Capítulo 12 - O Destino das Deusas

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Existem coisas nessa jornada que unem nossos heróis, a sensação de que os destinos deles os levaram aquela floresta era ainda mais forte para quem conseguia enxergar os detalhes.

Ângela mal havia saído do porão da taberna, quando as lágrimas de desespero começaram a escorrer por seus olhos. Ela sentia tudo perdido, uma completa escuridão sem propósito à sua volta. E em respostas, o cordão em seu peito brilhou novamente, a lembrando de que ainda havia o que se fazer. Orou para que Lune a ajudasse na jornada, a dando força para conseguir seguir em frente, e seu coração pareceu ser preenchido por uma certeza que a impulsionou ainda mais.

Seguindo as instruções do barman, ela caminhou por todo o começo da tarde. Já conseguia ver as árvores da floresta ao longe. Mas o medo a golpeou novamente, sem saber se a assassina já estava na floresta ou não. Não havia rastro algum da presença dela pela estrada. A pedra de seu cordão brilhou outra vez indicando que o caminho que seguia a levaria para a outra pedra.

Passou uma parte da viagem tentando lembrar os feitiços que decorou em seus curtos meses na escola de magia. Estava totalmente desatenta quando uma onda de pavor a atingiu, suas pernas paralisaram e o corpo começou a tremer. A sua frente ela enxergou uma mulher encapuzada toda de preto com um machado longo na mão, bem parecido com as armas dos guardas de seu antigo palácio. Daquela mulher surgia uma energia de pânico e medo profundo, uma fumaça negra saia de seu manto, os olhos brilhavam em amarelo como brasas.

Bem a frente da criatura, uma outra menina destoava da imagem grande e maldosa que assustara a princesa. Era franzina e pequena, usava roupas azuis e brancas e carregava uma bolsa em seu ombro. Mesmo com a diferença de estatura, ela enfrentava olho a olho, sem bambear, o ser de sombras a sua frente. Ângela não conseguia ouvir o que diziam, nem sequer conseguia fazer um movimento. Mentalmente ela desejava ter a coragem daquela jovem.

Em um movimento do manto negro que portava, a mulher se transformou numa nuvem de sombras que voou para as entranhas da floresta até sumir de vista. Exatamente na direção em que Ângela seguiria. Em seu peito, o cordão brilhou novamente, e Ângela pode sentir uma força a empurrando para aquela menina. Sem a mulher assustadora, o efeito de medo havia cessado e ela já conseguia se mexer novamente. Reuniu todas as suas forças para poder soltar a língua em sua boca e falar:

— Es-estás bem?

A menina virou em sua direção, revelando pinturas em sua pele em tons de azul, preto e branco. Seus olhos castanhos esverdeados cravaram-se no cordão dela, a princesa recuou assustada. Com certeza ela deveria ter abandonado suas roupas brancas para se misturar à população e guardado a coroa para passar despercebida, nem sequer pensou nisso durante a fuga da taberna. Mas a menina esboçou um sorriso no rosto para ela, e deu-lhe uma resposta inesperada.

— És tu! Tu quem eu deveria encontrar.

— Co-como? — perguntou Ângela confusa

— És uma das escolhidas por Paradys para estar comigo quando chegar a hora — disse a menina, confundindo ainda mais a princesa com o que dissera.

Ângela estava controlando os impulsos de correr, estava assustada. A menina em sua frente tinha um semblante exótico, com o qual a princesa não estava acostumada. Dava pequenos passos para trás confusa com aquela conversa, quando novamente a pedra em seu peito brilhou, muito mais forte e intenso que todas às vezes naquele dia. A sensação de confiança e verdade preencheu o corpo de Ângela a fazendo firmar seus pés onde estava e ouvir.

— Essa energia — falava a menina. — você também tem uma ligação com as Deusas.

— E-eu... sou a abençoada pela lua — falou acanhada.

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