capítulo 17:

3.7K 347 97
                                    

Soluço narrando.

A vida no refúgio era realmente muito diferente do que eu poderia imaginar, estou a alguns meses aqui e não poderia estar mais feliz, Banguela e eu fazemos de tudo juntos e pouco a pouco pude ir me encontrando, eu não tinha uma função especifica, não por não poder, mas por diversão, eu poderia ajudar na creche, com a patrulha, na pescaria, era uma aventura nova sempre e me deixava contente.

A falta que eu sentia da minha mãe continuava a mesma em meu peito, a três meses atrás ela era minha melhor amiga e confidente, e agora estávamos a quilômetros de distância e ela deve achar que estou morto, tudo que eu espero é que ela esteja menos preocupada e que não tenha sofrido tanto por mim.

Não foi nem preciso dizer que meu pai não desgrudou os olhos de mim agora que estávamos por aqui, foram dias dentro do refúgio debaixo de sua vista, mas em parte aquilo foi bom, meus pontos puderam ser retirados com isso, e pudemos nos conhecer de verdade.

"Então você era ajudante de ferreiro? ".

Meu pai me perguntou enquanto eu estava pendurado em seu chifre.

"O termo seria aprendiz, mas é por aí".

Disse eu, ele pareceu fazer uma cara pensativa.

"E o que seria um ferreiro? ".

"É a pessoa que faz as armas da vila, pode também fazer celas e ferraduras para cavalos, bom tudo que for de algum tipo de minério".

Respondi alongando minhas asas.

"Hm era divertido? ".

Perguntou com interesse, era divertido conversar com o rei, ele parecia realmente querer saber sobre o que eu estava falando e tentava ao máximo prolongar a conversa.

Passamos muito tempo assim desde o dia do incidente, era um pouco assustador pensar que Dagur estaria preso na ilha a alguns bateres de asas daqui, mas ainda assim era impossível não me sentir seguro no refúgio.

Após nossa conversa matinal Banguela me convidou para voarmos por aí, não pensei duas vezes, me despedindo de meu pai eu parti ao seu encontro, voávamos por entre outros dragões, subimos até o topo da enorme caverna de gelo e alcançamos o céu aberto, o ar frio fazia cocegas embaixo das minhas asas o que me fez fechar os olhos em contentamento.

Voar seria para sempre minha atividade favorita, era inimaginável a sensação de liberdade que ela proporcionava.

Passamos em uma nuvem grande brincando de pega-pega quando por fim voávamos lado a lado sem um rumo especifico.

"Quero te apresentar uma amiga".

Disse Banguela enquanto tocava com a ponta da asa a minha.

"Tudo bem, quem seria? ".

Pergunto curioso, eu havia conhecido diversos dragões até agora, mas nenhum que Banguela tivesse me apresentado como de fato uma amiga.

"Vem comigo".

Disse ele risonho enquanto cortava minha frente e mergulhava novamente em direção a um ponto abaixo de nós, não me contive indo logo atrás, acelerando para alcança-lo.

Voamos até a ilha de terra onde sobrevoamos a vila e fomos em direção as montanhas, Banguela me guiava entre as correntes de ar até chegar em uma caverna no pé da montanha, parecia um lugar agradável.

Havia musgo fofo no chão assim como um pouco de feno, no topo da caverna havia um dragão enorme pendurado, parecia que tirava uma soneca.

"Pula nuvem, desça, quero te apresentar alguém".

Banguela disse animado para logo depois, quem eu julgo ser pula nuvem, abrir quatro longas asas cor de avelã, se espreguiçando, para logo depois descer e ficar a nossa frente.

"Já estava na hora né meu filho?! Já faz o que? Uma semana que ele está aqui e nada de você me traze-lo para eu conhecer! ".

Reclamava ela enquanto encarava Banguela.

"Se estivesse tão curiosa assim era só ter ido você mesma vê-lo".

"Bobagem, é dever do filho trazer o mate para a mãe conhecer! Agora, olá fofinho, como se chama? ".

Disse ela agora olhando para mim enquanto me rodeava e farejava.

"Sou Soluço, é um prazer conhece-la".

Narrador observador:

Após a "morte" do herdeiro de Berk a vila teve uma semana de Luto em honra a mãe da criança que o procurava sozinha na floresta, após duas semanas a semana de luto a pergunta que todos tinham em suas mentes começou a pesar, quem seria o futuro líder se o antigo herdeiro se foi?

Muitos especulavam sobre Melequento ser o próximo líder sendo o primo mais próximo e a ausência de irmãos tanto do líder quanto do antigo herdeiro, Stoico acalmará o povo dizendo que se fosse da vontade de Thor logo eles teriam outro herdeiro, pois fertilidade não era um problema.

A realidade era que o casal era o problema.

Valca se recusava a ter outro bebê, estando tão desgostosa com o marido e com a constante preocupação com seu filho, ela nem imaginaria ter outro bebê, diferente de seu marido que parecia disposto até demais começando a desmontar o quarto de seu amado pequenino perdido.

Ela sentia em seu coração que ele não estava morto, não importava o quanto as pessoas lhe dissessem isso, se não houvesse um corpo ela não deixaria de acreditar!

Foi quando o pior aconteceu, junto ao homem que realmente havia amado seu menino como se fosse dele ela juntou suas coisas e no meio da noite roubou um navio e sumiu no mar.

Seu destino? Sua terra natal, se havia alguém que pudesse lhe ajudar a achar seu filho seriam os dragões de sua terra, ou pelo menos o rei deles lhe diria com certeza se ele estava morto.

De barco demoraria cerca de três a quatro meses para chegar sem o apoio externo de algo, ainda mais precisando parar para abastecer o barco de suprimentos, mas eles chegariam, ela tinha certeza.

Na manhã seguinte quando Valca e Bocão não foram encontrados na ilha Stoico mandou seus navios em busca deles, mas não foi o suficiente, ou o navio voltava sem respostas ou nem voltava, mandando mensagens a ilhas próximas e as que ele possuía aliança pediu ajuda para encontrar seus fugitivos, a vila que os respondeu com mais rapidez assustou o povo, os incontroláveis adorariam ajudar.

Algo assustador de se pensar, a tribo incontrolável era de fato conhecida por sua loucura e força, mas não eram de todo ruins, seu antigo líder era um homem bom, valente e sem sombra de dúvida forte! Ele foi de fato muito importante para muitas vilas que precisaram de uma ajuda louca, mas com seu desaparecimento a anos atrás a tribo caiu nas mãos do irmão do líder, um homem que poderia ser descrito em uma só palavra vil.

Ele não teve receio ao assumir o lugar do irmão, ele mudou muito da tribo e sem dúvidas fez seu nome ser lembrado, antes ao chamar a ajuda da tribo incontrolável significava que era necessária ajuda e o perigo era iminente, agora ao chamar por eles não apenas sua vila estaria com o problema atual como também precisava proteger sua vila contra eles.

Após os incontroláveis não darem mais resposta Stoico perdeu a pouca paciência que tinha e sem muito apoio colocou catarrento no comando enquanto partia em um barco atrás de onde havia tido as ultimas noticias de sua esposa e amigo.

Enquanto Stoico ia atrás deles Valca e Bocão conseguiam ajuda para chegar a vila de Valca cada vez mais rápido.

o príncipe perdido Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora