Capítulo 31

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Os paramédicos chegam e com relutância me afasto de kamilla, os braços de Vinicius me seguram enquanto choro, parece que uma faca está atravessando meu peito nesse momento, esse dia deveria ser perfeito e tudo que consigo sentir é o medo e a insegurança da perda

-Ela está respirando Gabi, fica calma amor – Vinicius fala acariciando minhas costas

-Tem tanto sangue – falo baixinho

-Eu vou cuidar dela – Ele fala e acredito que fara de tudo para salva-la

Kamilla é levada para o hospital e Vinicius vai na ambulância com ela, sem conseguir dirigir nesse momento, André chama um táxi para minha mãe e me leva em seu carro para o hospital. O caminho todo ele fica em silencio e agradeço por isso, nesse momento só quero ficar quieta pedindo a Deus por um milagre.

Chegamos ao hospital e sou informada que kamilla foi levada para UTI, sou proibida por uma enfermeira de entrar na sala e mesmo ficando irritada com tudo isso, sento e espero por noticias

-Ela é forte, ficara bem – o advogado fala sentado ao meu lado

-Eu tenho medo, que ela não queira ficar bem – falo e ele me olha assustado

-Ela não vai desistir – replica e o olho nos olhos

-Ela só aguentou até agora para garantir que o filho ficaria bem, ela está cansada, conheço minha a amiga, e sei quando ela desiste de algo. Mas eu não vou desistir dela – ele nega com a cabeça e uma lagrima escorre por seu rosto.

Não sei quanto tempo passa, mas depois de dois cafés e cinco ligações da minha mãe o desespero começa a me dominar e me sinto sufocada esperando alguma notícia.

- Gabi – Vinicius chama me assustando

-Como ela está? – Pergunto me levantando apressada

-Eu queria ter noticias melhores, mas infelizmente não tenho. Ela está estável, mas o tumor localizado no esôfago cresceu ao ponto de causar um sangramento, infelizmente na atual situação uma cirurgia não é aconselhável, ela está medicada e sem dor no momento. – Fala e assinto mesmo não entendendo metade de tudo o que ele disse.

-Quando vou poder leva-la para casa? – pergunto e ele me olha com tristeza

-Gabi ela não voltará para casa. Eu farei de tudo para ser o menos doloroso possível, aumentei a quantidade de morfina para ser suportável, mas é hora de deixa-la ir meu amor – fala se aproximando e dou um passo para trás batendo no peito de André

-Você está desistindo dela? – pergunto tremula

-Não, eu estou deixando uma paciente em estágio terminal de câncer descansar sem dor, ela está cansada, e pedir que ela continue é desumano sabe? As dores são insuportáveis, como seu namorado eu gostaria de dizer que posso salva-la, mas como medico dela, eu tenho que fazer o que é melhor para kamilla nesse momento, e ela não aguenta mais – fala nervoso

- Você não pode fazer isso comigo, não pode deixa-la morrer. Você precisa entrar lá e fazer alguma coisa – grito com ele

-Amor escuta...

-Não escuta você, ela não pode morrer sem saber que eu a perdoei, sem saber que a amo, e que não a culpo mais pelo nosso passado, quero agradecer por ela ter feito o que fez hoje, dizer que cuidarei do filho dela, do nosso filho, quero abraça-la, ir ao parque, a praia, fazer as drogas de cookies que fazíamos na faculdade, sentar em frente a TV vendo um filme idiota com um pote de sorvete, quero rir com ela, quero que ela sinta que sou a irmã que sempre estará do seu lado, então você vai entrar lá e garantir que eu faça tudo isso. Por favor – falo sentindo meus joelhos cederem

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