XXXIX - Persuasão

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— Rebeca, feche... — começou ele.

De repente, algo tapou o rosto de Rebeca, ao mesmo tempo que sentia um abraço protetor atrás de si, cercando seus ombros.

— O que você pensa que está fazendo? — A voz de Ethan soou acima de sua cabeça, enfurecido.

— Eu não fiz nada — defendeu-se Ludevik.

Os pensamentos de Rebeca voltaram a fazer sentido, como se tivesse acordado de um transe.

— Ethan... — cochichou, tentando tirar a mão de seu rosto.

— Não, fique parada — aconselhou, calmamente. — Onde está Isabel?

— Não sei.

— Ethan? — A voz de Isabel apareceu, espantada.

— Você perdeu a cabeça de deixá-la sozinha com ele? — Ethan estava realmente bravo.

— Ele não ia fazer nada...

— E você estava aqui para saber?

— Ela não é um bebê.

— Poderia virar um com esse cara por perto. Ela já estava entrando em transe. — Houve um breve silêncio e depois, alguns passos apressados na grama.

— Eu tentei parar! — Ludevik exclamou, amedrontado. — Ela levantou comigo! Eu ia falar para ela fechar os olhos quando ele...

— Claro que ela ia levantar junto, ela não estava pensando direito! — Isabel berrou.

— Desculpa, eu não fiz de propósito!

— Isabel — chamou Ethan, mais calmo. — Tudo bem. Dessa vez passa. Espero não precisar intervir na próxima.

— Me perdoa, Rebeca, eu não quis fazer isso...

— Tudo bem, eu acho — respondeu ela, ainda um pouco confusa.

— Some daqui! — Isabel ordenou. Alguns segundos depois, ela suspirou. — Me desculpa, Beca, por te deixar sozinha.

Ethan soltou a mais nova. — Você está bem?

— Sim. Eu... O que aconteceu? Eu não entendi.

— Mesmo que ele não tente te "hipnotizar", acaba fazendo sem querer — explicou Isabel, com uma expressão chateada. — Eu não sabia que era tão fácil para pegar humanos... Eu não devia ter saído daquele jeito...

— Tudo bem, não se sinta culpada.

— Ainda bem que Ethan estava esperto, como sempre.

— Eu estava com Haziel. Felizmente, ele é compressível.

— Como você sabia? — Rebeca o olhou, curiosamente. — Estava me vigiando?

— Não. Eu sempre sinto quando você está em perigo, ou quando está calma demais, a ponto de sua mente começar a vagar, o que foi o caso.

— Vagar...? Por que isso aconteceu?

— Você ouviu o que Ludevik disse — falou Isabel. — Esses seres nasceram em um lugar naturalmente atrativo, então eles também são. Eles têm um poder de persuasão muito forte. É difícil até para alguém muito forte resistir aos "encantos" deles. Precisa ser muito cuidadoso.

— Eu fiquei assim porque humanos são mais afetados?

— Basicamente, sim — concordou Ethan. — Vocês são muito suscetíveis. Basta olhar diretamente para um deles para cair no encanto. Você viu. É realmente como se fosse uma hipnose. Vocês ficam completamente encantados, não conseguem desviar o olhar e vão caindo cada vez mais na inconsciência, até chegar ao ponto onde ficam desacordados, porém, o corpo ainda age, começando a imitar os movimentos do ser ou apenas esperando por algum comando.

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