Capítulo 7

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Acordo com a claridade que entra pela janela, me remexo na cama estranhando onde estou. Fecho os olhos com força e as lembranças da noite voltam a minha mente. Me levanto assustada lembrando de Gabriel. O procuro no berço e ele não está, saio do quarto apressada para procurá-lo pela casa. Kamilla estava muito fraca caso o tenha pegado pode ter caído com ele.

Respiro aliviada quando o vejo sentado no tapete com Sônia.

– Bom dia Dra. dormiu bem? – pergunta com um sorriso triste.

– Pode me chamar de Gabi, dormi sim. Fiquei assustada quando acordei e não vi Gabriel no berço – falo evitando me aproximar.

– Eu não quis acordá-la, por isso o trouxe para sala para ficar comigo. Há antes que eu me esqueça, tirei suas roupas da máquina e coloquei para secar, acredito que já devem estar seca. 

– Obrigada. Vou me trocar para ir embora. Kamilla já acordou? – pergunto e ela nega com a cabeça.

– Levei um chá para ela, que tomou com dificuldade e voltou a dormir. Estou preocupada com ela. O que será desse menino se ela...

– Ela só precisa descansar. Tente fazê-la comer, mesmo que ela proteste e diga não, insista. Vou me trocar para ir embora. 

– Você volta a noite? – pergunta na expectativa e nego com a cabeça.

– Não posso, tenho um compromisso inadiável. Mas ela ficará em boas mãos tenho certeza – minto e ela assente.

Pego minha roupas e sigo para o quarto me troco rapidamente como se o lugar estivesse sendo atacado e eu precisasse fugir. Olho rapidamente meu celular e vejo inúmeras chamadas perdidas da minha mãe, chegar em casa preciso ligar pra ela ou então ela vem para São Paulo andando se for preciso só para se certificar que estou viva.

Saio do quarto de Gabriel sem olhar para trás, preciso esquecer que estive aqui e apagar da mente qualquer lembrança da noite passada.

– Vou indo, tenha um bom dia Sônia – falo seguindo para porta.

– Não vai se despedir do menino? – pergunta intrigada e me sinto impaciente.

– Tchau Gabriel. Até mais – vejo a senhora abrir a boca para questionar meu comportamento mas saio do apartamento antes que ela tenha a chance de conseguir falar.
Me encosto na porta e respiro profundamente.Sigo para minha casa, preciso de um banho e fazer tudo que planejei para essa folga.

Chego em casa e antes de guardar as coisas que comprei ontem no shopping meu celular toca, atendo preparada para ouvir os sermões da minha mãe. Depois de quase meia hora tentando convence-lá que não aconteceu nada demais, minto dizendo que dormi mais do que deveria, o que é uma grande mentira então não me admira ela não acreditar. Mas mesmo contrariada ela aceita minhas desculpas e se despede avisando que ligará mais tarde.

Tomo um banho para relaxar e  tento não pensar em nada das últimas horas para não enlouquecer e consigo pelo menos por um tempo. Coloco um filme para assistir e nem o nome dos protagonistas consigo lembrar. Encosto minha cabeça no sofá e deixa minha mente divagar por caminhos tortuosos.

Eu sempre me considerei uma pessoa boa, tenho meus defeitos como qualquer pessoa mas sempre tentei fazer tudo certo. Jamais passei por cima de ninguém para conseguir algo. E a anos não consigo deixar de pensar será que não fui eu que errei e me meti no meio de algum relacionamento de Kamilla com ele? Será que ela não abriu mão dele por mim? Mas eu sempre deixei claro que ela poderia me contar tudo, porque não isso? 

Porque sinto que ela tem o que deveria ser meu? Ela está morrendo e eu estou aqui desejando ter algo que é dela, o filho. Ele é tão lindo é exatamente como eu imaginei que seria meu filho. Não me parece que seu nome foi escolhido aleatoriamente percebi que Kamilla tentou de alguma forma se redimir dando ao filho o nome em minha homenagem. Mas porque parece tão errado?

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