capítulo 4: ele sumiu

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Ponto de vista Soluço:

Como em toda vez que algo de ruim acontecia e eu estava envolvido, Bocão me levou para ferraria e lá ficamos por algumas horas, pelo menos até meu pai não estar mais em casa ou para evitar que ele me encontre enquanto está irritado, passamos um tempo lá até que ele me levou para casa, onde minha mãe já estava me esperando na porta.

Depois que ele explicou o que aconteceu para minha mãe, que quase surtou por causa do ocorrido, Bocão foi embora, nem escutei o que ela estava falando comigo, já havia recebido esporro demais por enquanto, subi correndo para o meu quarto fechando a porta e me sentando na cama de madeira, minha mãe tentou entrar para conversarmos, mas pedi que me deixasse sozinho por um tempo, queria ficar máximo possível em silencio antes que meu pai chegasse e começasse a discutir com minha mãe sobre mim.

Isso começou a ficar muito frequente, já que não sou como o esperado, eu não era grande como Melequento, meu primo, e muito menos destrutivo como os gêmeos... minha saúde também não ajudava a agradar o humor de meu pai, e agora que vou dormir um pouco mais tarde e consigo ouvir as brigas dos meus pais e é frustrante pensar que a maioria delas são sobre mim...

Falando nisso acabei de ouvir uma batida de porta, bem forte, ou seja, meu pai havia chego em casa, fiquei em silêncio ouvindo a discussão:

Stoico: Valca, precisamos conversar, esse menino não tem jeito! Já não bastava ser um magricela inútil, agora brinca com o inimigo! Hoje na enseada, cara a cara com um dragão e ao invés de bater, chutar, correr, qualquer coisa do tipo, não ele estava sorrindo! Como se estivesse se divertindo com a situação!

 

Valca: o que você esperava que ele fizesse? Sem armas, de frente com um dragão que nem os melhores guerreiros ousam enfrentar! Achou que ele fosse enfrentar uma fúria da noite com as mãos nuas?!

Stoico: Astrid estava com ele, o machado dela estava ao alcance dele, mas ele não fez nada! Se ele fosse mais como Melequento eu estaria muito mais satisfeito! É pedir muito?!

 

Valca: se parasse de ignora-lo e começasse a observa-lo, veria que ele é muito inteligente e faz de tudo para agrada-lo!

 

Stoico: não vou dar atenção aquelas ideias ridículas! Sou uma piada entre os chefes, Stoico o imenso e Soluço o mirradinho, se isso continuar vou precisar começar a dizer que não tenho filho! Talvez devêssemos deixa-lo passar o inverno com Catarrento e Melequento no mar, ele voltaria um homem de verdade!

Narrador:

 

Aquele havia sido o Estopim para Soluço, enquanto arfava o menino abriu a janela e pulou para o lado de fora, sabia que seu pai não nutria tantos sentimentos por ele, mas jamais imaginou que fosse tamanho desgosto que sentia por si, cogitar deixa-lo com um homem tão cruel como Catarrento seria sua morte, ele o afogaria no mar congelado antes mesmo que pudessem ver a primeira nevada.

Caindo no chão do lado de fora Soluço correu em direção a floresta, precisava se afastar daquela casa, precisava pensar em um plano, acalmar seu coração e lamber as feridas sozinho, o garoto correu pela floresta até que seus pulmões doessem, seu peito ardia em um pedido surdo de que ele parasse, mas por fim, acabou por tropeçar em uma raiz, rolando um barranco abaixo.

Enquanto isso na casa de Soluço, Stoico e Valca entraram em seu quarto, mas nada encontraram, o menino havia sumido, Valca correu até a janela na esperança de achar seu filho do lado de fora, mas tudo que viu foi o inicio de um incêndio, os dragões haviam voltado e estavam incendiando a vila, em pânico a mulher gritou ao seu marido

Valca: Stoico precisamos achar meu filho! 

Stoico: precisamos achar o NOSSO filho, Valca me perdoe por tudo, prometo que não farei mais isso!

Valca: não é a mim que deve desculpas, e eu estou cansada de suas promessas, sempre se gabou se ser um homem de ação, prove, ache o meu menino!

o príncipe perdido Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora