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Julia

O fato de eu não ver a Brianna há tantos anos faz com que eu não entenda muito bem o que faz com que viva em pé de guerra com o chefe. Pela segunda vez na semana, ela foi parar na delegacia, e o xerife me chamou presencialmente lá, como se ela fosse uma criança que cortou o cabelo do amiguinho na escola e eu a mãe. O Dustin não ficou nada feliz por eu ter que voltar a Boston tão cedo, e não quis me deixar vir sozinha, então ele está comigo enquanto leio a mensagem da Brianna no carro de aplicativo, indo em direção à delegacia.

"Pedi demissão. Não aguento mais aquele homem."

— Glória a Deus. — digo, aliviada. Mas leio o resto.

"Se o Harvey apenas pudesse demiti-lo ao invés de ser eu quem tem que se afastar." Espera. Ela não está falando do Harvey? Ignoro as outras mensagens e respondo esta.

"Quem?"

Mais aí leio que é o empresário no resto das mensagens e bufo. Será que algum dia ela pegará uma justa causa? O Dustin me olha, esperando que eu atualize ele.

— Ela está se demitindo por causa do empresário, não do Harvey, e está na delegacia pela enésima vez. — grunho.

— E isso é ruim por quê? É demissão de qualquer forma, não?

— O chefe dela é o Harvey. Ele não vai deixar ela se demitir por isso, vai convencer ela a voltar a trabalhar para ele. A Brianna é uma profissional única, boa de verdade no que faz, e não elogio só por ser a minha irmã, é a verdade. Ele já falou que só se ela ofender a família dele ou coisa pior que demite ela, e olha que eles não se bicam.

— Não é um ambiente meio insalubre para ela? Ele não é quem decide se ela fica ou não, é ela. Já tive relações públicas, e quando eles queriam ir, iam.

— O que está me incomodando nessa situação é este empresário babaca, não o Harvey. Se ela for alegar alguma insalubridade, será por causa do empresário, não do Harvey, e aí a coisa ganha um rumo diferente. O fato dele querer manter ela não implica que está obrigando a ficar lá. — explico.

O motorista estaciona e o Dustin paga enquanto eu vou na frente. Entro, já sabendo o caminho, mas volto ao perceber que o Dustin não sabe. Ele está perdido na porta, então seguro a mão dele e puxo ele para onde sei que a Brianna está. Escuto o Harvey resmungando algo, e aperto a mão do Dustin, entrando. Para o meu completo choque, o homem está com ela, abraçando ela, enquanto ela dorme, uma cena que me faz apertar os olhos para ter certeza de que estou vendo certo. Ele ergue a cabeça e olha para mim. O clima de hostilidade entre nós dois é palpável.

— Julia Rutherford. — ele diz o meu nome com todo o peso do sotaque de Boston, e bem devagar.

— Harvey Hayward. O que você está fazendo aqui?

— Tentando trazer um pouco de calma à minha funcionária. Não é óbvio? — ele aponta ela dormindo no abraço dele. Ele ergue o queixo na direção do Dustin. — Guarda-costas?

Demoro um pouco a lembrar que ele não usa o celular para nada além de joguinhos de caça-palavras, e ligações e mensagens para a família e funcionários. Nenhuma rede social, nenhum site de fofocas, nada. Tudo é por opção própria, menos os sites de fofocas, isso é proibição da Brianna.

Quando em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora