capitulo 5: a mudança

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Ponto de vista Soluço:

 

Todo o meu corpo estava doendo, minha respiração estava se tornando rasa conforme ondas de ardência tomavam meu corpo tornando minha visão turva, parecia que minha pele queria pular para fora do meu corpo e a queda só fez com que tudo ficasse mais doloroso do que já estava.

 

Os minutos vagavam, mas eu nem estava prestando atenção, tudo que eu sentia era dor no corpo e as sombras ao meu redor que pareciam cada vez mais escuras, tentei falar para pedir ajuda, mas tudo que saíram foram gemidos, não me importei em tentar novamente, ninguém ouviria... ninguém se quer se importaria... talvez fosse melhor desse jeito...

 

Ponto de vista Astrid:

 

Estava treinando arremesso em árvores com meu machado favorito, treinos noturnos eram os que eu mais apreciava, já que a visibilidade era quase zero e eu teria que me virar para acertar o alvo, mas me assustei ao ouvir um trovão e logo depois um barulho alto vindo um pouco mais adiante.

 

Talvez fosse um dragão, o pensamento me fez sorrir, eu poderia mata-lo e trazer para minha família, com certeza isso me renderia ótimos pontos como guerreira e eu poderia sair da fase de apagar incêndios! Correndo em silencio segui o som, mas conforme eu me aproximava, menos o som se parecia com um dragão e mais com uma pessoa.

 

Quando pude ver o que estava embaixo do barranco tive a imagem de Soluço se contorcendo lá embaixo, realmente esse garoto só traz problemas, quis descer até lá para ajuda-lo, mas me contive quando um rugido familiar se fez presente.

 

Me escondendo em meio as folhagens eu segurei com força o cabo do meu machado, aquele monstro negro estava bem ali, ele pousou no chão e se aproximou do garoto caído o farejando enquanto. Soluço arfava.

 

Não podia deixar essa chance de matar uma fúria da noite passar, com meu machado firme em minhas mãos eu deslizei barranco abaixo sem fazer barulho, o monstro nem pareceu reconhecer minha presença, me deslocando para o talvez ponto cego, prendi a respiração e lancei meu machado na criatura.

 

Para minha surpresa aquela fera desviou de meu ataque, seus olhos verdes, brilhantes em meio a escuridão se focaram em mim, ele rosnou para mim, ouvi o som como um aviso, ele me quer longe.

 

Mas sua atenção não durou, seus olhos se voltaram para o patético garoto deitado no chão, ele parecia com dor, talvez o monstro quisesse acabar com seu sofrimento, mas eu não deixaria, eu seria uma heroína, a melhor da aldeia.

 

Para chamar sua atenção, gritei para o monstro!

 

Astrid: vamos lá demônio, tenho certeza que serei uma oponente melhor, venha e enfrente a morte!

 

Seu olhar para mim foi tedioso, ele não parecia prestar a menor atenção em meus movimentos, nem sequer me atacava, eu estava ficando enfurecida, seu olhar se voltou ao Soluço, o farejando, ele não vê que a ameaça aqui sou eu?!

 

Ponto de vista Banguela:

 

Talvez eu já esteja ficando irritado, por que esses bolos de carne sempre querem brigar? Eu nem fiz nada, não seria melhor apenas ir embora? Não, é muito melhor ficar e iniciar um combate!

 

Meu príncipe, meu parceiro, estava aqui machucado, passando por uma transformação dolorosa, e tudo que ela quer é brigar, realmente é melhor que estejamos longe desse tipo de ser, não é nem agradável de comer.

 

Voltei minha atenção para meu príncipe, me aproximei com cautela, seu cheiro indicava tristeza e medo, não queria assusta-lo mais, ao seu lado encostei meu focinho em sua bochecha rosada, ele estava quente, e pelo estado em que estava, inconsciente.

Não seria seguro mantê-lo ali, era vulnerável demais e pelas nuvens, logo viria a chuva e com seu corpo naquele estado... leva-lo para o santuário também não era uma opção, era longe e sem dúvida cairíamos se ele se transformasse enquanto voamos, mas, por outro lado, a caverna no local anterior em que nos encontramos era perto, e uma opção mais viável.

A humana continuava a gritar comigo, provavelmente esperando alguma reação minha, uma pena, com cuidado prendi minhas garras em sua roupa, tendo certeza de que não iria derruba-lo enquanto voava, de canto de olho notei o bolo de carne correr em direção ao seu machado, minha oportunidade de levantar voo.

Com impulso de minhas pernas traseiras abri minhas asas e alcancei o céu, eu apenas não contava com o bolo de carne loiro pendurado em minha pata traseira esquerda, seu machado havia caído assim que ela pulou em mim, humanos... por que sempre tão chatos?

Tentei me balançar para que ela me soltasse, arrisquei até uma pirueta, mas tudo que consegui foi que ela escorregasse até a minha calda, e gemidos de dor do príncipe, achei melhor parar, a transformação já era dolorosa por si só, o melhor seria focar em chegar logo aquela caverna, eu terei que leva-la comigo, eu mereço isso certamente.

O voo foi rápido e em instantes já estava na enseada, pousando gentilmente, carreguei o príncipe até um canto seco onde o deixei sentado, seu corpo estava tremendo pelo ar frio e a febre, com um movimento brusco e rápido com a calda atirei a humana para o outro lado da floresta, finalmente me permitindo andar sem ter de arrasta-la.

Com a boca juntei alguns galhos secos que estavam espalhados pela caverna e os juntei, com uma chama fraca ascendi a fogueira próxima ao príncipe, mas longe o bastante caso ele rolasse por acidente, me deitei próximo ao fogo, de olho no pequeno que continuava inconsciente e na inquilina que estava sentada encostada em uma parede segurando uma rocha. 

o príncipe perdido Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora