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Caminho até o carro tentando, desesperadamente, aparentar calma, mas a verdade é que, apesar da minha cara de paisagem, eu estou eufórica. O Jake acabou com a Petra, porra! Com a Petra! E talvez tenha sido por minha causa!

Sento no banco de couro e coloco o cinto de segurança, ansiosa para saber o que havia acontecido entre eles pela manhã. A modelo não parecia nem um pouco aborrecida quando passou pela recepção.

- Eu sei que você quer perguntar, Lynn. Então, pergunte - Jake fala de repente, girando a chave e colocando o carro em movimento. Merda, esse homem lê a mente de qualquer pessoa ou só a minha?

- O quê? - Levanto uma sobrancelha, tentando fingir demência.

- Você sabe.

- Você por acaso lê mentes, Senhor Williams?

- Eu sou observador e você muito transparente, pequena. Temos duas horas até chegarmos a Londres, há muito tempo para conversar.

- Verdade - assinto, aumentando um pouco o volume do rádio. Duas longas horas onde eu, provavelmente, iria falar demais e passar vergonha.

- Por que você não me fala sobre a sua família? - o ator muda de assunto, com um sorriso.

- Bem...agora somos eu, minha mãe e minhas duas irmãs. Eu sou a caçula e a única que não quis ser médica. O meu pai morreu há pouco mais de um ano. Câncer no cérebro.

- Sinto muito, Lynn. - Ele pega na minha mão. - Vocês eram muito próximos?

- Muito. Sempre fomos muito parecidos, e não só fisicamente. A minha mãe e as minhas irmãs são idênticas umas às outras, altas e loiras. - Como a Petra, lembro. - Eu sou morena, para começar. E não tão alta.

- Eu percebi. - Ele ri. - E quais as especialidades delas?

- A minha mãe é cirurgiã plástica. Vivi, minha irmã mais velha, é cardiologista, e Cris, pediatra. O meu pai era ortopedista.

- Você tem sobrinhos?

- Tenho sim, três. Vivi tem um casal e Cris tem uma menina e está grávida, mas ainda não sabemos o sexo do bebê. As duas são casadas com outros médicos.

- Muitos médicos na família...

- Deve ser por isso que eu não quis estudar medicina. Também não gosto muito de ver sangue, confesso...gosto de livros, filmes e música. E de dar aulas. Gosto ainda mais quando consigo juntar tudo.

Jake abre o porta-luvas à minha frente, pega um óculos de grau preto e o coloca no rosto, conseguindo ficar ainda mais bonito (se é que isso é possível). A proximidade dele me deixa arrepiada. E inquieta. Mudo de posição no banco e olho o meu relógio de pulso; não se passaram nem dez minutos.

- Comecei a usar óculos no meu aniversário de 40 anos. Eu tenho 41 - ele fala casualmente, prestando atenção na estrada. - E você?

- Fiz 36, ontem. E eu uso óculos desde sempre, apesar de estar com lentes de contato esses dias. - Jake coloca a mão sobre a minha coxa, fazendo uma corrente elétrica percorrer o meu corpo. Contenho um gemido e continuo a conversa: - E a sua família?

- Os meus pais moram em Sussex e são casados e felizes há 45 anos. Eu tenho uma irmã e dois sobrinhos, Andrew e Liam, e no momento estou solteiro.

- Você tinha me dito - retruco mordendo o lábio. Ele acaricia a minha coxa devagar.

- Eu namorava a Petra há 3 anos, e nós passávamos muito tempo separados, Lynn. Nunca me preocupei muito em ser fiel - ele confessa. - Ela também parecia não se importar, mas, depois de ontem, pensei melhor e acabei o nosso relacionamento. Eu não queria me casar com ela, e foi constrangedor ser pego no flagra, mesmo que por telefone.

- Você sabe como fazer uma mulher se sentir especial, Jake - resmungo baixinho, mantendo os meus olhos fixos na estrada.

- Sim, eu sei. E, se não estivéssemos com pressa de chegar a Londres, eu pararia o carro e te faria sentir muito especial - ele fala em um tom safado. - É uma pena que eu não goste de começar o que não vou poder terminar logo.

Balanço a cabeça, tentando afastar da minha mente a infidelidade do Jake e qualquer outro motivo que me fizesse pensar que ficar com ele seria uma péssima idéia. Lembro, então, das doze camisinhas e da promessa dele de me dar treze orgasmos.

Talvez eu deva providenciar uma cadeira de rodas, penso. Porque, se ele cumprir o combinado, não vou conseguir ir andando até o aeroporto.

- Você está com um sorriso sacana no rosto, Lynn. É porque eu falei em fazer você se sentir especial ou você lembrou dos treze orgasmos?

- Porra, Jake, dá para sair da minha mente?! - reclamo, vermelha como uma beterraba. Ele ri do meu embaraço.

- Não consigo evitar, pequena, você é muito fácil de interpretar. E fica linda envergonhada.

Aceito o elogio, com o rosto ainda queimando, e abro o Spotify no celular. Uma playlist com as minhas músicas mais ouvidas começa a tocar no som do carro; Jake gosta da maioria delas, mas zomba de algumas que julga serem muito adolescentes para eu estar escutando. Devolvo a zombaria chamando-o de velho (e ele o é, pelo menos de espírito).

Seguimos até o hotel cantando na maior parte do tempo. A voz dele é tâo agradável de se ouvir que, quando me dou conta, estamos no estacionamento. Jake abre a porta e me ajuda a sair do carro enquanto eu rio do que ele fala.

- O pirralho não tem nem com o que preencher uma cueca - o inglês resmunga, com despeito. O pirralho a quem ele se refere é um cantor com cara de recém saído da adolescência, escolhido por uma marca de roupa íntima para fazer uma campanha internacional de publicidade. Jake era a outra opção.

- Você ia ficar bem melhor nos outdoors que ele, lindo - consolo-o, entrando no elevador. Até onde eu sei, o ator tem muito com o que preencher a cueca.

- Hum, eu gostei de te ouvir me chamando de lindo, Lynn. Gostei muito.

Encosto em uma das paredes e ele se aproxima, enlaçando o meu pescoço. Os lábios dele tomam os meus, sem pressa, e eu correspondo o beijo - com toda a paixão reprimida que há em mim, toda a minha alma e tudo que eu tenho e sou.

-

Postei o terceiro do dia e saí correndo! Por hoje tá bom, né, gente?!

Um beijo! Dani.

Inevitável (COMPLETO - SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora