Capítulo 3 - Sacrifício em Solo Sagrado

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Agora que já conheceram três dos perdidos sobre os caminhos á floresta, está na hora de conhecer o palco de nossa história, o famoso e temido bosque proibido do lado leste do continente. Uma mata densa e isolada, que assim como Eaglewood possuía suas próprias lendas sobre o que habitava ali dentro.

A mais famosa dessas lendas era que lá havia um tesouro sagrado deixado por uma deusa, e aquele que encontrasse iria ser eternamente rico. Porém não seria tão fácil encontrá-lo assim, já que a floresta tinha uma guardiã que a protegia dia e noite e impedia qualquer um que ousasse entrar em seu território de alcançar seus objetivos. Porém, apesar dos avisos e relatos, havia um homem disposto a colocar sua vida em risco para conquistar a riqueza por um bem maior.

— Tens certeza que irá? — perguntou sua mãe em meio às tosses.

Barth se ajoelhou ao lado da cama feita de palha e madeira velha, com lençóis grossos para aquecer a sua doente mãe, que estava pálida e sem forças, mas que não tirava seus olhos do único membro daquela família que lhe restava.

— Nenhum mal me acontecerá, mãe — ele tentava tranquilizá-la. — Eu tenho...

— Bartholomeu Jesse! — ela o interrompeu. — Sua mãe sabe exatamente o que carrega com você — ela voltou a tossir.

— Não faça esforço, mãe — falou ele pegando em sua mão gelada e trêmula. — É melhor eu ficar...

— Não — falou ela. — Se acreditas que pode achar o tesouro, então vá! Nunca impedi seu irmão e nem seu pai de fazerem o que queriam, não vou começar a ser assim agora.

— Ficarás bem sozinha?

— Ficarei melhor quando voltar — respondeu ela depositando toda a sua fé nele.

Ele deu um beijo em sua testa e a olhou uma última vez antes de sair pela porta da sua casa. Sua mãe havia adoecido a alguns meses, por trabalhar tanto para mantê-los vivos após as mortes de seu irmão mais velho e o pai em um acidente. Ele já havia vendido tudo que tinha em casa para comprar remédios e pagar os médicos, mas tudo na sua cidade estava se reerguendo novamente após a morte do lobisomem que afugentava pessoas de lá.

Sobrando apenas a sua força de vontade e o machado enferrujado da família que ninguém queria comprar, ele juntou tudo o que pôde e foi à procura da floresta. Andou por longos dias e perguntava de cidade em cidade aonde ir, as direções apontavam por lugares diferentes, mas ele não desistiu, não podia desistir. Até que chegou a uma taberna repleta de pessoas estranhas em uma cidade que parecia ter sido abandonada pelos deuses. Ele se dirigiu ao balcão para falar com o barman.

— Bom dia, meu senhor — falava Barth com toda educação que tinha — Sabes informar-me onde fica a floresta das histórias?

— És um louco por achar que pode entrar lá — respondeu um homem ao lado do balcão

— Há histórias de gritos naquela floresta de pessoas que entraram a anos atrás e ainda estão lá — disse um senhor que estava sentado bebendo junto a ele

— A deusa que guarda a floresta não permite mal-intencionados de pisarem lá dentro — disse o primeiro homem.

— São apenas lendas locais, não se tem histórias já fazem anos — falou o barman — Siga até o final da estrada após a cidade, procure o rio e siga-o acima e encontrará a floresta do outro lado da margem.

— Muito obrigado — disse Barth colocando uma moeda no pote de gorjetas no balcão

Ele seguiu as instruções e realmente encontrou a floresta, de longe suas árvores pareciam altas e vividas, era fechada e escura por pouca luz que entrava pelas folhagens, mas nada impossível de se enxergar aquela hora do dia. Ele adentrou com cautela e prosseguiu, mas nenhum sinal de uma deusa guardiã.

Caminhos à FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora