capítulo 18: Incontrolável

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Após sua prisão Dagur foi isolado de seus companheiros que por sua vez foram presos dentro das cavernas infinitas, lar de dragões muito peculiares que jamais os deixariam partir.

Não foi necessário muito para que deixassem o líder deles impaciente e por sua vez irritado, nenhum guarda conseguia chegar perto o suficiente para um interrogatório, era um rapaz arisco e conseguia transformar qualquer objeto em seu alcance em uma arma o que realmente não tornava animador o momento do interrogatório, sem contar o fato do homem ser extremamente natural quanto a ameaças, quase como se não se preocupasse por sua vida.

Ele aparentava ser duro na queda, então esperaram pela chegada de sua melhor guerreira que havia partido em sua dragão para o mar do oeste para atender ao chamado de ajuda de uma de suas ilhas aliadas.

Heather não esperava uma comitiva de guerreiros a sua espera quando pousou em sua ilha, ela esperava alguns de seus amigos ou tia, mas não esperava por eles.

"Posso saber o porquê das boas vindas? ".

Perguntou ela enquanto pousava com sua dragão e descia dela em seguida.

"Tivemos alguns problemas enquanto esteve fora, precisamos que nos acompanhe".

Um dos guerreiros falou acenando para ela com a mão em um gesto para segui-lo, durante o caminho para o calabouço o guarda contava a ela o que aconteceu enquanto ela concluía sua missão e o porquê de sua presença ser necessária, Heather sabia sobre sua ancestralidade, sobre seus verdadeiros pais e sobre o irmão maluco que tinha, ela não fazia ideia de como havia parado com aquele povo, mas com a morte de seus pais e a fama de sua vila, ela não teve interesse em investigar ou voltar para lá.

Ela amava sua família naquela pequena ilha, amava seu posto na guarda e sem dúvidas não precisava daquela tribo ridícula em suas costas, e saber que seu "irmão" havia atacado seu lar fervia seu sangue, ele pagaria por isso.

Assim que desceram ao calabouço que ficava embaixo da arena onde treinavam dragões novos ela pode ouvir outros prisioneiros se afastarem das grades perante sua presença, ela não negaria que pegava pesado com eles, sua vila era pequena em quantidade de habitantes e isso parecia chamar atenção de muita gente ruim, saqueadores, assassinos, sequestradores, coisas do tipo, afinal quem protegeria um povo tão pequeno? Ela, ela protegeria.

Andando de forma confiante até a última cela Heather teve a primeira visão de seu irmão, ela nunca havia o visto, realmente não era uma visão acolhedora, seu rosto possuía um semblante sério, com uma barba rala da cor do fogo, mandíbula forte, e por mais calmo que parecesse sentado no chão sujo seus olhos transmitiam outra coisa, aqueles olhos verdes revoltosos presos a ela de certa forma tremulou seu corpo, mas ela não recuaria.

Seu irmão.

Ele poderia ser uma visão tensa ao encarar as cicatrizes em seu rosto, mas ela ainda era uma guerreira e se fosse preciso ela quebraria cada osso daquele corpo familiar.

"Então você é o homem que pensou em atacar nossa vila, pensei que não tinham interesse em pequenos povoados senhor ensandecido".

Sua fala era firme possuía uma distância de um passo das grades, os guerreiros haviam ficado na entrada para as celas, ela os havia pedido por privacidade.

"Eu não pensei que poderia, eu fiz, e não temos interesse em gente sem importância".

Respondeu tedioso, ele realmente não queria conversar.

"Tão sem importância, mas mesmo assim perderam não é mesmo".

"É fácil vencer uma luta com lagartos de fogo ao seu lado, sem eles seu povinho estaria no chão".

"Ótima observação, mas me diga se não tinham interesse por que vieram para cá? ".

Ignorando seu comentário Heather se aproximou mais das grades o que chamou a atenção do prisioneiro que lentamente se levantou preguiçosamente do chão escondendo as duas mãos nas costas.

"Por que eu responderia a você? Você não aparenta querer um acordo, não tem nada para me forçar a falar e sem dúvidas não planeja me manter aqui para a sanidade de seus preciosos soldadinhos".

A cada frase que dizia o homem se aproximava mais das grades até que estavam a centímetros de distância, ele sabia como intimidar alguém.

Dando um passo para trás a morena tirou uma pequena adaga de dentro da sua bota e com a outra mão mostrou a chave da cela.

"Me disseram que você era bem resistente".

"Quer testar a teoria? ".

Enquanto a morena lidava com o irmão problemático dois fugitivos encontravam certa dificuldade em alto mar, estavam viajando a tempos e seus recursos agora eram imitados.

Valka olhava o horizonte cansada, tanto tempo em mar aberto e ainda nenhum sinal de sua ilha... eles já deveriam estar perto, suspirando em derrota a mulher guardou seu telescópio se dirigindo até o amigo de longa data.

Bocão havia feito uma loucura ao fugir com ela, Stoico não seria misericordioso, eles eram amigos a anos desde crianças, mas ela estava muito feliz por não estar sozinha.

"Então? Como estamos? "

Ela pode ouvi-lo perguntar quando se aproximou o suficiente.

"Nada bem, já deveríamos ter chegado, e nossos recursos estão começando a acabar, teremos que racionar a agua"

"Tudo bem, meus joelhos estavam rangendo hoje de manhã, isso quer dizer que vamos ter chuva pela tarde"

"Tenho quase certeza de que isso quer dizer que você só está ficando velho"

Rindo de seu olhar arregalado a mulher suspirou voltando a olhar para o mar.

"Bobagem, estou na flor da idade! Em breve chagaremos e por fim deixaremos esse mar sem fim"

"Espero que sim... Fizemos uma loucura"

"O que fizemos não foi loucura, estamos em uma busca e ponto final"

Sorrindo de seu bom humor Valka retirou novamente seu telescópio da calça e o passou a ele enquanto trocavam de lugar e agarrava o timão

"Fico feliz que confie em mim pra isso"

"Eu? Confiar em você? Não, sua visão é realmente muito esquisita, dragões, amizade e flores, o mundo não é uma suculenta coxa de Iaque, o mundo é perigoso e muitas vezes matar ou morrer é a razão pela qual ainda estamos aqui"

"Então por que está aqui? "

"Você acabou de ouvir, estamos em uma missão, aquele garoto é minha razão para estar aqui, se você tem o mesmo sentimento que eu de que ele ainda está vivo então não custa nada arriscar"

Mantendo o curso da pequena embarcação Bocão andou pelo convés, amarrou novamente algumas cordas e verificou os suprimentos novamente, realmente estavam fazendo algo perigoso, mesmo que não achassem seu garoto eles não poderiam mais voltar para casa.

Berk não o aceitaria de volta a menos que houvesse um pedido de desculpas formal assim como uma série de outros rituais que ele não estava disposto a fazer.

Sentando-se no convés o grande homem soltou um suspiro cansado, não aguentava mais ficar naquele navio, apalpando a própria camisa o homem retirou de dentro dela um pequeno desenho, o havia ganhado da última vez que passara o dia com Soluço, ele era realmente muito bom em desenhar, observando o papel meio amassado com o desenho dele mesmo e do garoto magrelo, que falta aquele magricela fazia.

o príncipe perdido Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora