Quando em Vegas

28

Julia

Semanas se passam. Semanas de paz e muito trabalho, mas também de chegar em casa e ficar aliviada por não estar sozinha. É difícil lembrar como era viver sem ter alguém pronto para me dar um abraço e me fazer rir quando entro pela porta. E o abraço do Dustin é tão gostoso que não dá para recusar. Às vezes o abraço leva a outra coisa, que faz com que só lembremos da janta quando ela esfriou, mas mesmo quando isso acontece nós rimos.

Eu rindo sem ter um motivo muito engraçado para isso é algo que nunca imaginei que aconteceria.

— Bom dia, cariño. — o Dustin me cumprimenta quando entro na cozinha nesta manhã, como faz em todas as outras. — Chá ou suco?

— Café, meu senhor. Nada tira o meu amor por café.

Ele até tenta, mas não troco o meu café de manhã por nada neste mundo.

— Você parece o meu papa Juan Carlos. — ele serve o café para mim e eu esfrego o sono para fora dos meus olhos. — Ele toma o mesmo café da manhã desde que era criança. Mama María gosta de zoar ele por isso.

— Huh. — é a minha única resposta, porque: café quentinho.

Tomo devagar, apreciando e só me apresso para me trocar. Escovo os dentes devagar, vendo as notícias do dia, e engasgo com a pasta de dentes ao ler uma manchete.

"Marnie Olligan: do que a senadora do estado do Mississipi é acusada?"

Clico imediatamente, meu coração na garganta, as mãos suando e leio. Ah. É sobre crimes eleitorais. É um começo, mas não o que eu queria. O Dustin entra no cômodo, beija minha bochecha e vai fazer xixi.

— Que cara é essa?

Mostro para ele, que lê.

— É um começo. Se ela for condenada aí, é um caminho para outras acusações serem vistas. Você deve entender melhor que eu sobre isso.

— Ela tem foro privilegiado, Dustin. Isso e a influência dela não me permitem abrir uma denúncia quanto ao que sei que fez. Tentei um monte de vezes.

— Cariño, se ela for condenada nisso, ela perde o foro. Sei que advocacia política não é sua área, mas me escute, minha mãe é diplomata e eu cresci vendo diversos casos assim. Eu sou formado em um curso político também, sei um pouco de como essas coisas funcionam. É um começo, e um com bastante potencial.

Olho nos olhos dele enquanto ele lava as mãos.

— Não me dê esperanças, Dustin.

Ele segura meu rosto e me dá um beijinho.

— Se eu não der, quem dará? Confie em mim. Pode não dar em nada, mas pode ser a resolução de tudo. Só que, como você já deve saber, não se resolverá tão rápido. Mas é um começo.

Abro um sorrisinho para ele, por me apoiar em algo que não entende e não pode entender por hora. Saímos para ir para a firma, e chegando lá o Dustin vai comprar o meu café da manhã, e o garoto vem na minha direção, e já aprendi que isso significa que coisa boa não é.

— A senhora viu as notícias sobre a sua mãe?

Tiro os óculos escuros.

— Mãe não, Marnie. Já não basta ela ter deixado claro nosso grau de parentesco enfiando o nome dela no meu? E vi. São apenas irregularidades eleitorais.

— Apenas, senhora?

Para um estudante da lei, acredito que ouvir isso soe mal.

— Perdão, não é apenas, mas perto das outras acusações isso é uma formiguinha no período Jurássico. Não me surpreende que tenha sido a única coisa que ela conseguiu interceptar, porém.