Capítulo 11 - Uma Parada para Beber

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A noite era extremamente confortável para Katleen. Por ser uma vampira, o frio não era algo que a incomodava. Ela atravessou a escuridão para chegar a Corohn antes de todos. Já estava amanhecendo quando adentrou pela entrada da pequena cidade, os moradores começaram a arrumar suas vendas e se preparar para seus trabalhos diários. Era uma cidadezinha pobre, tanto quanto Eaglewood.

Largou o cavalo que roubara em um canto e observou ao redor, sua chegada fazia todos que já estavam de pé a olhar de cara feia, mas ela pouco se importou com isso. Um homem passou a encarando de forma estranha, Katleen abriu um sorriso ameaçador mostrando seus dentes, e o homem apertou o passo assustado. Ninguém que olhava para ela naquela cidade saberia que ela era uma vampira, era imperceptível a não ser que olhasse bem de perto para os olhos avermelhados dela que se camuflam muito bem com o tom de seu cabelo.

Subiu ao telhado de uma casa perto da entrada da cidade, onde poderia ficar de olho em quem chegava e ainda observar o nascer do sol. Sentiu os raios de luz tocar a pele e o calor encher seu corpo. Lembrou-se de quando ser tocada por frestas de luz faziam a pele queimar, assim que um vampiro é transformado sua sensibilidade aumenta ao nível de deixar a carne fraca até mesmo para o sol. Mas logo depois de algum tempo esse feito cessa e se pode viver livremente. E claro que a história que ainda corre é de que o sol expurga vampiros, os humanos não se atualizam muito sobre o sobrenatural que os cerca.

Eram bons contos que a faziam rir, junto às lendas que eram espalhadas sobre ela. Essas lembranças trouxeram a melancolia dos dias em que sofreu sua transformação. Dolorosa, porém necessária, como tudo que aconteceu com ela até agora. A vingança era uma bengala em que ela se apoiava para se manter sã. Mas mesmo com tanto sofrimento, após um longo tempo viva, percebeu que as pequenas coisas, como o nascer do sol, eram momentos para se parar e observar, em meio a longa e conturbada não vida que levava.

Katleen aguardou a chegada da princesa com sua trupe, observando os movimentos da cidade, tudo muito pacato, na verdade. No começo da manhã, um homem de chapéu e roupas pretas saiu da taberna local assobiando, passou na delegacia local e saiu da cidade caminhando. Ele diferia de todos daquelas terras, e a vampira sabia disso, pois todos o olhavam com a mesma cara feia que olharam para ela quando chegou ali.

Não muito tempo depois disso, uma jovem de cabelos pretos curtos e um vestido branco adentrou a cidade. A coroa em sua cabeça fez a fúria de Katleen esquentar. Ela a observou de longe, desceu do telhado em completa invisibilidade e a seguiu. A menina perguntou sobre um cordão parecido com o dela, mas ninguém da cidade ousou dizer uma palavra com ela. A vampira pensou em atraí-la para um local vazio e beber seu sangue. Mas antes que pudesse fazer um movimento a menina teve sua atenção roubada por uma mulher encapuzada.

A vampira então desistiu e voltou para o seu posto, ela deveria manter o foco em seu verdadeiro alvo. De cima do telhado viu a menina sair correndo da delegacia, onde tinha entrado com a outra figura encapuzada, direto para a taberna. E a mulher, que já estava sem o capuz, a seguiu com uma katana em punhos. A curiosidade atingiu Katleen, que desceu mais uma vez do telhado para ver do que se tratava. Mas foi nesse exato momento que a princesa chegará cavalgando, junto a ela estava o mago que parecia estar tremendo. Logo atrás vinha o xerife em outro cavalo com as malas.

Ela acompanhou com o olhar eles pararem na delegacia local, mas saíram de lá na mesma hora.

— Está vazia, e precisamos de informações — falou Clay. — A cidade mudou muito desde a última vez que eu vim aqui.

— Já veio aqui antes? — perguntou Selene

— Uma vez, eu... — ele lembrou do comentário de Ravinos sobre a história da "menina presa no porão" e preferiu deixar isso de lado. — Com meu pai, há alguns anos.

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