Capítulo 14 - Negócios com a Morte

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Peças posicionadas estrategicamente, tabuleiro limpo e pronto para a partida. Finalmente vamos ver quem estava manipulando isso tudo, ou pelo menos, uma ponta de quem está no controle. O silêncio na casa incomodava, era perturbador, o único som audível era da lenha estalando na lareira e impedindo o frio de entrar. O cheiro de ensopado ainda estava no ar, mesmo a panela já tendo saído do fogo faz tempo. Lá fora, o sol já havia se posto e o escuro deixava a floresta ainda mais tenebrosa do que o normal.

Por mais assustadora que estivesse a mata, as figuras ali dentro poderiam ser piores, não dava para prever de qual deles iria sair o primeiro ataque. A vampira que entrou enforcada pela porta, agora passava as mãos pela garganta, que ainda latejava, para ter certeza de que seu pescoço ainda estava no lugar. Katleen estava aumentando mentalmente a sua lista de vingança, e demonstrava isso olhando fixamente para sua carcereira.

A assassina descansava a mão no cabo da katana e não demonstrava ter a intenção de tirá-la dali. A qualquer sinal de ameaça, ela cortaria o pescoço de todos dentro daquela casa. O ladrão e o lenhador encostaram na parede, prontos para uma fuga rápida caso o caos se estabelecesse por ali. Cliford puxava suas luvas para mais perto das mangas enquanto não soltava sua arma de forma alguma. Barth mantinha o machado alinhado ao peito, e ouviu muito bem o sussurro do irmão o mandando ficar ao lado dele o tempo todo.

A bruxa esboçando um sorriso medonho, estava de pé no centro da sala como se fosse apresentar um discurso ensaiado há muito tempo para seus convidados, o que de fato ela iria. O cajado em sua mão emanava uma energia verde que iluminava todo o cômodo e o deixava ainda mais tenebroso. Atrás dela, a mulher usando mantos pretos segurava o machado em posição de defesa, embora não parecesse que a bruxa precisava de proteção. Ambas esbanjavam uma aura de poder, medo e superioridade, uma aura que enjoava Cliford e irritava Katleen, mas nenhum dos dois daria o primeiro passo para amenizar isso.

— Devo desculpar-me pela forma como minha amiga se comportou — disse a bruxa para a vampira. — Às vezes, ele é deveras bruto.

— Espere, disse ele? — perguntou Meraxes do fundo da sala. — Mas, acabaste de se referir a ela como "amiga", no feminino.

— És uma boa observadora, assassina. Sempre atenta aos detalhes, não é? — elogiou Helena. — Rebeca é o nome da casca, do corpo que veem. Porém, o que o habita não é uma mulher, tão pouco humano. Mas podem continuar referindo-se a ela de Rebeca, se assim preferirem — concluiu dando de ombros.

— E o que uma bruxa e... sei lá o que no corpo de uma mulher querem com a gente?

Cliford encarava a criatura musculosa que obstruía a porta e não possuía expressão em sua face.

— Bom, quero ajudá-los com os seus objetivos. — Os olhos dela reluziam na mesma cor da energia que fluía do cajado, fazendo uma sombra em seu rosto o deixando ainda mais soturno. — Conheço suas histórias, de cada um de vocês. Eu sei os objetivos que os trouxeram até aqui.

— Ótimo, e o que você quer? Criar um grupo de mosqueteiros para que todos se ajudem e realizem seus sonhos felizes? — debochou Katleen ainda irritada.

— Quero testá-los. Eu mesma posso concluir todos os objetivos de vocês com um estalar de dedos. Mas, nesse corpo... — disse, medindo-se com o olhar — sou limitada. Entretanto, tenho poder suficiente para ajudá-los nessa batalha. Nós só temos que resolver seis probleminhas antes disso.

— E que "probleminhas" são esses? — perguntou Cliford.

— Seis intrusos que estão aqui e sequer deveriam estar vivos.

A voz grave de Rebeca cortou o ar, o que pegou a todos de surpresa, pois nem ao menos parecia que ela poderia falar.

— Alguns de vocês já conhecem seus alvos. — Helena olhou para Katleen, Meraxes e Barth. — E os outros ainda vão conhecer. O problema é entender suas ligações. — Ela olhou para Cliford. — E, se concluírem com êxito, ganharão um poder inestimado.

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