XIX - Selvagem

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Rebeca acordou sentindo Gabriel se mexer e sentou, resmungando pelo tronco dolorido da posição que dormira.

— Beca...? — Gabriel chamou, despertando.

— Eu. — Coçou a cabeça e o olhou.

Ele sentou, analisando o quarto. — Onde estamos?

Ela riu, vendo a cara de sono dele. Era tão fofo.

— Estamos em um hotel, em Roma. Ethan foi atrás daquela megera.

— Mas... o que aconteceu? Eu só lembro de te ver andando até perto daquela ruiva e de Amice...

— Ela lançou um feitiço em você e depois sumiu. Você desmaiou... mas sua corrente absorveu todo o impacto e se desfez — explicou, com um pouco de pesar.

Gabriel tateou a base do pescoço, olhando para o peito. — Eu... me sinto pelado sem ela.

— Ela te salvou. — Deu um pequeno sorriso. — Agradeça a Amice... Acho que entendi o que o Tempo tinha dito sobre você manter a corrente por perto. Ele sabia que ela o protegeria.

— Sim... — Sua mão voltou para o colo. — Eu fiquei preocupado com você. Como você chegou perto dela daquele jeito? — perguntou, incrédulo. — Ela poderia ter te matado.

— Poderia, mas ela tentou matar você. Como acha que eu fiquei?

— E eu tenho culpa que ela cismou comigo?

— Okay... — Suspirou e sentou mais perto dele. — Você está bem, eu estou bem. Então está tudo bem. — Segurou as mãos dele.

— É, isso mesmo. — Deu um pequeno sorriso. — Vem cá. — A puxou para o abraço.

Rebeca enlaçou o pescoço dele com os braços e o abraçou forte, enquanto fechava os olhos.

Ela estava tão aliviada que ele estava bem. Era reconfortante estar perto dele, de sentir sua pele e seu cheiro, mas ela sentia que precisava fazer algo para recompensar aquilo.

Afastou seu rosto, o suficiente para poder olhá-lo de frente. Olhou cada detalhe de seu rosto: As sobrancelhas, o nariz, o desenho dos lábios, o queixo, as bochechas lisas e agora, coradas. Então sorriu.

Gabriel retribuiu o sorriso, e levantou sua mão até o rosto dela, a deixando na lateral do maxilar. Os dois se aproximaram devagar, como se nunca tivessem estado tão perto antes. Seus lábios se tocaram timidamente, e trocaram um selinho carinhoso. O coração de ambos batia descompassado e cheio de amor um pelo outro. Um amor que era impossível de medir, contar ou imaginar. Impossível até de demonstrar.

Um beijo daqueles não conseguia passar o que eles queriam transmitir. Nem um, nem dois, nem mil conseguiria. Era tão intenso que chegava a doer.

Rebeca sentiu algumas lágrimas quentes escorrendo por seu rosto enquanto se afastavam um pouco.

— O que foi? — Gabriel questionou, cheio de ternura na voz.

— Você... — começou, olhando para baixo, tentando achar as palavras. — Você sente como se não conseguisse colocar para fora o que sente? Como se... nada do que você fizesse conseguisse passar o que realmente sente? — finalizou, o olhando nos olhos.

— Acho que sim. Eu sinto que eu não consigo te mostrar o quanto eu gosto de você.

Ela sorriu de leve. — É, eu também...

Gabriel sorriu. — Sabe... eu acho que eu morreria se a gente se separasse. Eu... eu sinto isso, pelo menos. Parece que algo me segura inteiro, e esse algo está preso em você também. Como...

Através do Tempo - Entre VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora