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Julia

Ao tirar os sapatos e fazer um lanche, ligo imediatamente para a Julie, que deixa as filhas com o Oliver e vem ouvir pessoalmente a história.

— Eu juro, era ele mesmo. — digo, e a Julie arregala os olhos.

— Você tá falando sério, Julia? Era Dustin McReynolds em pessoa? Por que você não tirou uma foto?

Passo o dedo na borda taça de vinho, limpando um resquício da mancha do meu batom.

— Porque ele me abordou como se tivéssemos nos casado, já falei. Como eu chego em um cara que diz "meu nome é Dustin e nós nos casamos" e respondo "certo querido, posso ter uma foto sua"? Foi um pouco intimidador, na verdade.

— E se vocês o fizeram de verdade? Quero dizer, você acordou na cama de um homem, mas só saiu apressada para aquele julgamento.

— Nós fizemos. Esse é o problema. Ele estava com uma certidão, só se estiver tentando me aplicar um golpe, coisa que o Oliver vai avaliar. Ele deve estar olhando isso agora.

— E você acredita que seja um golpe?

— Espero que sim. Nunca torci tanto para que seja.

Ela me olha sem acreditar, mas muda de assunto. Ainda que a noite tenha sido uma distração para o dia esquisito que tive, aquele cara não sai da minha cabeça. Dustin McReynolds. O que me faz lembrar... eu tenho que voltar a Vegas pra pegar alguns documentos deste julgamento. Espero que nenhum outro homem apareça dizendo que se casou comigo.

Como se eu tivesse tempo pra lidar com um marido.

Dustin

No meio da manhã seguinte, ainda estou em Atlanta, e sentado no escritório do sócio da tal Julia, com ela vestida para um julgamento ao lado, ouvindo um sermão sobre irresponsabilidade moral, depois dela quase chorar ao ouvir que a certidão é verdadeira. Ele faz isso por meia hora, aí finalmente diz:

— Pode levar até dois anos para o pedido ser acatado.

Ela quase cai da cadeira.

— Eu não vou ficar dois anos com esse cara.

— Eu é que não vou ficar dois anos com você. — resmungo.

Ele nos olha como se fossemos crianças.

— O tempo médio é de alguns meses a um ano. Menos que isso é difícil, visto que é preciso ter um tempo depois do casamento para entrar com o pedido, e aí tudo será analisado. Você sabe como funciona um tribunal, Julia, e você Daniel...

— Dustin.

— Daves, deve saber que um juiz tem um monte de coisas a analisar. Nada pode fazer ser mais rápido... quero dizer, pode, mas digamos que não seria agradável para nenhuma das partes.

— Por que não seria agradável?

Ele olha para a Julia.

— Porque envolveria algum crime.

— E você está me olhando por quê? — ela reclama — Acha que eu quero virar o chaveirinho da prisão por causa de um cara qualquer? De jeito nenhum. Ele ficar longe de mim já estará muito suficiente.

Balanço a cabeça.

— Eu me caso em algumas semanas. Com a minha noiva. Uma que eu escolhi.

— Bem, amigo, ao menos que você queira cometer bigamia, não mais. Se quisesse se casar com ela, era melhor não ter ido a Vegas e, hm, vocês dois são adultos, certo? O tio Oliver não precisa explicar.

Quando em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora