Capítulo VIII - Desavenças

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O objetivo de Bairon, não era matar, e sim deixar claro a todos que havia retornado, Elizabeth sabia daquilo, mas mesmo assim não pôde deixar de temer pelos outros. Agora, a maioria dos homens que estavam no salão, estavam inconscientes, e as mulheres estavam no canto do cômodo, tentando fazer o mínimo de barulho possível, a princesa se amaldiçoou pelas suas vestes, aquele vestido longo atrapalhava todos os seus movimentos. Ela ajudou Aydam a se levantar, após ser derrubado por uma bola de ar, enquanto Oliver investira mas uma vez contra o feiticeiro, eles estavam em desvantagem, apenas dois dali tinham a capacidade de controlar os elementos Água e Fogo, mas ainda não sabiam como.

        - Essa luta não está sendo justa, não é? - ele lançou uma rajada de vento, em Oliver, que voou alguns metros para atrás da princesa. - Eu irei dar-lhe a oportunidade de salvar a todos, querida, mas apenas uma vez. - ele girou as mãos no momento em que uma onda entrara dentro do lugar. A água parou diante dela. - Lançarei todo meu poder de fogo em todos que estão aqui, e você terá que criar um escudo de água para protegê-los. - ela arregalou os olhos.

     A água se espalhou pelo chão, Elizabeth encarou todos a sua volta. Eram muitos, como conseguiria fazer aquilo? A tensão aumentou ainda mas quando ela tentou erguer a barreira que havia planejado, mas essa se dissipou facilmente, ela sabia que o feiticeiro não lhe daria muito tempo, mas ela não conseguia mesmo que tentasse. O som de passos chamou sua atenção, as mulheres haviam se movido de seu lugar, elas estavam por trás da princesa, enquanto Aydam, Oliver, Maucon e outros carregavam as pessoas inconscientes também para trás. Ela era suas únicas esperanças, e por mais que não conseguisse, ela faria o impossível torna-se possível, para que aquelas pessoas não se machucasse. Ficando de frente para eles e de costas para Bairon, ela fechou os olhos e tentou encontrar a mesma sensação que lhe dera quando tocara as águas da fonte, mas a barreira não passava de meio metro de altura, elas sempre se desmanchavam, o feiticeiro se posicionara, pronto para liberar a quantidade de chamas necessárias para matar todos ali. Então ela tentou mais uma vez. Fechando os olhos, ela se concentrou apenas em protegê-los, aos poucos, os ruídos ao seu redor cessara, deixando ela apenas com sua imaginação. E por fim, ela sentiu a magia escorrer de seus dedos, dando total liberdade para moldar a água da forma que desejasse, mas tinha um porém, ela não estaria dentro da barreira para se proteger, mas aquilo não tirou sua atenção, pelo menos não até ela sentir as chamas próximas de si. Ela apertou os olhos um pouco mais forte, esperando o ardor das queimaduras, mas não chegou, quando sentiu que tudo estava normal, - na medida do possível - ela abriu os olhos,  e se deu conta de que também estava presa em uma barreira, pois as chamas não a tocavam, o fogo que a rodiava era em círculos, que impediam as outras de avançarem. Ela olhou através da barreira e vira Mike com as mãos erguidas próximas a barreira, ele estava com os olhos fechados e a testa franzida, ela percebeu o quanto de esforço aquilo consumia de ambos, mas era necessário, a água cintilou quando Elizabeth tocara nela. Aos poucos, o fogo sumiu, e a princesa pôde desfazer o escudo, fazendo a água se espalhar pelo chão. Todos os encaravam amedrontados, surpresos e curiosos, ela sentiu suas pernas fracas, e antes que seu corpo fosse de encontro ao chão, ela sentiu mãos envolverem sua cintura, puxando-a de encontro a uma parede de músculos.

        - Está tudo bem. - ela pôde ouvir a voz de Maucon, em seus ouvidos. - Ele se foi. - afundando o rosto na curvatura de seu pescoço, ela se deixou levar pela escuridão.

     Quando ela acordou no dia seguinte, preferiu passar o restante da manhã em seu quarto, a noite anterior voltava em tempos em tempos, para consumir o resto de suas energias. Ela sabia que quando saísse dali, todos perguntariam sobre seus poderes, a volta do feiticeiro e a morte de seu irmão, e o motivo para que ela escondesse isso quando os contara - quase - toda a história. Mas, por mais que ela quisesse deixar de lado, a princesa não conseguia entender o motivo para que seus pais escondessem aquilo dela, o que teria acontecido se ela perdesse o controle novamente? Será que teria ferido alguém? Ou pior, teria matado alguém? Ela não esperava que Victor deixasse ela sair de seu reino sem avisa-lá sobre o perigo de seus poderes. “Meu poder é perigoso”, pensou. Foi quando lembrou-se que uma vez lera sobre o seu elemento na biblioteca real. Segundo aquele livro, apenas um elemento era capaz de destruir um quarto do mundo de uma vez. Quem controlasse o elemento Água, teria a capacidade de controlar todos os oceanos que existia, assim como o elemento Fogo que poderia sugar todo o calor do sol. Todo o elemento tinha a capacidade de destruí uma parte do mundo, então todos juntos era capaz de fazer um estrago terrível. Ela suspirou, enquanto estava ali, Bairon estava a solta tentando controlar o último elemento, ela não poderia perder tanto tempo quanto já havia perdido. Levantando-se da cama, ela decidiu tomar um banho e se preparar para partir antes do anoitecer. Quando saiu do quarto Aydam a esperava ao lado da porta, com o ombro encostado na parede, ele trajava as mesmas vestes que no dia em que chegaram. Seus olhos verde esmeralda, encontraram os seus, ele sabia o que havia acontecido naquela noite, mas também decidiu esconder dela, será que ninguém confiava nela o suficiente para lhe contar sobre seus próprios erros? Ela desviou o olhar e seguiu para a sala do trono. Quando as portas se abriram, ela sentiu o olhar deles sobre si, Marcos estava sentado em seu trono, seu rosto demonstrava cansaço e preocupação, talvez a visita do feiticeiro tenha mexido com tudo em relação ao que pensavam. Maucon estava do lado esquerdo do trono, enquanto Lydia estava ao lado direito, os cochichos dos nobres cessaram, a medida em que ela se aproximava.

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