Capítulo II (Desastre)

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Ela levara as mãos à boca, reprimindo um soluço, a sala estava toda destruída e mal iluminada, dando um ar ainda mas assustador. Vários corpos espalhados por todo lugar, sangue manchava as paredes e chão de mármore branco, havia apenas cinco pessoas - mas ou menos - em pé, seus olhos procuraram por seu irmão. Ele estava atrás de Aydam que de alguma forma se mantia firme, mas a frente estava o representante do reino de Erd, que se apoiava em uma das pilastras, todo machucado. Seu pai estava enfrente ao trono, no mesmo lugar onde ela costumava ficar quando levava algum sermão, ele estava com as vestes rasgadas, cheios de cortes e hematomas, sua respiração estava pesada, os olhos de Victor encontraram os seus quando ele erguera a cabeça, um misto de medo e espanto brilhavam em seu olhar, e pela primeira vez ela entendera aquele olhar, era medo. Medo de perdê-la. Seus olhos desviaram para o homem esbelto, que estava sentado no trono de seu pai. Aquele é Bairon? O homem aparentava ter um pouco mas de trinta anos, pele clara, cabelos castanhos e um corpo incrivelmente musculoso, a princesa poderia tê-lo achado atraente, se não fosse pelo par de olhos que a encaravam, eles eram negros, tendo apenas a íris amarela, ele direcionou um sorriso para ela ao perceber o medo nos olhos da princesa.

        - Ora, ora. Olá senhorita. - Bairon gesticulou com a mão. - É um prazer conhece-lá... - ele se levantou do trono. - Princesa Elizabeth. - seu coração disparou ao vê-lo descer os pequenos degraus.

        - Saia... Daqui... - seus olhos voltaram-se para Victor, ele tentava manter-se em pé, apoiando-se na espada. - Tirem ela daqui.

     Ela sentira mãos segurarem seus braços, os soldados tentavam arrasta-lá para fora, enquanto ela debatia-se para solta-se. Não Ela cravara as unhas na mão de um dos soldados, somente tirando-as quando sentiu o sangue escorrer por seus dedos. Um vento violento fez-se presente quando o soldado voltou a segurar seu antebraço, os dois homens que a seguravam, agora estavam suspensos no ar, a princesa dera vários passos para trás, assustada quando eles foram arremessados para fora da sala, batendo contra a parede no fim do corredor.

        - Ora, Victor! Assim você assustará a garota. - ele abrira um sorriso. - A festa está apenas começando.

     Elizabeth ouvira as súplicas de seu pai para que ela fugisse, seus olhos marejaram. Ela estava com medo, suas pernas tremiam por baixo de sua camisola branca, mas ela não conseguia sair dali. Pela primeira vez ela sentira medo, algo dentro de si a incentivava para fugir, sair dali e não olhar para trás, mas algo a impedia de fazer tal ato de covardia, e bastava olhar a sua direita para aquele pensamento se dissipar, Christopher a encarava assustado, o pobre garoto estava com o braço cortado, os cabelos desgrenhados e as vestes cheias de sangue, ela precisa ser a irmã mas velha e protegê-lo. Ela ouvira a tempestade se intensificar, os trovões pareciam estar cada vez mas perto, os clarões dos relâmpagos atravessavam as janelas clareando todo lugar. O som de metal ecoou, quando uma espada chocou-se no chão, os olhos da princesa desviaram de Aydam que estava suspenso no ar para Bairon, que estava com a mão erguida na direção do rapaz, o coração da princesa praticamente parou quando vira o brilho desaparecer dos olhos verde esmeralda do guerreiro. Ela gritou e implorou para que  o feiticeiro parasse, ela apertou o cabo da espada que ainda se encontrava em sua mão. Dando alguns passos a frente ela voltou a implorar para que ele parasse, o feiticeiro a encarou por alguns segundos, como se considerasse o seu pedido.

        - Está bem. - Aydam debateu-se a procura de ar, quando sua respiração voltou ainda irregular, seus olhos desviaram para a princesa, que encarava o feiticeiro. - Quem sabe ele...

     Girando o dedo indicador no ar em espiral, ela avistara um pequeno tornado se formar em baixo de Christopher, o erguendo no ar. O vento forte do tornado, derrubara a todos que estavam na sala, o pequeno príncipe se debateu, mas era praticamente impossível livrar-se daquilo, o ar ao seu redor estava sumindo, impedindo-o de respirar. Ergueu-se do chão ouvindo os arquejos de sua mãe, ela se perguntava como aquilo tinha chegado tão longe e como o feiticeiro havia se libertado da prisão que os lendários soberanos o haviam colocado, o por que de ele está atacando sua família. Muitas perguntas se faziam presente em sua mente e nenhuma tinha resposta. Ou quase nem uma. O chão tremeu, fazendo-a quase perder o equilíbrio, com cuidado ela examinou o que estava acontecendo diante de seus olhos, seu irmão agora estava a poucos metros do feiticeiro, o desespero a dominou, e uma sensação estranha domou seu corpo, fazendo-a arquejar. Seu peito subia e descia em ritmo descontrolado, como se algo quisesse sair para fora de si, com a visão turva ela dera alguns passos em direção ao seu irmão, como se já pressentisse algo, ela a largou os passos. Mas fora tarde de mas, o grito de Christopher ecoou por todo salão, fazendo a princesa parar abruptamente, seus olhos agora fixos no pequeno corpo que caía no chão, largando a espada, Elizabeth correra até seu irmão, acomodando-o em seu braços. Os soluços a impediam de dizer algo concreto, fazendo-a apenas murmurar algo estranho.

Elementais: O Início. ( Em Pausa )Onde histórias criam vida. Descubra agora