capitulo 7: o que eu sou?

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Ponto de vista Soluço:

Meu corpo estava exausto, eu estava dolorido até os ossos, eu senti tudo que aconteceu, senti membros crescerem onde não havia nada, senti tanto calor que parecia que eu estava em chamas, foram as horas mais dolorosas da minha vida, nunca havia sentido tamanha dor, e olha que eu já havia sido jogado de uma cachoeira.

A última coisa que eu me lembro era de meu corpo esfriando rápido e meu corpo e mente terem um descanso merecido, agora acordar era o problema, meu ser estava pesado demais e o cansaço me implorava para permanecer dormindo, mas não seria possível, eu estava assustado demais para isso.

Forcei meus olhos a se abrirem e tive a visão do interior de uma caverna, estava sendo iluminada apenas pela luz do dia do lado de fora, tentei me levantar em vão já que aparentemente meu corpo se recusava a trabalhar, mas tudo era estranho, eu me sentia estranho, olhei para cima quando senti uma gota de agua cair em minha cabeça e escorrer pelo meu focinho?

Meus olhos se arregalaram e em um salto eu estava de pé, ou pelo menos de quatro, meu corpo não era meu, no lugar de meus braços magros estavam patas firmes, garras afiadas... olhei para traz observando meu corpo novo, era enorme, minhas asas arrastavam no chão, eu não tinha força para ergue-las, eram pesadas e eu nunca precisei fazer força nas costas!

Tentando me equilibrar nas quatro patas tentei andar, falhando novamente quando tombei para o lado e cai no chão, meu comum resmungo de frustração saiu mais como um choramingo de mim, o que se eu pudesse me deixaria corado, quando consegui me deitar notei que era observado.

Aquele mesmo dragão de ontem, ele me observava atento, sustentamos o olhar por alguns minutos, eu ainda não sabia quem ele era, mas, aparentemente, ele pensava que sabia quem eu era, se levantando ele quebrou o contato visual e se aproximou lentamente de mim.

Ponto de vista Banguela:

Seu corpo era lindo, suas escamas, asas, tudo, seus olhos poderiam se comparar aos meus se agora não fosse um verde azulado, ele aparentava estar calmo, mas seu cheiro não mentia para mim, era normal estar assustado, era uma experiência nova e com certeza incomum.

Me aproximei tentando não parecer uma ameaça, ele pode ser da minha espécie agora em mente, mas seu corpo saberia o que fazer se ele me considerasse uma ameaça, quando já estava próximo tentei conversar para deixa-lo mais à vontade.

Banguela: você está melhor? Foi uma noite difícil para você.

Ele não me pareceu surpreso em conseguir me entender, e aquele olhar sem dúvida era de alguém desconfiado.

Soluço: olha, eu realmente gostaria de saber quem é você, o que em nome de Thor esta acontecendo e onde eu estou, por favor.

Pelo menos ele não está em pânico, pensei.

Banguela: meu nome é Banguela, e eu, com toda certeza, não sou a melhor pessoa para te explicar, mas tudo bem, você acabou de passar por uma transformação, sua casca humana se rompeu e agora você está em sua verdadeira forma, a qual você sempre deveria estar desde o início.

Soluço: impressionante como até você tem um nome melhor que o meu, mas isso que você disse não faz sentido! Meus pais são humanos, e pela semelhança que eu tenho com a minha mãe eu duvido muito que eu seria adotado.

Era impressionante o quanto ele não sabia sobre sua própria história, todos os dragões sabiam, mas talvez por viver a vida toda com bolos de carne ele nunca pode escutar nosso canto.

Banguela: é realmente estranho que você não saiba sobre sua própria história.

Ele me olhou em confusão enquanto eu me sentava, o que ele acabou por fazer também.

Soluço: que história?

Banguela: realmente seria melhor que o rei lhe contasse, ele teria, eu acho, mais tato e detalhes para você.

Soluço: por favor, me conte, eu realmente estou confuso aqui.

Nega-lo seria um problema eterno, principalmente com aqueles olhinhos de terror terrível abandonado, suspirei em descontentamento e dei início a história:

Banguela: a alguns anos atrás, antes do seu e meu nascimento, na vila próxima ao nosso santuário havia uma mulher, ela era extremamente bondosa e ajudava a nossa espécie, o rei apreciava sua alma e a deixava passear por nosso lar, em alguns anos seu parceiro foi morto em um naufrágio a deixando só e esperando um herdeiro, estava no início e era imperceptível a visão humana, estávamos felizes por ela realizar o sonho que tanto almejava, mesmo sem seu amado companheiro.


 

Soluço: foi fofo e bem legal, mas eu ainda não entendi onde corpo de dragão entra na história.

Banguela: calma que eu chego lá, ela teve um problema sério no primeiro mês, estava doente e o risco de perder a última parte de quem amou a estava deixando desolada, ela buscou ajuda de todo lugar, mas nunca encontrava uma solução, e quanto mais demorava, mais ela piorava, ela veio a nós e implorou por uma cura, nosso rei, vendo a bondade em sua alma, decidiu ajudar, dando seu próprio sangue a mulher ele curou não apenas sua doença, mas todo os problemas que afetavam seu bebê, foi pensado que ela poderia acabar mudando, mas todo o sangue azul foi para o herdeiro da moça, moça essa que foi levada do santuário uma semana depois, desaparecendo junto ao bebê que por carregar o sangue do rei, se tornaria para sempre nosso príncipe.

Ao final da história seu olhar era vago, seus olhos virados ao chão, mas não de fato o observando, encostando minha cabeça na sua, o dando apoio, nossa raça fazia isso até mesmo com dragões estranhos, eu ficaria com ele, até que se sentisse melhor.

o príncipe perdido Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora