas, repentinamente, sentiu tudo indo embora, uma paz preencheu o seu corpo. O cheiro do pólen das rosas do deserto preencheram todo o ar, ela sentiu ter deitado no mesmo gramado que sua mãe a amparou anos atrás. A dor havia sumido. Quando abriu seus olhos viu estar deitada sobre o colo de Clay que gritava desesperadamente.

— ESPALHEM-SE EM DUPLAS! PROTEJAM-SE!

Foi o suficiente para a guardiã despertar, sua mão foi de encontro com o ferimento em seu abdômen, uma folha estava no local contendo o sangramento que parava pouco a pouco. Ela agradeceu em pensamentos a sua mãe por a proteger e salvá-la mais uma vez.

— Peguem-nos! — ouviu-se a voz da bruxa.

Allynna apoiou o braço sobre os ombros do amigo e levantou-se, o que espantou Clay que a segurava aninhada ao chão.

— Estás bem? — ele perguntou preocupado.

— Pronta para a próxima. — respondeu puxando o arco novamente da pura mata.

A sua frente já não havia o mesmo número de inimigos que antes, apenas Cliford e Barth os encaravam esperando, como se houvesse algum acordo silencioso de respeito na batalha. Seus aliados também já não estavam mais ali, só restará Clay ao seu lado para aquela batalha, que estava um pouco receoso quanto a saúde de sua aliada, mas achava louvável sua determinação e força.

Seus olhos foram de encontro com o inimigo, Barth era grande, mas não parecia tão perigoso e sim recluso quanto a batalha. Já Cliford despertava a ira de Clay, ao qual o xerife tentava conter e manter-se em foco. Era a primeira vez em sete anos que ele revia o rosto daquele que matou o seu pai, o rosto que ele nunca esqueceu, que agora possuía uma barba e algumas rugas a mais, mas ainda era o mesmo menino.

— Você errou! — falou o xerife.

— O quê? — Cliford se surpreendeu com o comentário.

— Eu vi que estavas mirando em mim, eu ia atirar em você, porém foi mais rápido que eu. Mas você errou.

— Então foi você? — Allynna cuspiu um punhado de sangue no chão.

— Seu inimigo sou eu — interrompeu Barth pondo-se à frente do irmão.

— Deixa que do ladrãozinho eu cuido. — Clay levantou a espingarda e disparou

O tiro foi direto na testa de Cliford, que se não fosse por seu poder, não teria sobrevivido a ele.

— Isso não vai funcionar! — caçoou o ladrão.

— Eu sei, foi só pra testar — Clay ajeitou a arma em seus braços com a coronha para frente. — Vamos à moda antiga então.

O xerife avançou, segurou firme o cano da arma de seu inimigo com a mão esquerda e com a base de sua própria arma bateu com força no tórax de Cliford o fazendo recuar. Ele conseguiu desarmá-lo, jogando a espingarda inimiga para longe, mas o ladrão não cairia duas vezes no mesmo movimento. Mais um avanço feroz de Clay com a base de sua arma, que surtiu efeito algum, Cliford atravessava os movimentos e fez um nãozinho com o dedo.

Ao lado deles, a luta de Allynna e Barth se intensificava. A caçadora também abandonara a ideia de atirar no lenhador com suas flechas, usava seu arco para lutar, como quem forçava uma pedra a rachar a golpes de um galho. Golpes esses que não surtiam efeito no corpo rígido do lenhador, que simplesmente deixava ela o golpear o quanto quisesse, o arco quebrara três vezes antes que ela percebesse que não estava surtindo efeito.

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⏰ Última atualização: Jul 10 ⏰

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