Capítulo 9 - Atrasados para Começar

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Enquanto a manhã no castelo fora agitada por visitas indesejadas e saídas estratégicas. Clay tomou seu café da manhã sozinho mais um dia, sua mesa de madeira tinha tantas opções de comida quanto ele tinha de companhia. O cheiro do café recém coado estava no ar, ele deu um gole grande e espantou todo sono que tinha em seu corpo.

Comia um pão que comprara na padaria local noite passada, era dormido, mas ainda servia para uma primeira refeição de um dia agitado. Mastigava enquanto encarava o chapéu de couro castanho a sua frente, pendurado em uma parede, junto a antiga estrela de xerife da cidade e uma medalha de honra. Que se dane a honra, ele queria seu pai de volta.

Banhou-se e se pôs a fazer a barba, a lâmina da navalha passava em sua pele enquanto encarava o espelho. De onde estava, conseguiu enxergar um ponto brilhante prateado adentrando a cidade. Sua visita havia chegado. Terminou a tempo de sair e recepcionar o amigo na porta de sua casa.

— Mas que honra eu tenho de receber o capitão da guarda de Azuria em minha humilde morada — caçoou Clay.

Um cavalheiro de armadura prata, com uma longa capa azul escura, estava montado em um cavalo branco vindo em direção a ele. Parou a sua frente e tirou o elmo revelando a face de um rapaz jovem, com cabelos bem cortados e barba curta.

— Ainda não sou o capitão. — respondeu Ravinos ao amigo. — A condecoração será daqui a três dias.

— Com certeza, não vou perder isso — comentou Clay.

Ravinos desceu do cavalo e deu um aperto de mão no xerife.

— Foi por esse fim de mundo que preferiu a servir no castelo? — Ravinos olhava a cidade. — Se tivesse ficado, era capaz de ser você quem assumiria o comando da guarda.

— Tenho uma dívida com esse lugar. — respondeu Clay — Essa cidade muda as pessoas.

— Consigo ver — ele encarou a face de Clay — Da última vez que o vi, você não tinha esse olho vermelho intimidador.

— Da última vez que eu te vi, você era só um cadete na academia com problemas em passar na prova escrita — o xerife bateu com o nó do dedo indicador na armadura do cavaleiro.

— Pelo jeito, sou eu que tenho uma dívida com você. Vai me passar as informações dessa viagem?

— Vamos almoçar e conversamos sobre isso.

O estômago de Ravinos gostou da ideia, já que roncou alto após a frase. Ele deixou o cavalo na delegacia e foram à pensão da cidade. Um lugar pequeno, com paredes de madeira igual a todas as construções naquele lugar. Ao entrarem aqueles que comiam pararam para olhá-los chegarem. Clay não se importou com aquilo e seguiu para uma mesa vazia, mas Ravinos se incomodou com os olhares presos a eles.

— Dois especiais do dia, por favor. — disse o xerife para a atendente enquanto retirava o chapéu castanho da cabeça e o colocava na mesa.— Para de encará-los.

— É sempre assim? — perguntou ele se ajeitando na cadeira bem a frente do amigo.

— Não é todo dia que chega um cavaleiro de armadura brilhante nessa cidade. É óbvio que eles estranhariam. A cidade sofreu muito com o lobisomem.

— Um problema que você resolveu. — interrompeu Ravinos.

— Sim, eu resolvi. — Clay piscou o seu olho direito, de íris vermelha. — Mas os cidadãos ficaram mais... preocupados com visitantes, mas você vai tirar de letra. É só continuar fazendo essa cara de mau que fez quando entrou aqui.

Ravinos esbanjou um sorriso. Ele havia sido convidado pelo xerife para tomar conta da cidade na sua ausência, e o amigo aceitou de bom grado, tendo em vista que Clay o ajudou no tempo em que os dois eram cadetes para o exército de Azuria. Ravinos seguiu sendo um guarda do castelo, enquanto Clay decidiu voltar para sua cidade natal e assumir o lugar de seu falecido pai de xerife de Eaglewood.

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